Infinite tem a ingrata tarefa de registrar o fim de uma das maiores
bandas do hard rock. Infelizmente, o termo infinite não se enquadra no nosso
dia-a-dia. Tudo tem um fim. E a realidade com nossos heróis não é diferente. O
lado bom é que a obra deles, sim, é eterna. E aí está a graça de acompanhar
nossos heróis de perto. É ter a chance de ver a história sendo escrita.
Realmente é muito difícil para
uma banda do patamar do Purple impressionar com um novo álbum. Não digo isso
pela qualidade dos músicos. Todos os músicos que passaram por essa trajetória
são incrivelmente competentes, para muitos deles diria brilhantes. Mas é que
chega um ponto em que fica muito difícil “competir” com o passado quando temos
em nosso legado trabalhos do nível de Machine
Head, In Rock, Burn, Stormbringer e Perfect Strangers.
Entretanto, sendo bem honesto,
sou obrigado a reconhecer que esse é um dos trabalhos mais fortes da era Morse.
Talvez, seja o mais forte. Tenho um pouco de dúvidas em relação ao Purpendicular. Os demais, bate fácil. A
voz de Gillan está muito boa, Ian Paice continua com sua precisão cirúrgica e
pegada inconfundível. Steve Morse continua a me dever riffs memoráveis, mas brilha
com solos inspirados. A grande surpresa é o incrível trabalho de Don Airey, que
muitas vezes toma a frente das canções, e fez um trabalho realmente forte. A
versão de “Roadhouse Blues” foi acertada. Afinal, no The Doors, Jim e Ray,
muitas vezes tomavam a frente. A canção ganhou uma pegada um pouco mais
arrastada e ficou interessante.
“Time For Bedlam”, responsável
por abrir o play e primeiro som divulgado pelo grupo, bebe nos tempos áureos.
Uma audição mais atenta resgata elementos de “Pictures Of Home”. Bob Ezrin –
lendário produtor que chegou a trabalhar com ícones como Kiss, Pink Floyd,
Alice Cooper e o próprio Purple – ficou responsável pela produção do disco. E
pediu aos músicos que tudo fosse registrado nos primeiros takes para manter o
ar de Jam que é tão marcante no som do purple. Algo perceptível em faixas como “The
Surprising”, marcada por resgatar a influencia prog dos garotos, e “All I Got
Is You”, onde temos mais uma das características principais de volta. Temos Don
e Steve dobrando o riff, assim como Lord e Blackmore fizeram no passado, além
de ter Ian Paice resgatando seu lado jazzy no início da música.
Em “Get Me Outta Here” temos Ian
Gillan cometendo o que talvez seja sua única gafe nesse trabalho. A faixa é
boa, mas traz o rapaz tentando reviver seu marcante falsete. Algo que ele
nitidamente não tem mais condições de fazer. O “grito” soa bem magro. “One
Night In Vegas” é bem bacana e conta com um teclado bem rock n roll. “Hip Boots”
é pesadona e empolgante. Talvez o único filler do disco seja “Birds Of Prey”
que embora traga um bom trabalho de guitarra de Steve Morse (talvez o melhor
dele nesse disco), traz um trabalho vocal um pouco morto de Gillan.
Infinite é um álbum honesto, bem feito, bem pensado e com boas
canções. Dificilmente alguma delas atingirá a força de uma “Mistreated” ou “Space
Truckin`”, mas certamente irão satisfazer seus fãs, além de colocarem um ponto
final nessa história com muita dignidade. Obrigado Purple pelas inúmeras horas
de bons sons.
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Honesto
Faixas:
01)
Time For Bedlam
02)
Hip Boots
03)
All I Got Is You
04)
One Night in Vegas
05)
Get Me Outta Here
06)
The Surprising
07)
Johnny´s Band
08)
On Top Of The World
09)
Birds of Prey
10)
Roadhouse Blues
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