Por Rafael Menegueti
Essa semana nós comentamos aqui no blog a atitude dos
membros do Foo Fighters, que interromperam um protesto da Igreja Batista de
Westboro, famosa por sua intolerância e preconceito extremos, à frente do local
onde realizariam seu show em Kansas City de forma bem humorada e inusitada. O
ocorrido acabou repercutindo em vários veículos da mídia e muita gente aplaudiu
o modo como a banda reagiu à situação. No entanto, uma coisa que me deixou um
pouco surpreso foi ver alguns comentários de gente criticando Dave Grohl e a
banda pela atitude. Mas como assim?
Desde “eles estavam querendo aparecer” e “Foo Fighters é
superestimado” até outros mais grosseiros, os comentários, no meu entendimento,
demonstravam mais hipocrisia do que alguma argumentação válida pra desvirtuar a
atitude da banda, que considerei digna e no direito deles, já que eles fizeram
de maneira tranquila e sem incitar violência. Uma coisa é muito clara: esse
tipo de comentário veio daqueles que não curtem o som de Dave Grohl e
companhia. Normal, gosto é gosto. Mas daí a achar defeito em tudo que os caras
fazem, só porque quer demonstrar isso, ou porque odeiam a banda, é coisa de
gente chata. Até porque, tenho certeza, se fosse uma banda de que esses
críticos gostassem fazendo isso, provavelmente eles não pensariam do mesmo
modo.
O fato é que, no geral, algumas pessoas estão ficando
cada vez mais egocêntricas e ignorantes no modo de se expressar. Não falo
apenas no que diz respeito à música, mas como o blog é sobre isso, vamos focar
nesse aspecto. Na cabeça de uma galera, o que rola é o seguinte: se eu não
gosto dessa banda ela é um lixo. E ponto. Dane-se se ela tem historia, se vende
milhões, se os músicos são talentosos ou se eles tratam todo mundo bem. O senso
crítico dessas pessoas se esquece de separar a parte do gosto pessoal e o que
diz respeito à qualidade musical. E há um enorme abismo entre as duas coisas.
Outro exemplo: recentemente resenhei o novo álbum do
Ghost aqui. Atualmente, eles são um dos alvos preferidos dos odiadores de
plantão. Na ocasião citei o quanto acho que a banda é injustiçada. De fato, o
som do Ghost não é nada revolucionário, inovador, mas está longe de ser ruim. A
banda faz melodias muito simples, mas a meu ver, bem feitas e sinceras com sua
proposta, e nada é mal tocado. O que causa essa rejeição de muitos é a errônea associação
que fazem da banda com o metal, algo que não enxergo no som deles. Essa ideia é
reforçada pelo visual e temática que a banda apresenta em suas letras, além do
fato de terem aparecido em muitos festivais e eventos de metal. Dai a banda
acaba caindo na ira dos defensores do “verdadeiro metal”.
Olhem agora o meu caso. Eu não gosto de Rolling Stones. Talvez
já tenha dito isso por aqui. É uma banda que me entedia facilmente. Por acaso
eu acho eles um lixo? Nunca. A banda é genial e importantíssima para a historia
do rock. Sem ela, nada do que ouvimos hoje em dia talvez fosse dessa forma. Mas
eu não sou egocêntrico e sei que o fato de eu não curtir o som deles não muda
em nada a sua qualidade, por isso eu respeito. O problema não está com eles,
está comigo. Sou EU que não tenho paciência pra ouvir Rolling Stones. E isso
vale pra muita gente que não gosta de diversas bandas ou estilos. O fato de
você não gostar não as torna necessariamente ruins. O que torna uma banda
realmente ruim pode ser uma série de outros fatores que vão muito além do “eu
não gosto do modo como ele canta”, “essa banda abusa de riffs” ou “a melodia
dessa música é muito pop”.
Enquanto muitos pensam assim, caímos sempre na bobeira de
criar casos como o das vaias a bandas como o Glória no Rock In Rio, ou o Black
Veil Brides no Monsters of Rock, o qual até já debati aqui na época. Situações
criadas por conta do egocentrismo daqueles que se julgam os definidores do que
realmente merece ser respeitado. Então, convido vocês a fazerem algo que eu
venho praticando há algum tempo: abolir o “eu odeio” e o “lixo” (entre outras
coisas) do vocabulário. Não há motivo para odiar uma banda. Odiar é algo muito
forte, que eu reservo apenas para coisas que realmente causam um grande impacto
negativo em minha vida, mas sem me remoer por isso.
Não gostar de algo é normal e aceitável, mas ser o chato que
incomoda os outros só por isso não é. Fazer piadinhas e gozações até é aceitável,
afinal no humor há espaço pra esse tipo de coisa se você souber levar na
esportiva, como deve ser. O problema é quando se leva isso a sério demais e
começa a criar brigas. Se alguém gosta de uma banda que não lhe agrada, não é
da sua conta. Não é você que paga os discos deles nem os ingressos, então
apenas fique de boa, ouça aquilo que você gosta e seja feliz.
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