Por Davi Pascale
Recentemente, nosso colega Rafael fez
uma lista com os álbuns que considera os 5 melhores de 2013. Pensei em fazer
uma lista também, mas já havia feito uma com 10 discos para outro blog e,
honestamente, pouquíssimos álbuns de 2013 me chamaram a atenção. Então seria
muito difícil fazer uma lista diferente. Para não ser repetitivo, fiz
diferente. Resolvi escolher 5 álbuns de rock brasileiro que completaram 20 anos
em 2013 e que acho que a molecada deveria correr atrás. Daqui, apenas um álbum
eu já tinha feito uma matéria grande sobre ele. E também não foi para esse blog, então... Não são necessariamente os 5 melhores daquele ano, simplesmente 5 discos que considero muito bons e acho que vale a pena vocês conhecerem. Simples assim. Confere aí!
Dr. Sin – Dr. Sin
Conheci o trio totalmente por
acaso, em 1994. Ao comentar com um amigo que gostava do LP Rosa Branca da Banda
Taffo, o cara disparou: “E o que você achou do Dr. Sin?”. Respondi “Quem?”. Ele
disse “Dr. Sin. A banda nova do Ivan e do Andria”. Respondi que não conhecia e
ele me emprestou um VHS com a apresentação deles no Hollywood Rock 93 e me pediu
para reparar no guitarrista. Não sosseguei enquanto não conseguir comprar o
disco.
O som que os caras faziam estava
muito acima dos padrões brasileiros. Tanto em relação à técnica quanto em
relação à composição. No debut, apostavam em um som com bastante influencia de
hard rock oitentista. Era um som elaborado para o que se fazia no Brasil na
época, mas bem mais simples do que fazem atualmente. O álbum beira a
perfeição e ainda é o meu favorito do trio. As canções de destaque ficam por conta de “Stone Cold Dead”, “Howlin´ In
The Shadows”, “Valley Of Dreams”, além dos hits “Scream & Shout” e
“Emotional Catastrophe”.
Titãs – Titanomaquia
Nesse mesmo ano, foi lançado o
primeiro álbum dos Titãs sem o Arnaldo Antunes. Com produção de Jack Endino, o
álbum trazia uma sonoridade mais crua, mais agressiva. Já era fã dos Titãs, mas
a sonoridade que conseguiram nessa época me impressionou. Sem contar que a
banda tinha uma puta atitude no palco. Pena que com o tempo, ambas
características se perderam.
Atualmente, os caras entram no
palco de roupa social, tocam alegremente e fazem canções pop, sem ter medo de
ser feliz. Nessa época, entravam com visual desleixado, se moviam sem
parar e as letras eram incômodas. Sem dúvidas, uma das bandas mais
criativas do rock nacional. Fizeram alguns dos melhores discos do gênero (Cabeça Dinossauro e Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas
ainda impressionam). Torço para que voltem a ter a criatividade de antes, mesmo
que com outra sonoridade, e deixem esse proposta quadradinha de lado.
Angra – Angel´s Cry
Foi em 1993 também que o Angra
lançou seu debut. O vocalista Andre Matos já era conhecido entre os headbangers
pelos trabalhos que havia realizado ao lado do Viper. Depois de abandonar o
grupo de Pit Passarel para se dedicar à faculdade de música (Andre tem
formação em regência), retornou à ativa com o Angra. Assim como o Dr. Sin,
os músicos passaram a chamar a atenção pelo domínio que possuíam nos
instrumentos. E, assim como o grupo dos irmãos Busic, nos entregou um álbum
perfeito (algo que se repetiria no trabalho seguinte, Holy Land).
Era comum, naquela época, as
comparações entre os excelentes guitarristas Kiko Loureiro e Edu Ardanuy. O
pessoal adorava ficar discutindo sobre quem era o melhor. A realidade é que os
dois são fantásticos, mas possuem estilos diferentes. Assim como os grupos
também apostavam em sonoridades diferentes. A estréia do Angra trazia bastante
influencia do power metal, estilo que estava em evidencia na ocasião. Andre
chamava atenção pelo seu alcance vocal e por seu domínio em falsete. Os destaques
ficam por conta de “Streets of Tomorrow”, do hit “Time”, além da faixa-título “Angel´s
Cry”.
RPM – Paulo Ricardo & RPM
Talvez muitos de vocês achem
estranha essa escolha no meio de tantos álbuns pesados, mas não é. Explico! Em 1991, Roberto Medina propôs
que o RPM se reunisse para uma apresentação no festival Rock In Rio II,
realizada no estádio do Maracanã. Quando ocorreu a primeira edição do festival
em 1985, o grupo de Paulo Ricardo estava no auge e ninguém entendeu a ausência
do conjunto. A apresentação foi realizada como uma atração solo do vocalista
por questões contratuais. O nome RPM pertencia ao tecladista Luiz Schiavon, que
não topou se reunir para o show e nem permitiu o uso do nome. Mesmo assim, o show foi bem falado, o que levou o vocalista a querer reestruturar a
banda. Dois anos depois, uma nova formação surgia. Sem a presença de Schiavon (que mais uma vez não quis retornar ao conjunto) e sem a presença do baterista
P.A. (que preferiu se afastar para evitar inimizades). Depois de muita insistência, o
músico cedeu a utilização do nome com a condição de ter uma outra palavra na
frente. Daí o motivo de se chamar Paulo Ricardo & RPM.
Esse disco é bem diferente de tudo que você possa querer associar ao RPM e ao Paulo Ricardo. Com teclados encorpados, guitarras cheias de
distorção, bateria pesada, o trabalho assustou muito de seus velhos fãs.
Enquanto em seu LP de estréia traziam influencia da new wave e do rock
progressivo, aqui flertaram sua sonoridade pop como o hard rock e um
pouco de grunge. A única característica em comum com seus trabalhos antigos são
as letras. Oras com criticas políticas e oras românticas. Eu, particularmente, gosto bastante tanto do trabalho do Paulo Ricardo quanto do RPM. Mas mesmo se você não for fã do rapaz, tente dar uma chance à esse disco. Como disse anteriormente, é bem distinto do resto de sua discografia. Destaques para
“Gênese”, “Hora do Brasil”, “Veneno”, “O Fim” e o hit “Pérola”. Há alguns
momentos pops que também são interessantes como as faixas “Do Outro
Lado” e “Ninfa”. Belo Álbum!
Sepultura – Chaos A.D.
1993 parece ter sido o ano do
heavy metal no Brasil. Além das fantásticas estréias do Dr. Sin e do Angra, foi
nesse ano que foi lançado o disco que considero o melhor trabalho do Sepultura.
Certamente, um marco na historia do grupo e do metal
brasileiro. Depois de lançarem os fantásticos Beneath the Remains e Arise,
os caras lançaram esse trabalho explosivo. Foram além! Mantiveram a agressividade dos trabalhos anteriores e começaram a apostar em uma sonoridade mais experimental, mais cadenciada. Além de trazer suas primeiras experiências com sonoridades regionais, que seria aprofundado no álbum seguinte.