quarta-feira, 18 de março de 2015

Kiss: Kiss Meets The Phantom Of The Park (1978):



Por Davi Pascale

Estou de volta com mais uma dica para os amantes do cinema. Aproveitando o gancho do festival Monsters of Rock, decidi escrever hoje sobre o primeiro longa que os mascarados do Kiss fizeram, ainda nos anos 70. A película ganhou um status de cult e foi bastante exibida na televisão brasileira durante a década de 80 com o nome de Kiss E O Fantasma das Trevas. Confere aí...

Astros do rock se aventurarem nas telas de cinema até que é uma história bem comum. Elvis Presley, Monkees, Beatles, David Bowie, são apenas alguns nomes que se aventuraram nas grandes telas. Às vezes, fazendo longa em cima de sua imagem de cantor. Às vezes, fazendo pequenas pontas em alguma história. Quando se está com uma grande exposição então, é batata surgirem convites e rolar uma certa pressãozinha para que os músicos aceitem o desafio.

Logo, seria mais do que comum que surgisse um convite desses para o Kiss nesse período. Em 1977, estavam no auge de sua popularidade. O grupo vinha em uma crescente com uma força que pouquíssimas vezes ocorreu. Aqui, o Kiss já começava a se tornar uma empresa. Rolava um grande investimento na construção de imagem dos rapazes. Os músicos não poderiam serem fotografados sem as máscaras, havia um enorme merchandising da banda (as famosas máquinas de pinball do Kiss são desse período), haviam realizado uma excursão no Japão onde haviam batido o recorde de público dos Beatles. O que ninguém esperava é que em tão pouco tempo, os músicos se desgastassem tanto internamente. Quando o filme foi realizado, apenas um ano depois dessa febre, a banda parecia ter seus dias contados. E a situação dos músicos acabou afetando a produção do filme.

Músicos não aprovam o filme

A equipe que estava por trás era bem profissional. Para vocês terem uma idéia, a direção ficou a cargo de Gordon Hessler. O rapaz é um diretor lendário do cinema de terror, e dirigiu filmes considerados clássicos do gênero como Uivo da Bruxa e Assassinatos da Rua Morgue (história baseada no conto de Edgard Allan Poe, que serviu de inspiração para a música “Murders In The Rue Morgue” do Iron Maiden). A produção ficou por conta da Hanna-Barbera. A idéia inicial é que fosse apenas um especial de televisão. Gene Simmons, fã de histórias de terror, comemorou quando soube que Hessler dirigiria seu filme. A banda nunca culpou o diretor pelo fracasso do projeto. “Gordon Hessler teve o azar de ser colocado em uma tarefa impossível que era criar um filme, estrelado por 4 idiotas que não tinham a menor noção de atuação e um roteiro extremamente brega”, declarou Paul Stanley ao site Fangoria.

A história girava em torno do grupo que se tornava vítima de um plano diabólico de um cientista desmiolado que se chamava Abner Devereaux. O rapaz pretendia destruir a reputação do grupo e resolveu prender os músicos, enquanto deixava a solta no parque robôs com as mesmas características e movimentos dos rapazes para criarem problemas e se apresentarem no lugar deles, incorporando letras mais inocentes. Os músicos vão utilizar seus poderes de super heróis para combater o cientista maluco, destruir os robôs e entregar aos seus fãs o show que esperam. Paul Stanley tinha visão raio x, Gene Simmons era incrivelmente forte e cospia fogo, Ace Frehley se teletransportava e Peter Criss era incrivelmente veloz.

Anuncio alertando a exibição do filme na TV

O primeiro problema do projeto era esse. Era focado mais o lado super-herói do que o lado músico. O segundo, era a desunião entre os rapazes. Não é segredo para ninguém que várias imagens de Peter Criss foram feitas por dublês, já que ele se mandava do set, por não querer ficar ao lado dos rapazes. Aliás, ele não participou da pós-produção do filme. Por isso, sua voz foi dublada por Michael Bell (Naquela época, as vozes eram regravadas após as filmagens para deixar o áudio mais nítido). Durante as entrevistas realizadas com os músicos para que pudessem criar suas falas, Ace Frehley não respondia quase nada e ficava fazendo barulhinhos com a boca. Por isso, ele tem pouquíssimas falas no filme. Originalmente, não teria nenhuma, mas o músico ameaçou abandonar o grupo, caso não tivesse alguma fala incluída no filme. O guitarrista também não se dava muita com Gordon e brigava constantemente com o rapaz abandonando o set. Com tudo isso rolando, não tinha como a película ser um clássico do cinema, sejamos honestos. 

Kiss Meets The Phantom Of The Park foi lançado originalmente em VHS e ficou muito tempo fora de catálogo.  Depois de muitos anos, a versão européia foi incluída na série Kissology. Ela é um pouco diferente da versão que rolava no Brasil. A dublagem brasileira foi feita em cima da versão norte-americana. A versão européia tinha alguns minutos a mais e trilha sonora diferente. O filme não é uma obra-prima, mas é no mínimo divertido. Quem é fã de Kiss tem a obrigação de assistir, ao menos, uma vez na vida. Corra atrás.