Por Davi Pascale
O grupo Restart deu a prova do
quão perigoso é falar sobre algo que não se conhece. Cheguei a comentar nas
resenhas que fiz sobre os novos álbuns de Pitty (aqui mesmo nesse blog) e Titãs
(no site Consultoria do Rock) sobre a ânsia de falar sem ter algo a dizer e
sobre opiniões formadas em cima de achismo e meias-verdades. De gente que
comenta sem pesquisar. E do quanto isso estava cada vez mais comum nas
discussões de internet. Pois bem, o cantor Pe Lanza fez questão de demonstrar
que em uma matéria de TV isso também é possível.
Não vou entrar na questão da
qualidade musical dos artistas envolvidos já que, para mim, é nítido que
estamos falando de 3 artistas de níveis diferentes. A minha idéia é apenas
demonstrar o quão errado está o garoto, já que vi vários roqueiros dizendo que
nisso o rapaz está certo. Na verdade, essas pessoas não gostam dos artistas de
quem ele se defendeu e estão encarando isso como uma glória. Mas na realidade,
ele perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado.
As pérolas (sim, foram duas no
mesmo dia) ocorreram em uma matéria gravada para o CQC, exibida no inicio de
Julho. Em determinado momento da reportagem, o apresentador propôs que eles se
defendessem de algumas personalidades que vinham criticando o trabalho deles. E
pediu para que criticassem sem dó. A idéia era boa. Embora não goste do
trabalho do Restart nem de longe, acho que eles têm direito de se defenderem. E
é nessas horas que alguns artistas chamam a nossa atenção demonstrando uma inteligência
que nunca havíamos reparado. O que certamente não foi o caso.
Pe Lanza soltou perola ao tentar criticar Lobão |
A primeira foi em relação ao
cantor Tico Santa Cruz (Detonautas Roque Clube). O cantor havia chamado o grupo
de oportunista por ter sido noticiado que os garotos cobravam para tirarem
fotos e darem autógrafos à seus fãs. A resposta de Pe Lanza foi “Vai tomar no
cú. Faz 10 anos que você não lança uma música nova”. E chegamos ao erro. O
grupo de Tico Santa Cruz colocou um álbum duplo no mercado recentemente (já
resenhado aqui nesse blog) e parte desse material já vinha sendo trabalhado há
3 anos. Algumas músicas que entraram nesse álbum já haviam sido apresentadas no
show do Rock In Rio 2011 e lançadas em um EP no mesmo ano. Ou seja, eles têm
lançado novo material, sim.
A segunda – e mais preocupante –
pérola foi o ‘ataque’ ao músico Lobão. O cantor/compositor havia chamado o
Restart de aberração da natureza em uma entrevista. Se liguem na defesa. “Fez
uma música de sucesso na sua vida e foi cantada pelo Cazuza, seu merda”.
Aaaaaaaaaaaaaaai, meeeu ouviiiiiido. De boa, esse rapaz precisa ler um
pouquinho sobre rock nacional. É verdade que Lobão não emplaca uma musica há
algum tempo (olha aí um argumento que poderia ter utilizado para se defender).
Agora... Um único sucesso? E somente na voz do Cazuza?
Aos desinformados, Lobão fez
muuuuito sucesso na década de 80. Canções como “Vida Bandida”, “Revanche”, “Essa
Noite, Não”, só para ficar em algumas, tocaram muuuito nas rádios da época.
Isso para não citar canções que foram sucesso mais de uma vez. Na voz dele e na
voz do artista que a regravou. Exemplos? “Me Chama” (sucesso na voz do Lobão e de
Marina Lima), “Decadence Avec Elegance” (sucesso na voz dele e de Deborah
Blando) ou ainda “Vida Louca Vida” (sucesso primeiro na voz dele e depois na
voz de Cazuza). Como diria Professor Girafales: "Que vergonha, meu Deus do céu, que vergonha!"