Por Davi Pascale
Há uma diferença entre inovar e
se vender. Quando um artista inova, ele traz elementos de outros segmentos para
dentro de seu trabalho. Quando tudo é mudado e vai tudo de frente para o que
está sendo trabalhado na mídia, não há dúvidas, o cara se vendeu bonito. E é
essa sensação que me dá ao ouvir o disco novo do Linkin Park.
Esqueçam as guitarras pesadas,
esqueçam os berros, esqueçam as linhas rappers. Nada disso está mais no centro
do som da banda californiana. Aliás, muitos desses elementos não estão mais no
som do grupo. As linhas rappers de Mike Shinoda, que tanto ajudou a definir o
som dos garotos, aparecem agora somente em “Good Goddbye”. O rapaz, inclusive,
quase não aparece no álbum. Muitas vezes me dá a sensação de estar ouvindo um
trabalho solo do Chester Bennington. Não me surpreenderia receber a notícia de
que Shinoda se desligou do grupo.
Evidente que o trabalho possui
uma certa qualidade. A qualidade de gravação do álbum, dentro de sua proposta,
é perfeita. O problema é a proposta que, certamente, irá incomodar muitos.
Aqui, o Linkin Park deixa de ser uma banda de rock para se tornar um conjunto
pop. No sentido literário do termo. “Heavy” é uma canção que poderia constar no
álbum de uma Katy Perry da vida, sem sofrer nenhuma alteração no arranjo.
As guitarras distorcidas deram espaço à uma
guitarra magra, conforme podemos conferir em “Talking to Myself”. Está mais
para Thirty Seconds to Mars do que qualquer outra coisa. Boa parte da bateria é
eletrônica, como podemos notar em “Battle Symphony” ou em “Halfaway Right”.
Aliás, os elementos eletrônicos ditam a sonoridade de todo o álbum.
Sim, é verdade que os elementos eletrônicos sempre se fizeram presentes no som dos garotos, mas nunca em tamanha intensidade e nunca em tamanha modernidade. O Linkin Park foi uma banda que ditou moda, agora eles seguem a moda. O estilo de construção eletrônica presente aqui é a mesma utilizada por artistas pop teen. One More Light parece querer mais agradar ao publico de balada do
que aos rockers. Nada contra, mas uma coisa é uma coisa. E outra coisa é outra
coisa.
Como disse, o disco dentro da
proposta é bem feito. O refrão de “Sorry For Now” é bem construído, a melodia
de “Sharp Edges” também. O trabalho vocal de Chester é bom. Bastante melódico e
bem interpretado. Contudo, o som clean demais e a enorme preocupação de estar de
braços dados com o que dita a moda, me incomoda um pouco. Na torcida para que
em um próximo trabalho, sua pretensão não seja meramente comercial...
Nota: 6,0 / 10,0
Status: Pop além da conta
Faixas:
01)
Nobody Can Save Me
02)
Good Goodbye feat. Pusha and Stormzy
03) Talking
to Myself
04) Battle Symphony
05) Invisible
06) Heavy feat. Kitara
07) Sorry For Now
08) Halfway Right
09) One More Light
10) Sharp Edges
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