sábado, 21 de dezembro de 2013

Detonautas Roque Clube: o álbum perdido





Por Davi Pascale

Em Novembro de 2011 foi lançado um EP dos Detonautas. O CD foi realizado de forma independente e teve suas vendas restritas ao site da banda. Com isso, aquelas pessoas que não eram fãs de carteirinha não ficaram nem sabendo do tal lançamento. Esse foi o ultimo registro com o baixista Tchello.

O material é formado por 5 canções que haviam sido disponibilizadas anteriormente para download em sua página oficial. Nessa época, os caras fizeram uma versão ousada (e, para dizer a verdade, interessante) de “Back In Black” do AC/DC. Não demorou muito e os ataques começaram. Principalmente, pela internet. Entretanto, aqueles que querem ter um registro dessa faixa, terão que esperar mais um pouquinho. Ela não faz parte do compact disc. Talvez os músicos não tenham conseguido autorização para lançá-la ou, até mesmo, não tenham conseguido bancar o valor de direito autoral. Afinal, essa é uma música clássica de um grupo clássico. Seu custo não deve ser baixo. E em trabalhos independentes, é o artista quem banca tudo...

Já faz um tempo que os rapazes andam passando por uma situação difícil. Com cada vez menos espaço na mídia e recebendo ataques de tudo quanto é lado, não é fácil continuar tocando o barco adiante. Palmas para os caras! Quando perderam o guitarrista Rodrigo Netto (assassinado covardemente em uma tentativa de assalto), as coisas começaram a degringolar. Tico Santa Cruz começou a se envolver cada vez mais em discussões políticas e sociais, atitude que divide opiniões. A banda perdeu a gravadora Warner Music, perdeu o apoio da MTV (que naquela época ainda tinha alguma força) e deixou que as dificuldades interferissem em seu som. O álbum seguinte, O Retorno de Saturno, foi um disco bem morno. Frustrou todo mundo. Seu antecessor, Psicodelia, Amor, Sexo e Distorção havia sido considerado uma reviravolta. Haviam criado uma identidade própria e realizado um trabalho bem maduro. Ainda é o melhor álbum dos Detonautas. O EP não atinge o padrão de seu terceiro disco, mas certamente é bem superior ao Retorno de Saturno

Tchello tatuou o rosto de Rodrigo Netto como homenagem
 
Quando surgiram, era comum a imprensa compará-los ao grupo santista Charlie Brown Jr. Faixas como “No Way Out” e “Ei, Peraê” era tudo o que os críticos precisavam para sustentar sua tese. O debut deles não é ruim, mas realmente soa como uma banda que ainda estava caminhando em busca de sua identidade. Aqui, essa realidade ‘charlie brown’ está mais distante. A única faixa que ainda traz um pouco desse universo é a faixa “Combate” (que foi apresentada no Rock In Rio 2011). E, na minha opinião, é a mais fraca do álbum. É verdade que a faixa “Sua Alma Vai Vagar Por Aí” tem um rap no meio, mas falar que toda mistura de rock brasileiro com rap soa “Charlie Brown” é tão sem noção quanto falar que Rage Against The Machine e Limp Bizkit são a mesma coisa.

Os destaques ficam por conta da bonita balada “Sabemos Fingir” e do ótimo trabalho de guitarra em “Conversando Com o Espelho” (o trabalho vocal dessa musica poderia ter sido mais bem elaborado). Vale destacar que as guitarras, nesse projeto, ganharam mais volume. Fator que considero positivo, em se tratando de uma banda de rock. Agora é esperar para ver o que vem por aí...

Nota: 07/10
Status: Bom!
 
Faixas:

      01)   Um Cara de Sorte
      02)   Combate
      03)   Sabemos Fingir
      04)   Conversando Com o Espelho
      05)   Sua Alma Vai Vagar Por Aí