quarta-feira, 4 de junho de 2014

Velhas Virgens – Ninguém Beija Como As Lésbicas DVD (2013)



 
Por Davi Pascale
 
Descobri esse DVD por acaso. Acompanho os Velhas Virgens desde que lançaram o álbum Foi Bom Pra Você? no longínquo ano de 1995. Tinha entrado no site oficial da banda para comprar os CD´s Carnavelhas Vol 3: Bebadoriso e Todos Os Dias A Cerveja Salva Minha Vida (em breve estarei resenhando esse novo álbum aqui no blog), os únicos que ainda não tinha adquirido e me deparei com esse vídeo. Lógico que tive que comprar. Nesse oitavo DVD, o grupo nos brinda com uma apresentação realizada em Curitiba em 2011. Sem cortes e sem ajustes em estúdio.
Na ocasião, o grupo estava encerrando a turnê de divulgação do álbum Ninguém Beija Como As Lésbicas, primeira gira com o guitarrista Roy Carlini (filho do lendário guitarrista Luis Carlini). A apresentação está um pouco mais profissional do que estou acostumado a assistir quando o assunto é Velhas Virgens. Há poucas pausas entre uma música e outra, os músicos estão mais entrosados e Paulão Carvalho está conseguindo manter a voz até o fim da apresentação. Já tinha assistido outros shows onde ele começava super bem e depois ia caindo de rendimento devido ao grande consumo de cerveja em cima do palco.
Quem está acostumado com o trabalho do grupo, sabe que o mesmo não é muito amigo de novidades. A essência do show ainda é a mesma. As temáticas são as mesmas. Álcool e mulher. Sempre tratado com uma enorme irreverência, que só pode ser comparada à do grupo baiano Camisa de Vênus. Os demais grupos que se dizem irreverentes não são páreo para os garotos. Não há limites nem nos assuntos, nem nas expressões, nem na sua performance. Se você é aquela pessoa caretinha e conservadora, essa banda definitivamente não é para você.
 
Sexo e cerveja continuam sendo os principais temas do Velhas Virgens
 
Uma da características mais bacanas do rock n´ roll é a diversão. E é exatamente isso que o grupo traz quando sobe ao palco. Essa não é aquela banda que os garotos vão aos shows para ver o que o cara sabe ou não fazer em seu respectivo instrumento e nem é aquela banda onde o cara vai para refletir. Esse é o tipo de show onde a garotada vai para ligar um foda-se e esquecer dos problemas da vida durante um tempo. Seus fãs sabem todas as letras de cor. Basta Paulão jogar o microfone para a plateia ou fazer algum sinal do palco pedindo para que cantem, e escutamos toda a plateia gritando a plenos pulmões frases que fariam Rafinha Bastos ficar morrendo de vergonha.
As brincadeiras não estão somente nas letras das músicas, mas também no diálogo com a plateia. Durante “Siririca Baby”, o cantor dispara “se você não conseguir tocar uma siririca ou uma bronha, (me digam) que porra de ser humano você é?”. Quem acha que as garotas se sentem insultadas está redondamente enganado. A plateia cai na gargalhada. Afinal, em um show de uma banda chamada Velhas Virgens não dá para esperar palavras poéticas, não é mesmo? Algumas vão, inclusive, além das risadas. Durante a faixa que dá nome ao espetáculo, duas garotas começam a se beijar, sem se importar com a presença das câmeras, deixando vários garotos que estavam em volta empolgados com a cena. Nem a banda escapa das tirações de sarro. “Antigamente eu criticava a MTV, mas agora estão passando o nosso clip. Então agora eu os aplaudo. Sim, somos vendidos. Mas só me vendo se for para receber cerveja boa”. 
É verdade que em alguns trabalhos de estúdio, a banda pega mais leve no quesito putaria, como aconteceu em Com a Cabeça no Lugar e até mesmo no recém-lançado Todos Os Dias A Cerveja Salva Minha Vida, mas mesmo assim não dá para taxa-los de vendidos. O grupo está muito longe de se enquadrar naquilo que é considerado padrões FM. Até porque mesmo quando “pegam leve” nos discos, nos shows não sobram pedra sobre pedra. Lembro que os assisti na divulgação do já citado disco Com a Cabeça no Lugar, no Morrison Bar em São Paulo, e a apresentação não havia mudado em nada. A mesma putaria de sempre.
 
A ex-Patotinha Juliana Kosso se destaca no show
 
Já é tradição no Velhas Virgens, a presença de uma cantora. Desde o início do grupo até os dias atuais, alguns rostos já passaram pelo posto. Entretanto, a atual Juliana Kosso, é minha preferida. Superando, inclusive, a cultuada Claudia Lino, atual pastora da igreja Bola de Neve (quem diria, hein?). Extremamente carismática e dona de uma boa voz, a linda ruivinha deixa os pudores de lado e entra na brincadeira provocando o público com performances sensuais e frases como “me falaram que aqui tem homem bem dotado. E super bem dotado? Tem algum aqui essa noite?” e “eu dou para quem eu quiser”. Não é necessário dizer que os garotos da plateia vão à loucura.
 
Com 25 anos de estrada, o Velhas Virgens consegue manter integridade artística e conquistar um público fiel e grande o suficiente para lhe render o título de “maior banda independente do Brasil” sem precisar fazer concessões. Para mim, uma das melhores bandas brasileiras da atualidade. Se você gosta de rock n´ roll e não se importa com letras explicitas sobre sexo e bebedeira, a diversão está garantida.
 
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Divertido
Faixas:
01)   Intro
02)   O Gênio da Garrafa 
03)   Essa Mulher Só Quer Viver Na Balada 
04)   Tudo O Que A Gente Faz 
05)   Toda Puta Mora Longe 
06)   Cafajeste 
07)   Velho Safado 
08)   Ninguém Beija Como As Lésbicas 
09)   Strip & Blues 
10)   E O Que É Que A Gente Quer? (B.U.C.E.T.A.) 
11)   A Última Partida de Bilhar 
12)   Siririca Baby 
13)   Madrugada e Meia 
14)   Abre Essas Pernas 
15)   O Amor É Outra Coisa 
16)   Beijos de Corpo 
17)   Uns Drinks 
18)   Bortolotto Blues 
19)   Essa Mulher Só Quer Viver Na Balada Videoclipe (Extra) 
20)   Velho Safado Videoclipe (Extra)