Por Davi Pascale
Ace is back and
he told you so. Depois de passar 5
anos sem lançar um novo disco, Ace Frehley retorna com Space Invader. Ace nunca foi amigo de inovações, nem mesmo nos
tempos do Kiss. O cara era contra o audacioso projeto Music From The Elder, era contra a sofisticação de Destroyer. Esse é um dos motivos que levou
muitos fãs do Kiss à idolatrarem Ace. Sempre que se ouvia falar no nome dele,
sabia que viria um álbum de rock n roll com guitarras falando alto, com
arranjos na cara. Por isso que muitos têm seu álbum solo de 78 como o preferido
entre os 4 músicos. O rapaz seguiu à risca sua ideologia. Entregou um álbum de
rock n roll honesto, sem querer reinventar a roda. E é isso que ele faz, mais
uma vez, em Space Invader.
Sendo assim, não deve-se esperar por modernidades. Você não ouvirá scratches,
nem barulhinhos que parecem terem saído de um joguinho de videogame. O único barulho
que você ouvirá aqui é o barulho de um grupo de rock n roll. O CD começa forte
com “Space Invader”, o single “Gimme a Feelin´” e “I Wanna Hold You” com ótimos
riffs e linhas vocais absolutamente memoráveis. Frehley nunca foi um Robert
Plant, nem um Sammy Hagar, mas sempre soube fazer uso de sua limitação vocal. O
fato de nunca ter escrito linhas vocais complexas fez com que suas
interpretações ganhassem um certo charme. Acabou criando um estilo próprio. Um estilo altamente identificável e que seus fãs amam. Ouvir canções como “Shock Me”, “Rip It Out”, “Shot
Full of Rock” sem sua voz, não tem o mesmo impacto. E aqui a lógica se mantém.
Você não irá ouvir agudos, falsetes, guturais. Ouvirá Ace. Simples
assim!
Já faz um tempo que o músico está reconstruindo sua vida. Depois de
chegar perto da morte diversas vezes ao longo dos anos por conta de seus vícios,
o guitarrista resolveu abandonar o álcool e as drogas há 7 anos. Essas
mudanças aparecem em algumas letras. “Change” fala sobre manter seus pés no chão
e não se deixar guiar por um mundo de fantasias. “Toys” sobre se divertir,
aproveitando a beleza da vida a partir de atitudes simples. “Immortal Pleasures” é quase uma reflexão
sobre sua trajetória. Outro momento pessoal é “Past The Milky Way”, composta em
homenagem à sua noiva Rachael Gordon.
Músico retorna com álbum honesto e deve agradar aos fãs |
Desde a nomeação do Rock n Roll Hall of Fame que Ace Frehley vem
trocando farpas na imprensa com seus ex-colegas de banda, Paul Stanley e Gene
Simmons. Com isso, começou a infame comparação entre a situação atual do Kiss e
a situação atual de Ace. Na minha opinião, os dois vão muito bem, obrigado. O
Kiss com a turnê comemorativa aos 40 anos de banda – que não é para qualquer um
– e Ace retomando a carreira com esse ótimo disco de inéditas. Os fãs de Kiss,
aliás, irão delirar com “What Every Girl Wants”. Não somente por seu arranjo,
mas também por sua letra falando sobre farrear com garotas, no melhor estilo
Gene Simmons. Em recente entrevista, o musico afirmou que gostaria de ter a
participação de Simmons em seu próximo CD. Tem de tudo para funcionar.
Fora essa canção, acredito que a capa e o título do álbum sejam uma
indireta à sua ex-banda. A capa mostra um desenho de Ace saindo de um foguete tocando
sua guitarra. Ele foi o criador da figura spaceman. Seria uma provocação? Um
modo de dizer que o esse álbum representa o retorno do spaceman? Acredito que
sim. O final do álbum não poderia ser diferente. Encerra-se com uma faixa
instrumental, “Starship”. Ou seja, o mesmo tipo de encerramento do álbum solo
de 78, do álbum de estreia do Frehley´s Comet e do Trouble Walkin´. Mais típico, impossível. Welcome back,
Ace.
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Honesto e inspirado
Faixas:
01)
Space
Invader
02)
Gimme a
Feelin´
03)
I Wanna
Hold You
04)
Change
05)
Toys
06)
Immortal
Pleasures
07)
Inside The
Vortex
08)
What Every
Girl Wants
09)
Past The
Milky Way
10)
Reckless
11)
The Joker
12)
Starship