Por Davi Pascale
Gary Cherone nunca foi um grande cantor ao vivo, mas sempre se saiu bem nos
estúdios. E quase sempre nos entrega discos bem bacanas. O álbum que gravou ao
lado do Van Halen realmente acho fraco, mas a discografia do Extreme é bem
legal e também gosto do Tribe of Judah. E pelo visto, Hurtsmile vai no mesmo
caminho. Depois de lançarem um ótimo debut em 2011, os caras retornam agora com
esse segundo álbum interessantíssimo.
Para conseguirem concretizar esse projeto, contaram com o famoso modelo
crowdfunding. Nada contra o uso da pratica. Até porque cada um contribui dentro
da sua realidade financeira e se o projeto não vingar, o artista devolve o
dinheiro aos seus admiradores. Agora... uma vez que os fãs financiaram o
projeto, poderiam ter deixado de lado essa putaria de bônus track para mercado
japonês. Isso é jogada de marketing de gravadora, já que o Japão tem um público
roqueiro forte. Uma vez que os empresários nem se moveram para viabilizar o
projeto, qual é a lógica?
Completam o time, o guitarrista Mark Cherone, o baixista Joe Pessia e o
baterista Dana Spellman. “Rock n´ Roll Cliche”, inicia o disco. Li em alguns
sites por aí que essa é uma das músicas que haviam sido escritas para um
segundo álbum que faria com o Van Halen e acabou não acontecendo. O mais
curioso de tudo é que ela é Extreme puro. Desde os refrões com várias vozes
cantando harmoniosamente até o riff que de guitarra que em alguns momentos me
remeteu à “Play With Me”. Esse não é o único momento que nos relembramos do
grupo que o lançou ao estrelato. Faixas como “Big Government” e “Sing a Song
(my Mia)” também poderiam terem sido gravadas ao lado de Nuno Bittencourt e
cia.
Grupo de Gary Cherone chega ao segundo álbum |
Mas nem somente de Extreme vive o álbum. “Where do We Go From Here” traz
uma forte de influência de Led Zeppelin depois que o arranjo ganha corpo, tanto
na bateria quanto na guitarra. “Hello I Must Be Going” traz vocalizações à la
Beatles, enquanto o refrão de “Goodbye” tem influência direta da country music.
No Extreme, mais do que o timbre marcante e o carisma de Cherone, o que
mais chamava a atenção dos fãs e dos críticos musicais era a guitarra de Nuno.
E se levarmos em consideração que pouco depois, o rapaz gravou e excursionou e
gravou ao lado do cultuadíssimo Eddie Van Halen, nem precisa falar que vai ter
neguinho reparando no trabalho de guitarra desse álbum. Para a sorte de Gary, o
cara é excelente. Se sai bem tanto nas músicas pesadas quanto nas mais
acústicas. O trabalho vocal de Gary Cherone não apresenta grandes diferenças.
As linhas vocais são bem similares aos de seus antigos registros. Ou seja, quem
gosta de seu trabalho vai ficar bem satisfeito. Quem nunca gostou, não é nesse
disco que irá mudar de opinião.
Outro bom momento é a faixa que fecha a versão standard, “Pump It Up”. A
ideia era misturar a guitarra hard rock com baixo funkeado e vocal meio
pausado. E o mais curioso de tudo é que embora siga uma de ideia de arranjo bem
similar, o resultado ficou bem diferente de “Get The Funk Out” (Pornograffitti). Faixa bem mais
interessante do que o bônus japonês “Over There”, que não é desprezível, mas
também não tem nada de demais. Aquela música animadinha com clima de final de
festa feliz. Bacana ver gente dessa geração tentando emplacar novos projetos,
novas canções. E o mais bacana de tudo, com um nível bem alto.
Nota: 8,0/10,0
Status: Ótimo
Faixas:
01)
Rock n´
Roll Cliche
02)
Hello, I
Must Be Going
03)
Big
Government
04)
I Still Do
05)
Sing a Song (My Mia)
06)
Anymore (Don´t Want My Love)
07)
Where Do We Go From Here
08)
A Melody For You
09)
Wonder What
10)
Walk Away
11)
Goodbye
12)
Pump It Up
13)
Over There (Bonus Edição
Japonesa)
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