terça-feira, 17 de outubro de 2017

Robert Plant – Carry Fire (2017):



Por Davi Pascale

O lendário Robert Plant volta a atacar, mais uma vez acompanhando da ótima The Sensational Space Shifters. Seu novo álbum é um trabalho calmo, melancólico, repleto de influências folk, de música indiana, que o cantor tanto gosta, e com um flerte com a eletrônica. Ainda não foi dessa vez que o cantor voltou ao rock pesado. Portanto, se você não está acostumado com os trabalhos mais recentes do músico, vá com calma...

Há quem ache que o cantor amadureceu desde Dreamland. Há quem ache que seus discos se tornaram sem sal desde então. Embora goste dos trabalhos que vem lançando, confesso que ainda gosto mais da sonoridade que praticava em álbuns como Now And Zen e Manic Nirvana. Até por conta de seu glorioso passado, ainda fico esperando momentos mais rock n roll que quase nunca chegam. Sinto falta de encontrar alguns sons no pique de “Hurting Kind” ou “Tall Cool One”, por exemplo.

Um ponto a favor é que Plant soube envelhecer enquanto vocalista. Ele não fica esgoelando a voz para tentar atingir tons que dificilmente conseguiria subir em uma apresentação ao vivo. Ao invés disso, mudou seu estilo de cantar, se mantendo em uma região mais baixa. E nos shows, muda os arranjos das velhas canções. Já faz um tempo que ele vem fazendo isso. E a lógica se mantém por aqui. O trabalho vocal, conforme era de se esperar, está excelente.

Não há dúvidas em relação à qualidade do álbum. Trabalho vocal muito bem feito. Mesmo! Produção impecável, músicos de primeiro time. Contudo, esse é um álbum recomendado para aquelas pessoas que adoram trabalhos como Mighty Rearrenger ou Lullaby... And The Ceaseless Roar. Se esses são seus discos preferidos de Plant, vá sem medo. Não é o meu caso...



O início do CD é, sem dúvidas, onde estão os melhores momentos. “The May Queen” remete à sonoridade praticada em No Quarter (brilhante álbum que realizou ao lado de seu velho parceiro Jimmy Page nos anos 90). “Season´s Song” é uma bonita e cativante balada. “New World” é um dos poucos momentos onde a guitarra dá a tônica da canção. O outro momento onde a guitarra ganha um pouco de destaque é a mediana “Bones of Saints”.

Em “Keep It Hid” e “A Way With Worlds”, o cantor adiciona elementos eletrônicos por trás do arranjo. Não sou contra a modernidade e nem tenho problema com esses tipos de experimentações, mas não gostei do resultado final. Entre as duas, a melancólica “A Way With Worlds” é a melhor.

Outro momento digno de nota é sua versão de “Bluebirds Over The Mountain”, uma velha canção do cantor de rockabilly Ersel Hickey. Uma faixa que, embora tenha sido regravada ao longo dos anos por artistas do calibre de Ritchie Valens e Beach Boys, permaneceu na obscuridade. Não é novidade a admiração do músico pelo som dos anos 50. Quem não se lembra dos Honey Drippers? Foi interessante notar como ele desmontou a canção e transformou em algo totalmente diferente.

Em resumo, Carry Fire é um trabalho bonito, com altos e baixos, mas não me causou essa impressão que a mídia vem pintando, de ser uma obra-prima, de ser o álbum do ano, etc. Um bom disco, que nos sacia a vontade de ouvir algo novo de Plant, que nos pinta um sorriso no rosto em alguns momentos, mas que também nos deixa um gostinho de ‘quero mais’...

Nota: 7,0 / 10,0

Faixas:
      01)   The May Queen
      02)   New World 
      03)   Season´s Song
      04)   Dance With You Tonight
      05)   Carving Up The World Again... A Wall Not a Fence
      06)   A Way With Words
      07)   Carry Fire 
      08)   Bones of Saints
      09)   Keep It Hid
      10)   Bluebirds Over The Mountain
      11)   Heaven Sent