Por Davi Pascale
Os alemães do Edguy chegam ao seu décimo álbum. Contando, mais uma vez,
com sua mistura entre power metal e hard rock com letras cômicas, devem agradar
aos fãs. Principalmente aos da fase pós-Mandrake. Há quem goste muito dessa segunda fase da banda, há quem odeie. Se você
é aquele fã que cultua discos como Vain
Glory Opera e Kingdom of Madness,
passe longe. Se você cultua discos como Hellfire
Club e Rocket Ride, esse disco é
para você.
O primeiro contato que tive com o trabalho do Edguy foi em 2001 com a
faixa “Tears of a Mandrake” de seu até então recém-lançado Mandrake. Lembro que comprei o disco sem saber muito o que esperar
e me surpreendi com um discaço. Tinha gostado muito das composições e o cantor
Tobias Sammet tinha algumas linhas vocais que me remetia ao Bruce Dickinson,
que é um cantor que gosto bastante. A partir de então, comecei a me aprofundar
no grupo. Fui atrás dos outros discos e comecei a acompanha-los desde então.
Com o tempo, Tobias foi deixando de lado essa característica
Dickinsonwannabe e foi criando seu próprio estilo de cantar. Algo que considero
positivo. Sempre preferi caras que deixam sua marca à ótimos covers. O grupo
também mudou sua sonoridade, adicionando elementos do hard rock que, se por um
lado, frustrou um bando de xiitas, por outro, ajudou que eles continuassem em
destaque na cena e criassem uma sonoridade própria. Mais um ponto a favor
deles.
A lógica deles se mantém a mesma desde então. Em alguns discos
explorando a sonoridade hard um pouco mais do que a heavy, em outros
trabalhando de maneira mais equilibrada, mas a essência estava sempre ali e
aqui não é diferente.
Novo disco traz versão para o clássico "Rock Me, Amadeus" do falecido Falco |
“Sabre & Torch” abre o CD com um riff agressivo, bateria com bumbo
duplo e vocal meio rasgado. Me remete um pouco à “Mysteria”. Logo em seguida, é
a vez das faixas-títulos. Não, não escrevi errado. O nome do disco é uma junção
do nome de duas músicas. “Space Police” é uma daquelas músicas escritas para os
fãs cantarem em coro nas apresentações. Alguns momentos me remeteram à “Lavatory
Love Machine”. Se bem que o teclado do início me lembra bastante “Superheroes”.
Por outro lado, “Defenders of the Crown” é a mais heavy até então. Esse início
é justamente a tônica do álbum. Oras soando um pouco mais metal como “Shadow
Eaters”, oras soando bem hard como “Love Tyger”, mas sempre com refrões
pegajosos.
Esse é um disco que vale a pena parar para ler as letras com calma. As
letras contam com um tom meio humorístico, meio sarcástico até. O que não deixa
de ser uma sacada legal. O Edguy é uma banda que tem se preocupado em trazer o
elemento diversão de volta à música. Acho bacana porque o rock é exatamente
sobre isso: divertir-se. E, sim, no heavy metal isso é possível. Que o diga o
Manowar com seus trajes e discursos exagerados, pregando putaria e bebedeira.
Edguy, por outro lado, resgata outras características. A performance de Tobias
traz ele dando uns pulos à la David Lee Roth, pedindo para ver qual lado da
plateia canta mais alto (Paul Stanley?) e brincando com a plateia durante o
discurso.
Dentre as letras, a mais hilária é “Do Me Like A Cave Men”, que em
português seria algo como “Me coma como se fosse o homem das cavernas”. Podem
ficar calmos, a temática não é gay. A letra é sobre um cara que está na seca e
começa a pirar ouvindo vozes sussurrando a tal frase. E o pior é que a música é
boa! Mesmo com um título ridículo desses, quem diria? Outro momento que deixa claro esse lado de diversão é a releitura de "Rock Me Amadeus" do falecido cantor austríaco Falco. Ficou interessante, mas não supera a original.
A edição especial conta
com duas faixas que são homenagens: “England”, onde ele homenageia seus ídolos britânicos
(dos Beatles ao Steve Harris. Quem foi que disse que ele parou de ouvir Iron
Maiden?) e “Aychim In Hysteria”, um pequeno tributo ao Def Leppard (que também
é britânico, vejam só...). Space Police/Defenders of the
Crow é um disco pesado,
alegre, cativante e divertido. Quem gosta da banda, pode comprar sem medo.
Agora, mais uma vez, se você parou de acompanha-los em Theater of Salvation e resolveu conferir o que os garotos andam
fazendo, cuidado, muito cuidado...
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Pesado e divertido
Faixas:
01) Sabre & Torch
02) Space Police
03) Defenders of the Crown
04) Love Tyger
05) The Realms of Baba Yaga
06) Rock Me Amadeus
07) Do Me Like a Caveman
08) Shadow Eaters
09) Alone In Myself
10) The Eternal Wayfarer