Por Rafael Menegueti
Nessa
semana vazou na internet o novo álbum do Delain, “The Human Contradiction”,
previsto para sair no começo de abril. Apesar de lamentar quando esse tipo de
coisa acontece, pois atrapalha a vida dos músicos, eu ouvi as faixas e posso
dizer que esse é o trabalho mais ousado e pesado da banda de metal sinfônico holandesa.
Mas antes de falar sobre esse novo disco, decidi fazer uma descrição de seus
trabalhos anteriores. Isso porque eu considero o Delain uma das melhores e mais
criativas bandas da cena do metal atual. Posso ser meio suspeito pra dizer
isso, afinal eu sou MUITO fã da banda, mas esse é meu ponto de vista
independente de toda minha admiração pelo quinteto. Então vamos ao que
interessa:
Amenity (Demo,
2002)
Martjin
Westerholt precisou deixar o Within Temptation, de seu irmão Robert Westerholt,
no começo dos anos 2000 devido a problemas de saúde. Quando já estava melhor,
iniciou um projeto, o Delain, e lançou uma demo de maneira independente,
Amenity. Embora Martjin já tenha declarado que essa demo não pode ser
considerada o inicio do Delain, pois o resultado não foi o
esperado, três das quatro faixas do disco seriam retrabalhadas e lançadas bem
diferentes no debut oficial da banda. À época, os integrantes eram outros, e a
banda tinha Anne Invernizzi nos vocais. Mas apenas Martjin seguiu no grupo,
todos os outros foram trocados. Ainda bem, pois Amenity de longe não lembra a
pegada do Delain, e não tinha a empolgação necessária pra dar certo.
Lucidity
(2007)
Após um
tempo, Martjin decidiu reformular o projeto. Chamou a jovem vocalista Charlotte
Wessells, que havia conhecido por acaso enquanto voltava para casa, para
integrar o projeto e após isso saiu atrás de outros colegas do cenário do metal
sinfônico. Juntou Ad Sluijter (Epica), Marco Hietala (Nightwish, Tarot), Ariën
van Weesenbeek (Epica), Guss Eikens e George Oosthoek (ex-Orphanage), Sharon den
Adel (Within Temptation) e Liv Kristine (Leaves’ Eyes). Todos eles deram sua
contribuição ao projeto, lançando um disco com uma melodia inspiradora e músicas
cativantes. Desde “Sever” até a excelente “Pristine” o disco é uma verdadeira
obra prima do metal sinfônico, tanto que após o sucesso dele, Martjin e
Charlotte decidiram transformar o Delain de um projeto para uma banda de fato,
recrutando Ronald Landa (guitarra), Rob van der Loo (baixo) e Sander Zoer
(bateria) para integrar a banda. Faixas como “See Me In Shadow”, “A Day for
Ghosts” e “The Gathering” servem bem pra mostrar a cara da banda, cheias de
melodia e com uma pegada que alia o peso das guitarras com o som do teclado que
carrega as músicas. “Pristine”, faixa que encerra o disco tem um dos arranjos
orquestrais mais bem elaborados dentre todas as músicas da banda, e deixa o
ouvinte querendo mais.
A formação do Delain em 2007 |
April Rain
(2009)
Após o
sucesso de “Lucidity”, a banda decidiu mostrar uma cara mais própria e uma
maior maturidade em seu segundo disco: “April Rain”. Com uma visível inspiração
mais pop, o disco segue uma linha cheia de arranjos de teclado, os sons das
guitarras estão mais coesos e se impõem menos, dando um destaque maior para a
voz de Charlotte, que demonstra uma habilidade fascinante em faixas como “April
Rain”, “Start Swimming” e “Come Closer”, que na minha opinião é a melhor balada
do grupo. Alias, Chalotte Wessells é o grande destaque do álbum, entre as
faixas mais calmas e as mais pesadas, é a voz dela que parece ditar o ritmo das
músicas. Esse seria o único trabalho com Ronald Landa e Rob van der Loo, que
deixariam o grupo em 2010 para irem para o Hangover Hero e o Epica,
respectivamente.
We Are The
Others (2012)
Após uma
certa demora, o Delain finalmente lançou seu terceiro e aguardado disco, “We
Are The Others”. O disco teve inspirações na trágica morte da garota inglesa Sophie
Lancaster, agredida por ser gótica. Nesse disco a banda abraça uma sonoridade
bem mais comercial e pop que em seu antecessor. A maior prova disso vem de músicas
como “Are You Done With Me” e “Hit Me With Your Best Shot” e também na ausência
de guturais no disco. Mas ainda era possível ver o peso e a forte pegada característica
das músicas da banda, em especial nas faixas “Mother Machine”, “Where’s the
Blood” e “Not Enough”. Charlotte novamente se destaca, assim como os arranjos
de teclado e sintetizadores de Westerholt, principalmente em “Milk & Honey”.
As letras também estão mais pessoais, falando de assuntos mais da natureza
humana, mais de uma maneira mais simplificada em relação aos discos anteriores.
O único defeito do disco, segundo alguns, seria o fato de ele ser muito
certinho. E de fato, “We Are The Others” é excessivamente pensado para soar o
mais correto e alinhado possível. No entanto, creio que isso casou
perfeitamente com o estilo das composições do disco.
O Delain na sua formação atual |
Interlude
(CD/DVD, 2013)
Com o lançamento
de “We Are The Others”, a banda se preparou para passar por inúmeras mudanças. Esse
momento de transição que a banda atravessou, em especial a mudança de gravadora
ficou registrado em “Interlude”. O lançamento especial mostrava uma nova cara
da banda, que parece mais decidida do que nunca a manter suas raízes no metal sinfônico
alternativo que os consagrou. Duas faixas inéditas (“Breath On Me” e “Collars
and Suits”) mostram um Delain mais coeso e que emprega melhor o uso das
guitarras de Timo Somers e do peso em contraste com a melodia trazida pelos
arranjos de Martjin Westerholt e pela voz de Charlotte. Também há uma nova
mixagem de “Are You Done With Me”, uma versão alternativa de “We Are The Others”
(melhor que a original na minha opinião), faixas ao vivo e três covers, que
mostram a incrível abrangencia da banda em sua sonoridade, pois todas elas são
de faixas bem diferentes do que o metal sinfônico costuma ser, em especial “Cordell”,
dos Cramberries, que ficou impecável, como se fosse do próprio Delain,
superando a versão original. Há ainda um DVD bônus com videoclipes, faixas ao
vivo e imagens de bastidores da banda. Após esse interlúdio, a banda estava
pronta para mostrar a evolução musical em sua formula, em seu novo disco...
The Human
Contradiction (2014)
Mas desse
eu vou falar no próximo post.