Por Davi Pascale
Ícones do thrash metal brasileiro se reinventam em novo disco. Machine Messiah traz o Sepultura para o
presente e deve dividir seus fãs.
Desde que Max Cavalera saiu do grupo após o emblemático Roots que os fãs se dividiram. Muitos
diziam que a banda sem Max não era a mesma coisa. A novela se intensificou
depois que Iggor pediu as contas. Durante muitos anos, a banda foi vista como a
banda dos irmãos Cavalera. Atualmente, ela é vista como a banda de Andreas
Kisser. Embora não seja um integrante original, já tem um tempo que o músico
puxou a bronca para si. Se você é um desses que acha que a banda perdeu a magia
com a saída dos irmãos, afaste-se do novo álbum.
Particularmente, gostei muito de Machine
Messiah, mas eles vão meio que na contramão daquilo que faziam quando a
formação clássica se esfacelou. Nos últimos trabalhos ao lado do Max – Chaos A.D. e Roots – a banda explorava mais uma proximidade com a cultura
brasileira. Esse toque brasileiro aparece em pouquíssimos momentos por aqui e
quando aparece é bem de leve. Um exemplo seria a introdução do single “Phantom
Self”. Na real, eles estão soando mais internacionais do que nunca. Talvez seja
influência do renomado produtor Jens Bogren (Kreator, James LaBrie), mas achei
que eles estão mais para In Flames do que qualquer outra coisa.
Já tem um tempo que os músicos têm procurado se aventurar em novos
territórios. E esse disco representa exatamente isso. Não apenas a mixagem está
mais moderna, como os arranjos estão mais ousados. Embora sejam um forte
representante do thrash, os músicos não ficam naquela camisa de força tentando
soar old school todo o tempo e em vários momentos buscam referências em outras
vertentes. Talvez, essa seja uma influência vinda do Metallica, banda que o
Andreas adora.
A faixa de abertura, “Machine Messiah”, já deixa isso claro. Uma faixa
densa, arrastada com Derrick Green cantando fora de seu território comum. Ou
seja, com a voz limpa. As linhas vocais dessa música, por algum motivo, me
remeteram ao Ghost. Derrick, aliás, é um dos grandes destaques do disco. Fez
linhas vocais diferentes, mais melódicas. Outro trabalho de destaque do rapaz é
na pesada “Cyber God”, onde está mais próximo de Corey Taylor (Slipknot, Stone
Sour) do que de Chris Barnes (Cannibal Corpse).
Outro grande destaque no disco é o trabalho de bateria de Eloy
Casagrande. O garoto está um verdadeiro monstro. Toda sua criatividade e
técnica podem ser conferidas na instrumental “Iceberg Dances”, que traz
passagens influenciadas pelo progmetal. Sem brincadeiras.
Andreas Kisser continua sendo o homem de frente. À essa altura do
campeonato, ninguém questiona mais suas habilidades nas seis cordas. Como era
de se esperar, o músico fez um ótimo trabalho com ótimos riffs e excelentes
solos. Paulo Jr. segura o baixo com eficiência. Para quem sente saudade de
quando faziam um som mais direto, pode se deliciar com petardos do porte de “I
Am The Enemy” ou “Silent Violence”, mas como disse, esse trabalho não é old
school. Está mais recomendado para os fãs de Kairos do que para os fãs de Arise.
Em outras palavras, Machine
Messiah traz um Sepultura pesado, criativo e com os pés no presente. Lançado
na última sexta-feira 13, o trabalho tem dividido seus fãs. Tem gente que acha
que ficaram com uma sonoridade internacional demais (o que é verdade, mas não
vejo muito problema nisso) e tem gente afirmando que é o melhor trabalho da
fase Derrick, o que também acho exagero. Meu disco favorito da fase Derrick
ainda é o Roorback. De todo modo,
bela banda e belo álbum. Recomendo!
Nota: 8,5 / 10,0
Status: Ousado
Faixas:
01)
Machine
Messiah
02)
I Am The
Enemy
03)
Phantom
Self
04)
Alethea
05)
Iceberg
Dances
06)
Sworn Oath
07)
Resistant
Parasites
08)
Silent
Violence
09)
Vandals
Nest
10)
Cyber God
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