quinta-feira, 11 de maio de 2017

Sheryl Crow – Be Myself (2017):



Por Davi Pascale

Por alguma razão que não sei explicar, essa mulher nunca emplacou como deveria aqui no Brasil. Bonita, ótima instrumentista, excelente cantora, som comercial, sem ser bobo. Sempre trabalhou com grandes músicos e fez excelentes álbuns.

Be Myself mantém a qualidade padrão. Mais do que isso, resgata elementos do passado, o que deve fazer a alegria de seus seguidores. Seus dois últimos álbuns – 100 Miles From Memphis e Feels Like Home – fugiam da cartilha. Apostavam na soul music e na country music, respectivamente. Be Myself é o retorno dela ao pop/rock que a consagrou. O fato de ter recorrido à ajuda de Jeff Trott e Tchad Blake fez com que resgatasse a sonoridade de Sheryl Crow e The Globe Sessions, coincidentemente os dois que a dupla produziu no passado. Álbuns considerados por muitos como seu auge criativo.

Ela dá a dica no título do disco, Be Myself. Com 55 anos nas costas, tendo vencido uma batalha contra o câncer, Sheryl Suzanne Crow resolveu se redescobrir. Parou de agradar os executivos e voltou a ser ela mesma. Deixou o country de lado (nos EUA, o estilo está em alta) e voltou para o som que se tornou sua marca. 

Seus álbuns sempre trouxeram elementos do rock, do pop e também da folk music. Influencia perceptível principalmente em seus violões. The Globe Sessions é um trabalho que deixa bem clara essa influencia. Aqui, essa pegada folk surge com tudo em “Rest of Me”.

“Halfway There”, “Roller Skate” e “Strangers Again” poderiam estar facilmente em seus primeiros trabalhos. Voltou a fazer aquele som onde deixa o bumbo da bateria na cara, som de caixa seca, guitarras e violões marcando a canção. Outro ótimo exemplo seria “Heartbeat Away”, presente já mais no final do disco.

Não é raro, ela atacar em diferentes instrumentos nas suas apresentações, aqui não é diferente. Além de ter gravado todos os vocais do disco (ou seja, não apenas as linhas principais, mas também os backings), a moça ainda chegou a fazer registros de guitarra, violão, teclado, piano e contrabaixo. Não há duvidas de que é um dos maiores talentos surgidos no universo mainstream, nos últimos tempos.

Tendo toda a influência do classic rock nas costas, não é de se espantar que surjam resquícios do gênero por aqui. A faixa-título traz uma pegada bem rolling stones. É certamente a faixa mais rock do álbum. Para as rádios, apostaria na balada “Long Way Back”. Tem de tudo para se tornar um grande hit.

Be Myself traz a artista de volta para o seu mundo e apresenta um repertório bem consistente. Provavelmente, trata-se de seu melhor disco desde C´mon C´mon. Agora só falta ela também retornar ao Brasil, né? Desde 2001 que não põe seus pés por aqui. Sheryl, estamos esperando...

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Retorno às raízes

Faixas:
      01)   Alone In The Dark
      02)   Halfaway There
      03)   Long Way Back
      04)   Be Myself
      05)   Roller Skate
      06)   Love Will Save The Day
      07)   Strangers Again
      08)   Rest of Me
      09)   Heartbeat Away
      10)   Grow Up 
      11)   Woo Woo

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