Por Davi Pascale
Phil Anselmo, Rex Brown, Dimebag Darrel e Vinnie Paul formavam uma das últimas
grandes bandas da cena heavy. Havia uma grande expectativa em torno desse
álbum. Esse disco foi um choque do início ao fim. Várias surpresas marcaram
esse lançamento. Desde a arte original, que foi censurada e recolhida das
lojas, passando pela sonoridade agressiva em (quase) todo o álbum até o
inusitado cover do Black Sabbath, “Planet Caravan”. Cowboys From Hell e Vulgar
Display of Power haviam levado o grupo à outro nível, não apenas em termos
técnicos, mas também em popularidade. Far
Beyond Driven era a prova de fogo. Tinham que provar que haviam vindo para
ficar. E conseguiram!
Com a popularidade crescente e uma forte cena de rock dominando as
paradas, todos imaginavam que o grupo do Texas faria um álbum pesado, porém com
um pé no mainstream. Assim, como vinham fazendo grandes nomes do metal, na
ocasião. Poderíamos citar como exemplo Countdown
to Extinction (Megadeth), Black
Album (Metallica) e até mesmo No
More Tears (Ozzy Osbourne). Hoje, álbuns clássicos, mas que na época muita
gente reclamou. O que recebemos foi exatamente o oposto. O álbum mais pesado do
Pantera até então. E deu certo!
Contrariando os executivos, o disco atingiu o primeiro posto das paradas
da Billboard, despencando, inclusive, os queridinhos da vez e hoje esquecidos, Ace
of Base. Dois vídeos foram parar na MTV: “5 Minutes Alone” e “I´m Broken”. Esse
último, fez enorme sucesso. Lembro de assistir ele nesses programas com paradas
de videoclipes como Top 20 Brasil e Disk MTV. Seriam uma espécie de TVZ da MTV,
na ocasião. Aliás, não eram o único grupo de metal a quebrar a barreira e ir
além do Furia Metal (nosso Headbanger´s Ball). Eta tempinho bom...
Banda atingiu primeiro lugar da Billboard com o que era, ate então, seu trabalho mais pesado |
Logo nas primeiras faixas, as fantásticas “Strength Beyond Strength” e “Becoming”,
já demonstravam que não estavam para brincadeira. O peso que tiram é
impressionante. Isso, sem falar no criativo trabalho de guitarra do saudoso
Dimebag, da bateria quebrada e agressiva de Vinnie Paul e dos vocais urrados,
porém inteligíveis, de Phil Anselmo. Aliás, esse era um diferencial legal.
Mesmo quando cantava urrado, conseguíamos entender o que Phil estava cantando,
ao contrário de vários vocalistas guturais, onde precisamos ler o encarte para
entender o que o cara está gritando. Anselmo, aliás, é um cantor bem completo.
Consegue cantar bem tanto com vocal limpo quanto com vocal mais rasgadão. Quem
já ouviu o álbum Cowboys From Hell
conhece bem o outro lado do rapaz.
As grandes surpresas ficam por conta da experimental “Good Friends and a
Bottle of Pills” e da balada psicodélica “Planet Caravan”. O cover do Sabbath
foge um pouco da proposta do disco, mas na verdade, não foi gravada com a
intenção de concluir o trabalho. A faixa foi gravada para o lançamento do álbum
tributo Nativity in Black, que estava
sendo trabalhado na mesma época e a gravadora pediu que a incluíssem no CD.
Muitos estranharam a escolha da canção, do mesmo modo. Em recente entrevista à
revista Rolling Stone, Phil Anselmo explicou: “É a minha canção favorita do
Sabbath. O legal do Pantera é que aqueles malucos são talentosos. Poderíamos
gravar um country e soaríamos autêntico. Éramos a banda perfeita para
interpretá-la. Para fazer algo especial”.
Arte original foi censurada |
Nessa reedição, além do disco original, temos uma apresentação da
quarenta minutos no festival de Donnington, 3 meses após o disco ir às lojas.
Durante o set curto, apresentam 3 novas faixas e interpretam 6 clássicos. Mesmo
com a complexidade dos arranjos, os caras impressionavam. Eram bons de palco. A
energia do show é contagiante e nos faz lamentar não termos mais o grupo para
curtir. E, pior do que isso, saber que não há chances de retorno. Só lamento
que não tenham ressuscitado a arte original, banida na época por ter sido
considerada muito violenta (tudo bem, tem no encarte interno, mas gostaria de
ter visto estampada na embalagem deluxe mesmo) e não tenham incluído “The Badge”,
bônus da edição japonesa. Daí, sim, teríamos a edição definitiva...
Nota: 9,0/10,0
Status: Essencial
Faixas:
CD 1:
01)
Strength
Beyond Strength
02)
Becoming
03)
5 Minutes
Alone
04)
I´m Broken
05)
Good Friends And a Bottle of
Pills
06)
Hard Lines, Sunken Cheeks
07)
Slaughtered
08)
25 Years
09)
Shedding Skin
10)
Use My Third Arm
11)
Throes of Rejection
12)
Planet Caravan
CD 2 (Live From
Donnington):
01)
Use My Third Arm
02)
Walk
03)
Strength Beyond Strength
04)
Domination / Hollow
05)
Slaughtered
06)
Fucking Hostile
07)
This Love
08)
Mouth For War
09)
Cowboys From Hell