Por Davi Pascale
O lendário Robert Plant volta a
atacar, mais uma vez acompanhando da ótima The Sensational Space Shifters. Seu
novo álbum é um trabalho calmo, melancólico, repleto de influências folk, de
música indiana, que o cantor tanto gosta, e com um flerte com a eletrônica.
Ainda não foi dessa vez que o cantor voltou ao rock pesado. Portanto, se você
não está acostumado com os trabalhos mais recentes do músico, vá com calma...
Há quem ache que o cantor
amadureceu desde Dreamland. Há quem
ache que seus discos se tornaram sem sal desde então. Embora goste dos
trabalhos que vem lançando, confesso que ainda gosto mais da sonoridade que
praticava em álbuns como Now And Zen
e Manic Nirvana. Até por conta de
seu glorioso passado, ainda fico esperando momentos mais rock n roll que quase
nunca chegam. Sinto falta de encontrar alguns sons no pique de “Hurting Kind”
ou “Tall Cool One”, por exemplo.
Um ponto a favor é que Plant
soube envelhecer enquanto vocalista. Ele não fica esgoelando a voz para tentar
atingir tons que dificilmente conseguiria subir em uma apresentação ao vivo. Ao
invés disso, mudou seu estilo de cantar, se mantendo em uma região mais baixa.
E nos shows, muda os arranjos das velhas canções. Já faz um tempo que ele vem
fazendo isso. E a lógica se mantém por aqui. O trabalho vocal, conforme era de
se esperar, está excelente.
Não há dúvidas em relação à
qualidade do álbum. Trabalho vocal muito bem feito. Mesmo! Produção impecável, músicos
de primeiro time. Contudo, esse é um álbum recomendado para aquelas pessoas que
adoram trabalhos como Mighty Rearrenger ou Lullaby... And The Ceaseless Roar. Se esses são seus discos
preferidos de Plant, vá sem medo. Não é o meu caso...
O início do CD é, sem dúvidas,
onde estão os melhores momentos. “The May Queen” remete à sonoridade praticada
em No Quarter (brilhante álbum que
realizou ao lado de seu velho parceiro Jimmy Page nos anos 90). “Season´s Song”
é uma bonita e cativante balada. “New World” é um dos poucos momentos onde a
guitarra dá a tônica da canção. O outro momento onde a guitarra ganha um pouco
de destaque é a mediana “Bones of Saints”.
Em “Keep It Hid” e “A Way With
Worlds”, o cantor adiciona elementos eletrônicos por trás do arranjo. Não sou
contra a modernidade e nem tenho problema com esses tipos de experimentações,
mas não gostei do resultado final. Entre as duas, a melancólica “A Way With
Worlds” é a melhor.
Outro momento digno de nota é sua
versão de “Bluebirds Over The Mountain”, uma velha canção do cantor de
rockabilly Ersel Hickey. Uma faixa que, embora tenha sido regravada ao longo
dos anos por artistas do calibre de Ritchie Valens e Beach Boys, permaneceu na
obscuridade. Não é novidade a admiração do músico pelo som dos anos 50. Quem
não se lembra dos Honey Drippers? Foi interessante notar como ele desmontou a
canção e transformou em algo totalmente diferente.
Em resumo, Carry Fire é um trabalho bonito, com altos e baixos, mas não me
causou essa impressão que a mídia vem pintando, de ser uma obra-prima, de ser o
álbum do ano, etc. Um bom disco, que nos sacia a vontade de ouvir algo novo de
Plant, que nos pinta um sorriso no rosto em alguns momentos, mas que também nos deixa
um gostinho de ‘quero mais’...
Nota: 7,0 / 10,0
Faixas:
01)
The May Queen
02)
New World
03)
Season´s Song
04)
Dance With You Tonight
05)
Carving Up The World Again... A Wall Not a Fence
06)
A Way With Words
07)
Carry Fire
08)
Bones of Saints
09)
Keep It Hid
10)
Bluebirds Over The Mountain
11)
Heaven Sent