Por Davi Pascale
Em Novembro de 2011 foi lançado
um EP dos Detonautas. O CD foi realizado de forma independente e teve suas
vendas restritas ao site da banda. Com isso, aquelas pessoas que não eram fãs
de carteirinha não ficaram nem sabendo do tal lançamento. Esse foi o ultimo registro
com o baixista Tchello.
O material é formado por 5
canções que haviam sido disponibilizadas anteriormente para download em sua
página oficial. Nessa época, os caras fizeram uma versão ousada (e, para dizer
a verdade, interessante) de “Back In Black” do AC/DC. Não demorou muito e os
ataques começaram. Principalmente, pela internet. Entretanto, aqueles que
querem ter um registro dessa faixa, terão que esperar mais um pouquinho. Ela
não faz parte do compact disc. Talvez os músicos não tenham conseguido
autorização para lançá-la ou, até mesmo, não tenham conseguido bancar o valor
de direito autoral. Afinal, essa é uma música clássica de um grupo clássico. Seu custo não deve ser baixo. E
em trabalhos independentes, é o artista quem banca tudo...
Já faz um tempo que os rapazes
andam passando por uma situação difícil. Com cada vez menos espaço na mídia e recebendo ataques de tudo quanto é lado, não é fácil continuar tocando o barco
adiante. Palmas para os caras! Quando perderam o guitarrista
Rodrigo Netto (assassinado covardemente em uma tentativa de assalto), as coisas
começaram a degringolar. Tico Santa Cruz começou a se envolver cada vez mais em
discussões políticas e sociais, atitude que divide opiniões. A banda perdeu a
gravadora Warner Music, perdeu o apoio da MTV (que naquela época ainda tinha alguma força) e deixou que as dificuldades interferissem em seu
som. O álbum seguinte, O Retorno de Saturno, foi um disco bem morno. Frustrou
todo mundo. Seu antecessor, Psicodelia, Amor, Sexo e Distorção havia sido
considerado uma reviravolta. Haviam criado uma identidade própria e realizado
um trabalho bem maduro. Ainda é o melhor álbum dos Detonautas. O EP não atinge
o padrão de seu terceiro disco, mas certamente é bem superior ao Retorno de
Saturno.
Tchello tatuou o rosto de Rodrigo Netto como homenagem |
Quando surgiram, era comum a
imprensa compará-los ao grupo santista Charlie Brown Jr. Faixas como “No Way
Out” e “Ei, Peraê” era tudo o que os críticos precisavam para sustentar sua
tese. O debut deles não é ruim, mas realmente soa como uma banda que ainda
estava caminhando em busca de sua identidade. Aqui, essa realidade ‘charlie
brown’ está mais distante. A única faixa que ainda traz um pouco desse universo
é a faixa “Combate” (que foi apresentada no Rock In Rio
2011). E, na minha opinião, é a mais fraca do álbum. É verdade que a faixa “Sua
Alma Vai Vagar Por Aí” tem um rap no meio, mas falar que toda mistura de rock
brasileiro com rap soa “Charlie Brown” é tão sem noção quanto falar que Rage
Against The Machine e Limp Bizkit são a mesma coisa.
Os destaques ficam por conta da
bonita balada “Sabemos Fingir” e do ótimo trabalho de guitarra em “Conversando Com o
Espelho” (o trabalho vocal dessa musica poderia ter sido mais bem elaborado). Vale destacar que as guitarras, nesse projeto, ganharam mais volume.
Fator que considero positivo, em se tratando de uma banda de rock. Agora é
esperar para ver o que vem por aí...
Nota: 07/10
Status: Bom!
Faixas:
01) Um
Cara de Sorte
02) Combate
03) Sabemos
Fingir
04) Conversando
Com o Espelho
05) Sua
Alma Vai Vagar Por Aí