Por Davi Pascale
Apresentação clássica é relançada
em edição que acompanha vinil 180 gramas e CD. Performance comprova energia e
alta qualidade dos músicos envolvidos.
Humble Pie foi um dos grandes
nomes da cena setentista. Depois da explosão da British Invasion dos anos 60,
que foi responsável por lançar ao mundo gigantes como Beatles, Rolling Stones e
The Animals, houve uma segunda grande cena na Inglaterra. Embora ainda com
forte influência do blues (Beatles eram mais discretos, mas artistas como
Stones e Yardbirds eram descarados), os músicos dessa vez vinham com uma pegada
mais pesada. Primeira cena daquilo que podemos chamar de hard rock e que seria
influência direta para o princípio do heavy metal. Nessa leva, podemos citar
sem medo de errar grandes nomes como Cream, Led Zeppelin, Free e, é claro Humble
Pie.
O grupo Humble Pie nasceu em 1968,
lançando seu debut (o clássico As Safe
as Yesterday) no ano seguinte. Steve Marriott, líder do grupo, já era
conhecido entre os rockers por conta de sua participação no Small Faces. Na
primeira formação, tínhamos ainda o guitarrista Peter Frampton. Embora já fosse
um músico talentoso e experiente (já havia gravado com o The Herd) ainda não
tinha a popularidade que encontraria na década seguinte (seu álbum solo Frampton Comes Alive é considerado um
dos LPs mais vendidos na história da música). Foi no terceiro álbum, o primeiro
pela A&M Records, que resolveram mergulhar de cabeça nessa sonoridade
blues/rock. E foi exatamente aí que sua popularidade começou a crescer.
Frampton era extremamente respeitado entre os críticos e adorado entre os fãs. Começou a criar sua fama aqui. Quando se afastou do grupo, muitos acreditavam que seria o fim da banda.
Estavam errados. Smokin´, o primeiro
com Clem Clempson, é um marco na trajetória dos rapazes. É o trabalho que teve
maior vendagem em sua discografia. E o show que temos aqui é exatamente dessa
turnê.
Steve Marriott se destaca no show |
Esse registro foi lançado pela
primeira vez em 1995. A apresentação foi gravada para ser transmitida em um
popular programa de rádio chamado King
Biscuit Flower Hour, que durou de 1973 à 2007. Em 1992, foi criado o King
Biscuit Flower Hour Records com o intuito de resgatar algumas dessas
performances clássicas. E foi daí que nasceu sua primeira edição. Muitos
acreditavam o lançamento ser um tiro no pé. Já existia um trabalho ao vivo dos
rapazes, Performance Rockin´ At The
Fillmore, lançado ainda nos anos 70, que é considerado um clássico. Muitos
achavam difícil que conseguissem manter o padrão. Estavam errados. Eu,
particularmente, tenho muito mais afinidade com o trabalho de Frampton (do qual
sou grande fã de sua carreira solo também) do que com o trabalho de Clempson,
mas não dá para diminuir a apresentação. A performance é, no mínimo, explosiva.
Gravado no lendário Winterland
Ballroom, em Maio de 1973, a apresentação demonstra uma energia poucas vezes
vistas. O show é repleto de improvisos, principalmente dos guitarristas Steve
Marriott e Clem Clempson, que estavam literalmente endiabrados. Completavam a
formação, o baterista Jerry Shirley e o baixista Greg Ridley. O trabalho vocal
de Marriott também impressiona. Cantando com a voz lá nas alturas, a impressão
que temos é que o rapaz vai pedir penico depois de 2 ou 3 faixas, mas o cara
mantém a garra até o fim da apresentação.
No setlist, apostavam
principalmente em canções de seu, até então, mais recente trabalho Smokin´ e de seu LP ao vivo Rockin´ At The Fillmore. Misturavam-se
canções autorais como “Hot n´ Nasty” e “30 Days In The Hole” (sim, é a que o Mr.
Big gravou) com versões de clássicos do blues e do rock como “Hallellujah, I
Love Her So” (Ray Charles), “Honky Tonk Woman” (Rolling Stones) e “C´mon
Everybody” (Eddie Cochran). - Essa última, ficou quase irreconhecível - Todas interpretadas com uma energia invejável.
Capa original |
A garra era tanta que nem na
hora de se comunicar com o público o rapaz se acalmava. Marriott conversava com
o publico e anunciava as próximas músicas como se estivesse cantando.
Performance, literalmente, contagiante. Com o passar dos anos, esse acabou se
tornando um dos registros mais populares dos rapazes e retornando ao
mercado diversas vezes. Cada hora com uma capa e um nome diferente.
Para quem
não tem ainda esse disco, vale a pena correr atrás dessa edição caprichada que
traz a performance na íntegra em vinil duplo 180 gramas, acompanhados de um CD. O único senão
é que algumas faixas apresentam um rápido fadeout. Não lembro se as outras
edições eram assim. Elas não cortam as músicas, mas algumas vezes quebra um
pouco o clima da audição. Do mais, sem reclamações. Registro essencial!
Nota: 9,0/10,0
Status: Mágico
Faixas:
01) Up
Our Sleeve
02) 4
Day Creep
03) C´mon
Everybody
04) Honky
Tonk Woman
05) Stone
Cold Fever
06)
Blues
I Believe To My Soul
07)
30
Days In The Hole
08)
Roadrunner
09)
Hallellujah,
I Love Her So
10)
I
Don´t Need No Doctor
11)
Hot
n´ Nasty
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