Por Davi Pascale
A polêmica continua! Em 2012, o grupo
Queensryche anunciou que Geoff Tate estava fora da banda. A partir daí, a
história da banda parecia novela mexicana. Emoção à todo momento. O ápice
aconteceu quando ambos resolveram cair na estrada e lançar discos com o nome
Queensryche. Depois de dois anos de confusão, Geoff resolveu vender sua parte
para a banda e começou um novo projeto Operation: Mindcrime. É desse álbum que
tratamos hoje.
Sim, é um projeto. Não se trata
de uma banda. Pelo menos nessa primeira parte. O músico já revelou que essa é o
primeiro volume de uma trilogia. Entre os músicos envolvidos estão John Moyer
(Disturbed), Simon Wright (AC/DC, Dio) Brian Tichy (Whitesnake, Pride &
Glory), Scott Mercado (Candlebox), David
Ellefson (Megadeth), além de seus velhos parceiros Kelly Gray e Randy Gane. Já
deu para sacar que o time que está por trás dele é fenomenal, certo?
Por que disse que a polêmica
continua? Porque o rapaz foi esperto o suficiente para batizar sua nova
empreitada de Operation: Mindcrime. O nome do álbum mais popular do
Queensryche. Como se não bastasse, no acordo com o grupo, o rapaz ficou com o
direito de que somente ele poderia executar o famoso disco na íntegra. Tanto a
primeira parte quanto a segunda. Os músicos disseram estar felizes com o
acordo, mas ainda acho que isso aí vai render briga... Suspeito que o bicho vai
pegar daqui exatamente dois anos. Ou seja, quando o álbum completar 30 anos.
Mas... O que temos aqui, afinal? Um
trabalho típico do Queensryche. Ou seja, um álbum conceitual com uma sonoridade
mesclando hard rock, rock progressivo e elementos modernos, contando com a presença de vinhetas, efeitos e tudo mais. Mas,
embora algumas músicas remetam ao passado, não é um disco nostálgico. Acredito
que é o que ele faria caso tivesse continuado na banda. Ou seja, está mantendo
a mesma lógica de pensamento.
Geoff Tate continua buscando novos sons em The Key |
The Key começa incrivelmente forte. O início é típico dos trabalhos
clássicos do Queensryche. Ou seja, uma introdução de uns 3 minutos te
preparando para o álbum. “Burn” e “Re-Inventing The Future” remetem aos dias de
ouro de seu antigo grupo. “Burn” poderia ser parte de um trabalho como Hear In The Now Frontier. Já “Re-Inventing
The Steel” nos remete diretamente ao clássico “The Mission”. Não poderia ter
começado melhor...
Algo que Geoff Tate adora fazer e
enlouquece seus fãs mais ortodoxos é buscar novas experiências sonoras. A ideia
de fazer um álbum 100% do tempo resgatando o passado parece não agradá-lo. Aqui,
arrisca trazer seu som para o presente na polêmica “The Stranger” onde aposta
em um vocal meio rap e uma levada meio Korn. Uma tentativa de se aproximar aos dias
atuais. Também provoca ao inserir solo de saxofone no álbum. Algo não muito
comum em um álbum de heavy metal. Há quem considere essas atitudes um crime,
mas gosto quando o artista sai do senso comum e tenta algo novo.
Muitos têm criticado seu trabalho
vocal nos últimos anos. Gostei muito do trabalho vocal que fez aqui. Continua
mantendo seu ar de dramaticidade e embora não tenha mais aqueles agudos dos
tempos de “Queen Of The Reich”, está apostando mais em sua extensão vocal do
que em seus trabalhos anteriores.
Infelizmente, no final, o pique
cai um pouco. Começa a ficar mais lento. Tanto “On Queue” (uma das que conta
com solo de sax) quanto “Kicking In The Door” são bem calmas e não tão
marcantes. Mesmo assim, não o considero um trabalho deplorável como muitos vem
tratando. Longe disso, o disco é bacana. Tem faixas fortes (como a pesada “Life
Or Death” e as já citadas “Re-Inventing The Future”, “Burn” e "The Stranger"), os arranjos são bem desenvolvidos,
os músicos são de primeira. Enfim, se você curte a fase mais moderna do
Queensryche poderá gostar desse trabalho.
Nota: 7,0 / 10,0
Status: Bom
Faixas:
01)
Choices
02)
Burn
03)
Re-Inventing The Future
04)
Ready To Fly
05) Discussions
In a Smoke Filled Room
06) Life or Death?
07) The Stranger
08) Hearing Voices
09) On Queue
10) An Ambush of Sadness
11) Kicking In The Door
12) The Fall