Por Davi Pascale
Comecei a me ligar no trabalho
solo de Richie Kotzen ainda nos anos 90, por conta de sua passagem relâmpago
pelo Poison. Richie durou pouco, mas no pouco tempo em que esteve no conjunto
de Bret Michaels, fez a diferença. Imprimiu sua marca dentro do som do grupo, tanto
no ótimo Native Tongue, quanto nos
shows. Aliás, foi depois de assistir ao VHS
7 Days Live que resolvi buscar
mais informações sobre o cara. Acabei adquirindo o CD Fever Dream. Gostei do que ouvi e, desde então, passei a acompanha-lo.
Na sua discografia, encontramos
de tudo um pouco. Fusion,
blues, soul, rock, pop... Já fez som instrumental e som cantado. Embora
seja conhecido por sua enorme técnica e pelos incríveis improvisos que faz em
cima do palco, nos discos ele costuma ser mais contido, privilegiando mais a melodia
do que o lado virtuose. Em Cannibals,
não é diferente.
Assim como fez em Get Up, Kotzen ficou responsável pela
gravação de todos os instrumentos. Ele contou com ajuda nas gravações dos
backings e na percussão de “Shake it Off”, mas piano, guitarra, bateria, baixo
e voz principal ficou tudo por sua conta. A produção também ficou nas mãos do
músico.
Assim como ocorre no disco de
2004, a bateria ganha uma pegada bem simplista. Contudo, nos trabalhos de
violão, guitarra e voz, continua se destacando. A influencia de black music
volta a surgir com força. Desde a pegada funkeada de “Stand Tall” e “Cannibals”,
passando pelo R&B de “In An Instant” até o lado soul de “The Enemy”.
Cannibals é um trabalho repleto de canções inspiradas, mas não é um
álbum pesado. Pelo contrário, é um disco bem calmo, mas como o cara é um
compositor de mão de cheia, além de ser um ótimo vocalista e um grande músico,
a coisa funciona. Contudo, já aviso, se você for comprar esse disco com aquele
sentimento de ‘deixa eu ver se esse cara toca tudo isso, irá se frustrar”. Como disse anteriormente, a técnica não está em primeiro plano aqui. Se, por
outro lado, já está acostumado com sua obra, pode ir de olhos fechados.
O CD é bem consistente. Tem umas 2
músicas que não me empolgaram, mesmo assim estão longe de serem vergonhosas. “Up
(You Turn On Me)” é sensacional e conta com um coral meio gospel. Kotzen e Doug
Pinnick (King´s X) dividem os vocais na suingada “I´m All In”. A deliciosa “Come
On Free” bebe bastante na fonte do AOR dos anos 70, enquanto na balada
piano/voz, “You”, Kotzen resolve brincar um pouquinho com o teremim. Louco, né? Outro momento que vale prestar atenção é o trabalho de violão em “Time For The
Payment”. Simplesmente, incrível...
Se você não está na pilha de ouvi-lo tocar hard rock e não
ouve somente rock n roll, o disco é altamente recomendado. Ainda mais se você for fã do projeto Wilson Hawk.
Daí, pode ir sem medo mesmo... Ótimo disco!
Nota: 8,5 /
10,0
Status:
Calmo e inspirado
Fotos:
01) Cannibals
02) In An Instant
03) The Enemy
04) Shake It Off
05) Come On Free
06) I´m All In
07) Stand Tall
08) Up (You Turn Me)
09) You
10)
Time
For The Payment
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