Por Davi Pascale
Primeiro álbum de Vinnie Vincent
pós-Kiss completa 30 anos. Disco trazia um verdadeiro dream-team e comprovava,
mais uma vez, o talento de Vinnie enquanto compositor. Trabalho que merece ser
redescoberto.
É inacreditável, mas mesmo com
toda a popularidade que o grupo de Stanley/Simmons tem no Brasil, ninguém se deu ao trabalho de escrever
uma matéria digna sobre esse álbum. Portanto, aqui estou tentando fazer minha
parte.
Vinnie Vincent Invasion chegou às
lojas dia 24 de Agosto de 1986. Vincent John Cusano está longe de ser
considerado o músico mais agradável do mundo, mas ninguém nega seu talento. Nem
enquanto guitarrista, nem enquanto compositor. E seu talento ficava comprovado,
mais uma vez, nesse disco. Das 10 faixas; 2 são uma parceria com o cantor
Robert Fleischman (“Do You Wanna Make Love” e “Invasion”) e uma com Vinnie
Richard Freeman (“Back On The Streets”). As outras 7 músicas, o rapaz escreveu
sozinho.
O material começou a surgir ainda
em 1984, a partir de um encontro com o baterista Hirsch Gardner, seu velho
parceiro de Warrior. Mais precisamente, a partir de 9 de Outubro de 1984. Os músicos
se reuniram continuamente durante 6 meses, de onde nasceram muitas ideias de
músicas, de riffs. O rapaz escreveu novas composições, resgatou faixas
engavetadas, recriou uma parte do material.
“Boyz Are Gonna Rock”, “Animal” e
“Twisted” foram escritas enquanto ainda pertencia ao grupo de Gene Simmons. “Boyz Are Gonna Rock” inspirou “And
On The 8th Day”. Algumas partes da letra tiveram que ser ajustadas.
Algumas adaptações surgiram de outras músicas engavetadas. A frase”until the
day we drop”, por exemplo, é uma alteração de ‘until they get a job” de uma antiga canção dos
tempos de Warrior. Fez a mesma coisa em “Animal”. Pegou um trecho de “It´s Not
Pretty”, também dos tempos de Warrior, e adaptou na música. “With the queen of my dreams” tornou-se “angelic
creation, queen of my dreams”.
Inspiradaço, o músico gastou
$30.000,00 na criação de uma demo e saiu mandando para as gravadoras. As faixas
escolhidas foram “Boyz Are Gonna Rock”, “Shot u Full Of Love” e “No Substitute”.
A fita acabou caindo nas mãos de George Sewitt, que havia trabalhado com Peter
Criss em sua carreira solo e estava trabalhando com Ace Frehley no Frehley´s
Comet. O empresário ficou impressionado com o material e prometeu conseguir um
contrato para ele. Foi por causa desse intermédio que Ace acabou gravando “Back
On The Streets”. (A música saiu oficialmente anos mais tarde no álbum-tributo Return Of The Comet). George cumpriu sua promessa e conseguiu um contrato com a
Chrysalis Records. Vinnie fechou um contrato de $4.000.000,00 prometendo 8
álbuns em 10 anos para os executivos. Algo que não conseguiu, diga-se de
passagem.
O rapaz tinha um contrato, mas
não tinha banda ainda. Trouxe Dana Strum, músico reconhecido na cena que
costumava indicar músicos para meio mundo. Paul Stanley o procurou, por intermédio
de Ozzy Osbourne, para tentar descobrir o novo guitarrista do Kiss, assim que Vinnie
saiu. Dana não o ajudou, e pouco depois foi parar na banda do arqui-inimigo de Paul.
Para a bateria, estava sendo cogitado Fred Coury (Cinderella, David Lee Roth) e
Gregg Bissonette, mas acabaram optando por Bobby Rock. Um novo talento que os
havia impressionado na audição. O nome da banda saiu do release. Junta com a
fita vinha um recado: “this is not music, is an invasion”, ou no velho
português, “isso não é música, é uma invasão”.
O trabalho vocal ficou por conta
de Robert Fleischman, ex-vocalista do Journey. Mais uma vez, o cara não deu
certo em uma banda por questão empresarial. Na época do Journey, os músicos não
queriam que ele tivesse um empresário separado da banda. Nesse caso, o empresário
de Vinnie queria entregar um contrato ruim para o rapaz. Não teria direito a
adiantamento, não teria participação nos direitos autorais, nem nada do tipo.
Queriam que atuasse como um músico contratado.
Fleischman não aceitou e saiu da
banda antes que os músicos caíssem na estrada. Para a turnê, entrou Mark
Slaughter. É por conta disso que o videoclipe de “Boyz Are Gonna Rock” traz
Mark dublando Fleischman. Chegou-se a cogitar regravar o disco com o novo
vocalista antes de coloca-lo nas lojas, existe uma gravação de “Shot Full
Of Love” com eles nos vocais, mas por uma questão de verba ficou tudo como
estava.
A banda conseguiu um certo
destaque na época e chegou a dividir palco com grandes nomes como Iron Maiden e
Alice Cooper. Musicalmente, o disco trazia um hardheavy de primeira e faixas
inspiradíssimas. Como curiosidade, vale reparar o riff de “Boyz Are Gonna Rock”, chupado de “Lick It Up”, além de Vinnie Vincent se arriscando em um dueto com
Fleischman em “Back On The Streets”.
Muitos reclamam do vocal de
Fleischman cantando para cima o tempo todo. O cantor era contra a ideia, mas
acabou seguindo as orientações do guitarrista, o criador da banda. As guitarras
de Vinnie são as usuais. Ótimos riffs e solos velozes, ou como gostam de dizer
alguns críticos, fritados. Nos shows, o álbum era interpretado na integra e eram adicionados um numero instrumental chamado "Speedball" (uma espécie de duelo entre Vinnie e Bobby) e uma versão de "Lick It Up". O repertório do álbum é realmente fortíssimo. Refrãos memoráveis e riffs inspirados. Como disse, um
material, que merece ser redescoberto.
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Excelente
Faixas:
01)
Boyz Are Gonna Rock
02)
Shot U Full Of Love
03)
No Substitute
04)
Animal
05)
Twisted
06)
Do You Wanna Make Love
07)
Back On The Streets
08)
I Wanna Be Your Victim
09)
Baby-O
10)
Invasion
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