Por Davi Pascale
Lançado durante sua fase
independente, segundo disco ao vivo do músico carioca focava em b-sides e
marcava por peso em performance inspirada.
No início dos ano 2000, o musico
Lobão virou o rei da cena independente brasileira. Conseguiu uma venda
expressiva com seu álbum vendido em banca de jornal (o ótimo, A Vida É Doce) e apoiou a revista OutraCoisa, focada em artistas do
underground. Foi justamente nessa fase que o álbum em questão foi lançado.
Mais uma vez lançado nas bancas,
o disco causou menos furor. O que é uma pena. O show foi filmado pela
Multishow, mas teve seu registro em vídeo arquivado. A apresentação foi exibida
na íntegra no canal televisivo, mas o lançamento em DVD acabou sendo abortado.
O que também é uma pena.
Uma Odisseia No Universo Paralelo trazia o musico totalmente à
vontade no palco. Seguro e com uma formação enxuta (apenas um baixista e um
baterista o acompanhava), João Luiz Woerdenbag Filho estava em uma fase
brilhante. O repertório era focado em seu mais recente álbum – o já citado A Vida é Doce – e trazia algumas
verdadeiras pérolas. “A Noite”, “O Grito” e “Samba da Caixa Preta” foram
resgatadas de álbuns obscuros e se tornam um dos pontos alto da apresentação.
Ao vivo, as músicas cresciam. Sem
a aproximação da MPB de Nostalgia da
Modernidade e com pequenas intersecções de bateria eletrônica (algo bastante
presente em Noite), as canções
ganham mais peso, mais intensidade.
Show foi exibido pela Multishow |
Dos anos 80, vieram alguns de
seus hits: “Decadence Avec Elegance”, “Vida Bandida”, “Panamericana”, “Me Chama”...
Todas com ótima reação do público e uma performance cheia de gás.
Recentemente, o cantor/compositor
voltou a ser o centro das atenções quando escreveu uma carta para Chico
Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil e a publicou em sua pagina do Facebook.
Para quem conhece seu trabalho à alguns anos sabe que ele nutre uma certa
simpatia pelos artistas tropicalistas, embora já tenha criticado muitas de suas
atitudes. Aqui, vinha uma homenagem para Caetano Veloso, a faixa “Para o Mano
Caetano”, onde o cantor deixa bem explicita sua relação de amor/ódio ao
compositor baiano. Na época, em entrevista à Folha Online, Lobão declarou que “Não
é uma homenagem, é uma declaração de amor. Chego até a chorar no fim da música.
O tom da minha voz é explícito. Não quero que seja visto como deboche”.
Uma Odisseia No Universo Paralelo
é o melhor trabalho ao vivo de Lobão e um dos últimos grandes discos ao vivo do
rock brasileiro. Se você deixou passar batido na época, vale correr atrás do
prejuízo. Registro brilhante.
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Intenso
Faixas:
01)
Universo Paralelo
02)
A Noite
03)
Tão Menina
04)
O Grito
05)
Decadence Avec Elegance
06)
El Desdichado
07)
Noite e Dia/ Me Chama
08)
Sozinha Minha
09)
Lullaby
10)
A Vida é Doce
11)
Panamericana
12)
Samba da Caixa Preta
13)
Mano Caetano
14)
Radio Blá
15)
Vida Bandida
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