domingo, 30 de novembro de 2014

Julian Casablancas + The Voidz: Tyranny (2014):





Por Davi Pascale

Líder do Strokes se lança em mais uma aventura solo. Contando com um material experimental, afasta-se de vez da sonoridade rock de garagem que era associado no inicio de sua carreira, mas esquece-se de manter o nível das composições. Novo disco é arrastado e cansativo.

Quando o Strokes lançou seu debut em 2001, o cultuado Is This It, começaram a ser tachados de a salvação do rock. Embora tenha gostado disco, não dei bola para essa puxação de saco da imprensa. Até porque, na época, a cada semana surgia uma salvação do rock. E, pelo visto, agi certo. A cada trabalho, soavam menos interessantes. Parece que o ego começou a falar mais alto do que a música. Daí já viu... E esse é um dos defeitos do novo trabalho de Casablancas. É um disco prepotente. Até gosto quando o artista surpreende com algo novo, mas é preciso que saiba o que está fazendo. E não fiquei com essa certeza após ouvir esse CD. Há alguns bons momentos, mas também há muitas idéias que poderiam ser melhores desenvolvidas.

“Take Me In Your Army” foi escolhida como faixa de abertura. Nunca vi um inicio de disco tão apático. Musica extremamente para baixo. Tudo bem que esse não é o disco mais animado do mundo, mas poderia ter iniciado com uma faixa mais empolgante. Bom... pelo menos não começou com a chatíssima “Xerox”. Por outro lado, teve a manha de encerrar com a tenebrosa “Off To War...”

Cantor do Strokes lança álbum experimental, mas não convence

O disco transita por diversos universos. Há guitarras distorcidas e bateria eletrônica. Influencias da world music e do punk rock. Elementos da música africana e do synth pop. Se o cara não conseguiu criar uma obra-prima, pelo menos não dá para acusá-lo de não se arriscar artisticamente.

Entretanto, como disse, o CD apresenta bons momentos. Se não criou uma obra-prima, como já disse, certamente também não criou algo abominável. “Crunch Punch” e “Where No Eagles Fly” são as que talvez mais se aproximem do material do grupo que o deixou mundialmente famoso e são bem divertidas. “Father Eletricity” é a que conta com a tal influencia africana e oferece uma agradável viagem. “Human Sadness” começa devagar, mas logo prende a atenção do ouvinte. Interessante notar como vai construindo a canção aos poucos. Do mais, as composições variam entre medianas e chatas.

Suas linhas vocais não mudaram muito e continua abusando do vocal com efeito distorcido. Poderia ousar um pouco mais nesse aspecto também... O disco é muito bem gravado. Nesse quesito, não dá para criticá-lo. Seus discos sempre foram bem produzidos e aqui não é diferente. O que falta mesmo são composições memoráveis. Daquelas que te fazem pegar o disco para ouvir determinada faixa. Ainda não foi dessa vez que conseguiu me convencer sobre ter competência para levantar vôo sozinho. Pena!

Status: Cansativo
Nota: 5,0 / 10,0

Faixas:
01)  Take Me In Your Army 
02)  Crunch Punch 
03)  M.utually A.ssured D.estruction 
04)  Human Sadness 
05)  Where No Eagles Fly 
06)  Father Electricity 
07)  Johan Von Bronx 
08)  Business Dog 
09)  Xerox 
10)  Dare I Care 
11)  Nintendo Blood 
12)  Off To War…

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