Por Davi Pascale
Ringo Starr chega à seu décimo
oitavo álbum. Músico mantém sua essência intacta e deve agradar seu público
extremamente fiel.
Ringo sempre dividiu opiniões. Há
quem o considere um músico fraco que teve a sorte de estar envolvido em um dos
maiores grupos de rock de todos os tempos. Há quem o considere um músico único,
criativo, com uma linguagem própria e que ajudou a desenhar a sonoridade
clássica dos Beatles. Faço parte do segundo grupo.
O baterista, contudo, por mais
que tenha contribuído com sua pegada diferenciada para criar o som do quarteto
de Liverpool, nunca conseguiu ganhar o mesmo respeito que seus companheiros em
relação à composição. Dono de uma discografia irregular, conseguiu poucos hits
na sua carreira-solo. Por outro lado, nunca deixou de ser ele mesmo. Nem em
relação à sonoridade, nem em relação à postura. E isso se comprova, mais uma
vez, em Postcards From Paradise.
Richard Starkey sempre esteve
cercado por ótimos músicos. Seja nos Beatles, seja com seu Ringo Starr And His
All-Starr Band, seja na gravação de seus discos de inéditas. Aqui, não é
diferente. Gravado no seu home studio, em Los Angeles, o álbum é repleto de
ilustres convidados. Entre
eles; Richard Marx, Joe Walsh (Eagles), Nathan East (Eric Clapton, Phil Collins) e Peter Frampton. Também
se fazem presentes os convidados de sua mais recente formação da All-Starr
Band: Steve Lukather (Toto), Todd Rundgren, Gregg Rolie, Richard Page (Mr. Mister), Warren Ham (Toto, Kansas) e
Gregg Bissonette (David Lee Roth, Joe Satriani). Gravaram juntos, inclusive, a faixa “Islands In The Sun”. Um
pequeno reggae. Algo que não é nenhuma surpresa para seus fãs. Essa não é sua
primeira aventura nesse universo, nem de longe. Essa lado reggae aparece com força também
em “Right Side Of The Road”. Uma canção pop, mas com uma levada reggae, assim
como foi “Wings” (Ringo The 4th).
Ringo Starr mantém sua sonoridade clássica em novo álbum |
Assim como seu álbum de 2010, invoca o passado em algumas letras. “Rory And The Hurricanes”, responsável por abrir o disco, fala sobre seus anos pré-Beatles. Já a faixa-título é uma clara referência ao grupo que o tornou famoso. Desde a letra que cita várias faixas da discografia dos rapazes (“We Can Work It Ou”, “Yesterday”, “P.S. I Love You”...), até o solo de guitarra gravado com slide, uma das marcas de George Harrison.
Não faltam seus rocks animados (“Touch And Go”
e “Let Love Lead”), nem a famosa balada (“Not Looking Back”). “Bamboula”
traz um arranjo alegre nos remetendo à seus tempos de “Oo Wee” e “Back Of
Bungaloo”. Como podem ver, não hás espaços para inovações. Há quem diga que não
houve colaborações de artistas pop dessa vez. Sinto dizer, mas teve. Glenn
Ballard, que gravou piano em algumas faixas, chegou a produzir e gravar com
artistas pop que vão desde Michael Jackson até Shakira. David Stewart esteve à
frente do duo Eurythmics. Mas os fãs não precisam se preocupar. A sonoridade do
divertido baterista continua intacta. Postcards
From Paradise não é um álbum tão forte quanto Ringo ou Vertical Man, mas
é um trabalho honesto e sólido. Se você é fã do rapaz, pode ir sem medo.
Nota: 7,0 / 10,0
Status: Sólido
Faixas:
01)
Rory And The Hurricanes
02)
You Bring The Party Down
03)
Bridges
04)
Postcards From Paradise
05)
Right Side Of The Road
06)
Not Looking Back
07)
Bamboula
08)
Island In The Sun
09)
Touch and Go
10)
Confirmation
11)
Let Love Lead