Por Davi Pascale
Ontem, perdemos mais um dos
grandes nomes da música. Prince Rogers Nelson foi encontrado morto em sua casa
aos 57 anos. A causa da morte ainda não foi divulgada. De todo modo, o que
importa nessa hora é nos lembrarmos da obra que o artista nos deixou. E Prince
deixou uma obra espetacular. Resolvi comentar um de meus discos favoritos, como
uma forma de homenageá-lo.
Em 1995, Prince lançava um
excelente álbum rodeado de polêmicas. O álbum trazia, pela primeira vez, uma arte sem seu nome estampado. Apenas com o símbolo que havia adotado como nome artístico. Queria emplacar de todo modo a idéia de 'the artist formerly know as Prince'. Sem contar que um ano antes, havia comprado briga com
sua gravadora (Warner) porque haviam se negado a lançar dois discos dele no
mesmo ano. O rapaz começou a fazer protestos público alegando ser um escravo da
gravadora. Ainda que não tenha atingido um número de vendas expressivo (levando
em consideração as vendas da época e seu histórico), o disco foi muito bem
recebido pela crítica.
Muitos críticos diziam ser seu
melhor trabalho desde Sign O´ The Times.
Eu, particularmente, gosto bastante de Graffitti
Bridge e Diamonds And Pearls,
mas realmente o nível atingido era impressionante.
Produzido pelo próprio cantor, The Gold Experience é um trabalho bem
eclético, onde deixa nítido todas as suas influências. O lado rap aparece em “Pussy
Control” e “Now”. O lado soul surge em “Shhh”, “The Most Beautiful Girl In The
World” e “I Hate U”. Sua aproximação com o funk se dá em “Shy” (faixa que
poderia ter sido gravada pelo Lenny Kravitz, fácil, fácil) e “Billy Jack Bitch”.
Há ainda espaço para o pop de “Dolphin”, a balada “Gold” e o rock de “Endorphinmachine”.
Musico escreveu e produziu o álbum sozinho |
O disco conta com várias
vinhetas. Sempre contando com declarações e efeitos. Algo que chama a atenção é
a qualidade das composições. O músico conseguia transitar por todas essas
vertentes sem deixar a qualidade do disco cair. Além, é claro, de seu trabalho enquanto
músico.
Muitos se recordam do cantor pelas
excentricidades (exigências nonsense, manias totalmente malucas...), pelos seus
clipes e seu visual quase sempre exagerado nos palcos. Sem dúvidas, foi um
artista que ditou moda, que ajudou a moldar o visual da época; assim como
Michael Jackson, David Bowie e Madonna. Mas também é necessário nos lembrarmos
de sua qualidade enquanto músico. Muitos comentam da sua banda de apoio, a (ótima)
New Power Generation, mas quase nunca comentam de seu trabalho de instrumentista.
Prince era muito mais do que um
entertainer. Dono de uma bela voz, o rapaz escrevia os arranjos, as letras, era
multi-instrumentista, tocava guitarra como poucos. The Gold
Experience prova, mais uma vez, a habilidade do músico. O trabalho vocal em
“Endorphinmachine” é de deixar qualquer cantor de heavy metal enciumado com os berros que solta. O rapaz também rouba a cena com um belíssimo solo de guitarra em “Gold”.
Disco extremamente bem feito e empolgante. Dizem que a canção "The Most Beautiful Girl In The World" foi escrita para uma modelo brasileira que o artista havia conhecido durante sua passagem no Rio de Janeiro. Será?
Prince era um artista completo,
único. Lamento não ter tido a chance de assistir um concerto do rapaz. Cheguei
a acompanhar a transmissão, da Rede Globo, de sua apresentação no Rock In Rio II (1991), mas nunca tive a
oportunidade de conferi-lo de perto. Realmente, uma pena. Infelizmente, o
músico se foi cedo demais, mas deixou um extenso material de primeira
qualidade. Para quem não tem muita afinidade com seu trabalho, esse disco pode ser uma boa parte de entrada. Dê uma chance...
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Variado
Faixas:
01) Pussy
Control
02) NPG
Operator
03) Endorphinmachine
04) Shhh
05) We
March
06) NPG
Operator
07) The
Most Beautiful Girl In The World
08) Dolphin
09) NPG
Operator
10) Now
11) NPG
Operator
12) 319
13) NPG
Operator
14) Shy
15) Billy
Jack Bitch
16) I
Hate U
17) NPG
Operator
18) Gold