domingo, 19 de outubro de 2014

Edguy – Space Police: Defenders of the Crown (2014)





Por Davi Pascale

Os alemães do Edguy chegam ao seu décimo álbum. Contando, mais uma vez, com sua mistura entre power metal e hard rock com letras cômicas, devem agradar aos fãs. Principalmente aos da fase pós-Mandrake. Há quem goste muito dessa segunda fase da banda, há quem odeie. Se você é aquele fã que cultua discos como Vain Glory Opera e Kingdom of Madness, passe longe. Se você cultua discos como Hellfire Club e Rocket Ride, esse disco é para você.

O primeiro contato que tive com o trabalho do Edguy foi em 2001 com a faixa “Tears of a Mandrake” de seu até então recém-lançado Mandrake. Lembro que comprei o disco sem saber muito o que esperar e me surpreendi com um discaço. Tinha gostado muito das composições e o cantor Tobias Sammet tinha algumas linhas vocais que me remetia ao Bruce Dickinson, que é um cantor que gosto bastante. A partir de então, comecei a me aprofundar no grupo. Fui atrás dos outros discos e comecei a acompanha-los desde então.

Com o tempo, Tobias foi deixando de lado essa característica Dickinsonwannabe e foi criando seu próprio estilo de cantar. Algo que considero positivo. Sempre preferi caras que deixam sua marca à ótimos covers. O grupo também mudou sua sonoridade, adicionando elementos do hard rock que, se por um lado, frustrou um bando de xiitas, por outro, ajudou que eles continuassem em destaque na cena e criassem uma sonoridade própria. Mais um ponto a favor deles.

A lógica deles se mantém a mesma desde então. Em alguns discos explorando a sonoridade hard um pouco mais do que a heavy, em outros trabalhando de maneira mais equilibrada, mas a essência estava sempre ali e aqui não é diferente.

Novo disco traz versão para o clássico "Rock Me, Amadeus" do falecido Falco

“Sabre & Torch” abre o CD com um riff agressivo, bateria com bumbo duplo e vocal meio rasgado. Me remete um pouco à “Mysteria”. Logo em seguida, é a vez das faixas-títulos. Não, não escrevi errado. O nome do disco é uma junção do nome de duas músicas. “Space Police” é uma daquelas músicas escritas para os fãs cantarem em coro nas apresentações. Alguns momentos me remeteram à “Lavatory Love Machine”. Se bem que o teclado do início me lembra bastante “Superheroes”. Por outro lado, “Defenders of the Crown” é a mais heavy até então. Esse início é justamente a tônica do álbum. Oras soando um pouco mais metal como “Shadow Eaters”, oras soando bem hard como “Love Tyger”, mas sempre com refrões pegajosos.

Esse é um disco que vale a pena parar para ler as letras com calma. As letras contam com um tom meio humorístico, meio sarcástico até. O que não deixa de ser uma sacada legal. O Edguy é uma banda que tem se preocupado em trazer o elemento diversão de volta à música. Acho bacana porque o rock é exatamente sobre isso: divertir-se. E, sim, no heavy metal isso é possível. Que o diga o Manowar com seus trajes e discursos exagerados, pregando putaria e bebedeira. Edguy, por outro lado, resgata outras características. A performance de Tobias traz ele dando uns pulos à la David Lee Roth, pedindo para ver qual lado da plateia canta mais alto (Paul Stanley?) e brincando com a plateia durante o discurso.

Dentre as letras, a mais hilária é “Do Me Like A Cave Men”, que em português seria algo como “Me coma como se fosse o homem das cavernas”. Podem ficar calmos, a temática não é gay. A letra é sobre um cara que está na seca e começa a pirar ouvindo vozes sussurrando a tal frase. E o pior é que a música é boa! Mesmo com um título ridículo desses, quem diria?  Outro momento que deixa claro esse lado de diversão é a releitura de "Rock Me Amadeus" do falecido cantor austríaco Falco. Ficou interessante, mas não supera a original.

A edição especial conta com duas faixas que são homenagens: “England”, onde ele homenageia seus ídolos britânicos (dos Beatles ao Steve Harris. Quem foi que disse que ele parou de ouvir Iron Maiden?) e “Aychim In Hysteria”, um pequeno tributo ao Def Leppard (que também é britânico, vejam só...). Space Police/Defenders of the Crow é um disco pesado, alegre, cativante e divertido. Quem gosta da banda, pode comprar sem medo. Agora, mais uma vez, se você parou de acompanha-los em Theater of Salvation e resolveu conferir o que os garotos andam fazendo, cuidado, muito cuidado...

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Pesado e divertido

Faixas:

01) Sabre & Torch
02) Space Police
03) Defenders of the Crown
04) Love Tyger
05) The Realms of Baba Yaga
06) Rock Me Amadeus
07) Do Me Like a Caveman
08) Shadow Eaters
09) Alone In Myself
10) The Eternal Wayfarer