Por Davi Pascale
A Ressureição do Rock
Supergroup chega ao seu quarto álbum de inéditas. Burn It Down mostra banda pegando fogo e entrega um hard rock
enérgico e inspirado. Os caras fizeram fácil, fácil, um dos melhores álbuns de
2018.
O Dead Daisies nasceu em 2012 da mente do guitarrista David Lowy. Muitos
dizem que se você não acontecer até os 20 e poucos, você deve buscar outra
profissão. Lowy está aí para provar o contrário. O rapaz é um empresário de
sucesso e resolveu viver seu sonho de rockstar após sua aposentadoria.
Atualmente, com 63 anos nas costas, ele é a mente por trás de um dos
supergroups mais falados do momento.
Já tem um tempo que a ideia de uma banda formada única e exclusivamente
por rockstars deixou de ser novidade. Há quem diga que se tornou uma jogada de
marketing e que essas bandas são criadas já com prazo para terminar. Polêmicas
à parte, a grande verdade é que esses projetos (ou bandas, em alguns casos) são
extremamente empolgantes, além de serem divertidos. E existe mais um ponto a
favor, como esses caras já são músicos tarimbados, muito dificilmente você
encontrará algo meia boca. Primeiro, porque eles têm uma reputação a zelar, depois
pelo conhecimento acumulado em décadas de estrada. Tudo fica ainda mais bacana,
quando os músicos reencontram o tesão pela profissão. Em pouco mais de 5 anos,
os caras já soltaram 4 álbuns de estúdio e um ao vivo. Não é pouca coisa!
Durante esses anos, vários grandes nomes do rock passaram pela banda. Entre eles; Darryl Jones (The Rolling Stones), John Tempesta (The
Cult), Jon Stevens (INXS) e Dizzy Reed (Guns n´ Roses). A formação atual inclui: Marco Mendoza (Thin
Lizzy, Blue Murder), Doug Aldrich (Whitesnake, Dio), Deen Castronovo (Ozzy
Osbourne, Journey) e John Corabi (Motley Crue, Union). Verdade seja dita, os
caras encontraram a fórmula.
O primeiro álbum foi bacana, mas longe de ser algo empolgante. Depois da
entrada de John Corabi, a banda ganhou um novo gás. Ficaram mais pesados, a
sonoridade ganhou personalidade e as composições amadureceram. Revolución e Make Some Noise foram dois grandes álbuns. E o novo disco chega
para manter o alto padrão.
Infelizmente, o rock n roll não atravessa um momento de renovação, com
artistas surgindo com pé na porta, dominando as paradas de sucesso e estampando
as capas de revista. Tanto aqui no Brasil, quanto nos Estados Unidos, o gênero
parece estar cada vez mais afastado da grande mídia. Enquanto muitos comemoram
a volta ao gueto, eu realmente lamento. Tal situação impede que se crie novos
ícones, uma vez que os artistas não chegam ao grande público. É uma pena porque
temos vários artistas que mereceriam estar no topo das paradas. Uma banda como
o Dead Daisies sempre ajuda a dar uma mexida na cena e ajuda a provar que o rock
n roll ainda tem muitos adeptos.
Burn It Down aposta em um hard rock vigoroso, com altas
influências de anos 70, mas ainda assim com uma mixagem moderna e identidade própria. Make Some Noise
já era mais pesado do que o Revolución
e aqui a sujeira ganha mais uma dose extra. Algo já perceptível na faixa de
abertura “Resurrected”. A faixa seguinte, “Rise Up”, mantém o peso e traz o ar
de diversão no refrão. Deve funcionar bem ao vivo.
Embora façam um hard rock pesado, os músicos mantêm intacta o clima de
festa que muitos sentem falta nos grupos atuais. Seja na construção dos refrãos
melódicos, seja no clima de suas performances. Quem já teve a oportunidade de
assistir os caras ao vivo, sabe que o show deles é uma verdadeira celebração. Os
músicos interagem com a galera, tocam com uma puta energia, isso sem cantar na
performance de seu baixista Marco Mendoza. Do nada, o cara sai fazendo caras e
bocas, sai girando com o baixo. O show é altamente empolgante (sim, já tive a
oportunidade de assisti-los).
“Burn In Down” começa a deixar as referências de 70´s mais escancaradas.
A canção soa como um Whitesnake mais moderno. Desde seu começo bluesy até seu
refrão explosivo. “Judgement Day” é outra que poderia ser gravada em um novo
trabalho da trupe liderada pelo David Coverdale. Além de John Corabi com seus
vocais potentes e resgados, outro músico que trouxe vida nova ao som do grupo foi Doug Aldrich. “What Goes Around” é uma ótima amostra do talento do
garoto. Não apenas pelo timbre matador, quanto pelo ótimo solo de guitarra.
Uma das maneiras que os músicos encontraram para manter o ar de
descontração nas suas apresentações é misturar originais com releituras de
clássicos do rock. O mesmo acontece em seus álbuns de estúdio. Sempre tem um ou
2 covers marcando a presença. Aqui, temos duas. A primeira delas é “Bitch”, um
clássico menor dos The Rolling Stones, lançada no clássico LP Sticky Fingers. Os músicos mantiveram o
riff, mas aceleraram a música e criaram uma bateria mais pesadona. Ficou bem
bacana.
“Set Me Free” é a balada do disco. Uma faixa com um ar meio Gov´t Mule,
aquela balada meio blues-rock. John Corabi se sobressai
cantando com alma. “Dead And Gone” traz os caras de volta ao rock n roll. O refrão remete um pouco às linhas vocais do
Lynyrd Skynyrd. “Can´t Take It With You” foi uma das que menos me empolgaram
nesse disco. Por outro lado, “Leave Me Alone”, é uma das melhores do novo álbum
trazendo a sonoridade clássica do Dead Daisies. Ou seja, aquele hard pesado,
mas com clima festivo, como já mencionei.
Se vocês leram com atenção repararam que eu disse que haviam 2 covers
aqui, certo? Pois é isso mesmo, a edição lançada aqui no Brasil se encerra com
uma versão matadora de “Revolution”. Sim, essa mesma. O
famoso hit daqueles 4 garotos de Liverpool. A canção foi totalmente renovada. A linha vocal foi mantida, mas guitarra e bateria
foram totalmente modificados. Não deixaram nem a famosa introdução. Corajoso,
sem dúvidas, mas os caras se saíram bem. A versão ficou excelente.
Burn It Down consagra Doug Aldrich e John Corabi como
diferencial dentro do talentoso grupo e mostra que a banda veio para ficar.
Algo muito bacana é que, embora todos eles sejam donos de uma técnica de
excelência, em nenhum momento colocam a técnica acima da melodia. Não se
trata de um grupo exibicionista. O álbum também marca a estreia de Deen
Castronovo no lugar de Brian Tichy. Honestamente, é difícil decidir quem toca
mais. Sem reclamações. Para quem curte rock n roll com uma dose extra de peso,
a audição é obrigatória. Ótimas canções, excelentes músicos, ótima qualidade de
gravação. Até agora, um dos melhores discos que ouvi esse ano. Sem brincadeira.
Nota: 10,0 / 10,0
Faixas:
01)
Resurrected
02)
Rise Up
03)
Burn It
Down
04)
Judgement
Day
05)
What Goes
Around
06)
Bitch
07)
Set Me Free
08)
Dead And Gone
09)
Can´t Take It With You
10)
Leave Me Alone
11)
Revolution (Bonus Track)
Nenhum comentário:
Postar um comentário