Por Davi Pascale
A participação do Kiss no Rock n
Roll Hall of Fame já estava virando novela mexicana até que a banda decidiu dar
um basta no assunto não se apresentando mais cerimônia, dando um tapa na cara
de muitos que andavam dizendo bobagens por aí. Mas... O que de fato aconteceu?
Não é segredo para ninguém que os
músicos do Kiss não morrem de amores pelo evento. Em recente entrevista à
publicação inglesa Classic Rock, o vocalista Paul Stanley declarou: “Meus sentimentos divergentes sobre o Rock And Roll Hall Of
Fame não mudaram nada. A sua atitude é elitista e não reflete o público”. É nítido
que starchild não concorda com os critérios adotados pelos organizadores do
evento. “O Rock Hall reflete um pequeno grupo que dita quem satisfaz os
critérios que eles consideram que seja ‘rock and roll’. Eu sempre senti que o
espírito do rock and roll significa não só ignorar seus críticos, mas ignorar
seus pares e fazer o seu próprio caminho”.
Muitos
devem estar se questionando: se não gosta do evento, por que aceitou? Os
músicos sempre disseram que por eles seria indiferente serem ou não nomeados,
mas que caso fossem, aceitariam pelos fãs. Se isso acontecesse com outro artista
diria que estava sendo hipócrita, mas no caso do Kiss, não dá para afirmar
isso. Os músicos ficaram conhecidos por entregar aos fãs aquilo que eles
querem. Sempre defenderam essa tese, inclusive nos momentos de baixa
popularidade. Portanto, nesse caso, se agissem diferente, jogaria contra a
história da banda.
Muito
bem. Finalmente, eles foram nomeados e toparam participar da cerimônia. E daí
começa o problema. Inicialmente, os organizadores queriam que a banda se
apresentasse com a formação original. Ace Frehley e Peter Criss, é claro,
ficaram igual à uma criança quando ganha um brinquedo novo. Paul Stanley e Gene
Simmons, é claro, lutaram contra.
Ao que tudo indica, Ace Frehley e Peter Criss não concordaram com proposta |
É nítido
que Ace e Peter têm um valor enorme na historia do conjunto e possuem enorme
respeito e admiração entre seus seguidores (inclusive, eu faço parte desses
seguidores), mas eles saíram da banda há muito tempo. Peter Criss foi expulso
da banda (segundo ele mesmo relatou em sua autobiografia) por conta da sua dependência
com álcool e drogas em 1980. Ace Frehley abandonou o barco dois anos depois. Ou
seja, quem segurou o nome da banda durante todos esses anos foram Paul Stanley
e Gene Simmons. Isso é tão fato quanto a importância de Ace e Peter. É
diferente também do Guns n´ Roses (caso alguém esteja pensando em compará-los)
porque o Kiss nunca se separou. E os principais compositores sempre foram
Stanley e Simmons. Frehley compôs bastante coisa, sim, mas em menor proporção. Não
importa se a fase cultuada é a dos anos 70. Se o grupo não tivesse durado 40
anos, muito provavelmente sua popularidade não seria tão forte e talvez, não
estivessem sendo nomeados para o evento.
Antes
mesmo que a banda explicasse o que estavam planejando, vários seguidores e um
guitarrista com um ego do tamanho de um bonde chamado Chris Impelliteri
começaram a escrever bobagens na internet e ofender os músicos por conta dos
posts de Ace e Peter que fizeram um desabafo na internet contando a história, ao
que tudo indica, pela metade. Atitude típica da geração ‘ejaculação precoce’.
Já esperava isso dos adolescentes que se masturbam para a Kesha (alguns deles
para o Justin Bieber) no Youtube, mas não do Impelliteri.
Lendo o post do Ace, a declaração
oficial da banda e os twitts que acompanhei de Stanley nos últimos meses, o que
me dá a entender é que os músicos estavam planejando tocar com a formação atual
e convidar os ex-integrantes para fazerem uma participação especial. Isso fica
claro para mim quando Ace Frehley escreve “não subirei ao palco com Tommy usando
minha maquiagem. Isso é absurdo”. E também quando a banda esclarece “contrariamente
às informações feitas nas redes sociais, nós não nos recusamos a tocar com Ace
e Peter”.
Sinto dizer, mas acho a atitude
digna. Eles dariam reconhecimento aos membros originais, não desqualificariam o
trabalho dos integrantes atuais e não alimentariam uma falsa esperança de uma
nova reunião da formação clássica. Outra coisa que somente aqueles que
acompanham Stanley no twitter haviam se ligado é que Bruce Kulick também iria
participar do evento. Portanto eles não estão sendo hipócritas quando dizem: “Nossa intenção é celebrar toda a história do Kiss e dar crédito a todos, incluindo os que estão conosco
atualmente de longa data. Tommy Thayer, Eric Singer, Bruce Kulick, e ainda,
Eric Carr. Todos os que fizeram esta banda ser o que é”. Como disse, atitude digna, ao contrario do que dizem nos foruns.
Para evitar maiores conflitos, banda deu as costas à apresentação e apenas receberá o prêmio |
O fato é
que por conta de toda essa baixaria (onde alguns desmiolados chegaram,
inclusive, à ofender a Shannon Tweed na conta de Facebook dela, como se a
esposa do Gene Simmons tivesse algo a ver com a história), os mascarados
decidiram que não irão mais se apresentar. Vão receber o premio e vão embora.
Em relação ao Chris
Impelliteri, o rapaz está precisando de um choque de realidade. É verdade, sim,
que é um bom guitarrista. É verdade, sim, que sua banda fez bons discos.
Agora... não dá nem para comparar o legado do Kiss com o legado do Impelliteri.
O Impelliteri perto da banda é um verdadeiro nada. É o mesmo que compararem
Rolling Stones com Axel Rudi Pell. Ou o Steven Tyler com o Jeff Scott Soto. Portanto,
me dá pena quando ele provoca o the demon dizendo: “Gene, muitas vezes, você diz à imprensa que vai ensinar todas as novas
bandas como os homens de verdade fazem no palco. Então, seja um homem de
verdade, resolva seus problemas com os outros dois e mostre às novas bandas
como é que um homem honrado se comporta”. Depois de uma aula de moral,
ele solta a pérola “Ah... Por falar nisso, a qualquer momento que você deseje
dividir o palco com o Impellitteri, minha banda vai ficar feliz em deixar você
tentar nos ensinar como se faz, antes de enviá-los de volta para casa com os
seus egos entre as pernas... ha ha!".
É isso aí Chris, ri junto
com você. Torça para que Gene Simmons não acate sua provocação porque se fizer, é bem capaz que em várias noites você toque para uma platéia apática,
dispersa e sem metade da lotação. E logo em seguida, veja o Kiss sendo
devotado, tocando com casa cheia. E daí é você que vai ficar com o rabo entre
as pernas. O Kiss conseguiu duas coisas que o Impelliteri não conseguiu: clássicos
e história. Da próxima vez, pense mais antes de escrever asneiras. Nós, fãs de
rock n roll que conhecem o seu trabalho, agradecemos.
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