segunda-feira, 7 de março de 2016

KKB – Got To Get Back (2015):



Por Davi Pascale

Ex-guitarrista do Kiss reedita álbum raro. Gravado despretensiosamente nos anos 70, material impressiona pela qualidade das músicas e pelo nível dos instrumentistas. Álbum recomendado não apenas aos fãs de Kiss, mas aos fãs de rock setentista em geral.

Bruce Kulick ficou conhecido mundialmente ao integrar o grupo norte-americano Kiss. Se juntou ao grupo em 1984 substituindo Mark St John e permaneceu no mesmo até 1996, quando foi afastado do Kiss para retornarem a formação original. Bruce ajudou a reinventar a sonoridade do grupo ao trazer seu estilo mais técnico. Mas antes que conseguisse esse destaque, era apenas mais um (ótimo) músico correndo atrás de seu ganha pão e sonhando em conseguir viver de música um dia. Suas primeiras gravações ocorreram em um estúdio na cidade de Nova Iorque no ano de 1974. E é exatamente esse o material do CD.

Como qualquer garoto, resolveu montar uma banda. Se juntou ao baixista/vocalista Mike Katz. Um rapaz que morava na sua rua, que tinha habilidade para composição. Completava o time, um baterista ali da região que atendia pelo nome de Guy Bois. Além de ser um bom músico, a casa de seus pais tinha um espaço que poderiam utilizar para ensaios e criação das músicas. O power trio não foi para frente. Nunca subiram juntos em um palco e nunca conseguiram bolar um nome para a banda. Tudo o que resistiu foi uma fita de rolo com as gravações de suas músicas. A ideia até então era de registrar as músicas que haviam escrito.

Em 2008, alguns amigos de Bruce convenceram o guitarrista à lançar o disco. Foi criado um CD, com uma prensagem baixíssima, vendida somente em seu site. O material se esgotou rapidamente e o disco se tornou ítem de colecionador. No ano passado, foi criada uma nova prensagem, com algumas modificações. Duas faixas foram retiradas, uma foi adicionada e outra ganhou uma nova mixagem. Também foi criada uma nova capa para o disco.

Gravado em formato de power trio, disco é curto e intenso.

A nova faixa, responsável por dar título ao disco, é literalmente nova. Foi gravada especialmente para o álbum. Cada músico gravou sua parte por conta e juntaram depois num estúdio. Os músicos tentaram recriar a sonoridade da época. O arranjo é um pouco mais direto do que as músicas que faziam na época. A canção é boa. O único senão é a gravação de bateria que poderia ser melhor.

Logo na segunda música, entramos no registro original de 1974. O nível da banda era excelente. Bom trabalho de baixo, vocal bacana, excelente trabalho de guitarra e bateria. Com um bom empresário, tinham de tudo para terem se tornado um dos grandes grupos da época. Os músicos faziam um hard rock com influência de progressivo. Algo como uma feliz mistura entre Cream, Grand Funk Railroad e Rush (dos dois primeiros discos).

O trabalho do KKB traz um Bruce Kulick mais emoção, menos virtuose. Influências de Jimi Hendrix são sentidas em diversos momentos do EP. “Trying to Find a Way” é uma das que me lembram o grupo de Geddy Lee. “I´ll Never Take You Back” e “You´ve Got a Hold On Me” trazem altas influências de Cream. A curta balada “Someday” ganhou uma nova orquestração que traz uma dramaticidade à música.

Infelizmente, o disco conta com apenas 7 músicas e dura aproximadamente meia hora. Realmente uma pena. Gostaria muito de ouvir mais material deles. Para os colecionadores de plantão, o EP de 2008 foi reeditado em vinil, mas corre logo porque tanto o CD quanto o LP foram prensadas em apenas 500 cópias numeradas. Corre atrás porque vale a pena. Disco bem bacana! 

Nota: 9,0 / 10,0                     
Status: Surpreendente

Faixas:
      01)   Got to Get Back
      02)   I´ll Never Take You Back
      03)   My Baby
      04)   Someday
      05)   Trying To Find a Way
      06)   You Won´t Be There 
      07)   You´ve Got A Hold On Me

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