segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Melissa Etheridge – Memphis Rock And Soul (2016):



Por Davi Pascale

Cantora homenageia lendário selo norte-americano em seu novo álbum. Disco surpreende pela qualidade dos arranjos e coloca de novo a artista no eixo. Indispensável!

Seu ultimo disco de inéditas, (o bom) This Is M.E., trazia Melissa se aventurando em novos territórios, um álbum bem feito, mas longe do seu poder de fogo. Em Memphis Rock And Soul a artista volta a reinar. Longe das modernidades, do pop radiofônico, Melissa entra de cabeça no universo da soul music e o resultado não tinha como ser melhor.

Ela é a artista certa para fazer esse tipo de álbum. Tem um puta alcance, uma puta afinação, canta com alma e tem um timbre rasgado, forte. Quem duvidar, entre no Youtube e assista a performance de Melissa no Grammy de 2005, onde dividiu o palco com Joss Stone em um tributo à Janis Joplin. Ela acaba com a Joss, e olha que a menina tem uma bela voz. Ou então assista uma de suas performances voz/violão. De boa, a mulher canta muito.

Em seus álbuns mais famosos, Etheridge faz um rock n roll com uma forte influencia folk e uma certa influencia de blues. O lado blues aparece aqui em uma inspiradíssima versão de “Rock Me Baby”, clássico do bluesman B.B. King, e uma correta versão de “Born Under a Bad Sign”, muito conhecida na voz de Albert King. Entretanto, como já disse, a soul music é a tônica do disco.

O repertório do CD é baseado no selo Stax. O selo foi fundado na cidade de Memphis, em 1957, com o nome de Satellite Records e adotou o nome de Stax em 1961. A base do selo era a soul music, mas também lançavam material de artistas de blues, jazz, funk e gospel. Como o disco é uma homenagem ao selo, era de se esperar que uma ou outra música fugissem do universo da soul music.

Melissa Etheridge conseguiu um verdadeiro feito. Regravou clássicos do porte de “Hold On, I´m Coming” (Sam & Dave) e “I´ve Got Dreams to Remember” (Otis Redding) e conseguiu transformá-las em alguns dos grandes destaques do disco. E, meu amigo, fazer bonito cantando Otis Redding não é para qualquer um, não.

Outros grandes destaques ficaram por conta das animadas “Wait a Minute” – gostei mais da versão dela do que da versão da Barbara Stephens – e Memphis Train (Rufus Thomas), além da balada “Any Other Way” (William Bell).

A cantora foi esperta em não tentar emular esses cantores. Esse pessoal da soul music fazem parte daquele hall de artistas que são inimitáveis. Qualquer um que tentar copiá-los, soará caricato. Pelo contrário, cantou como ela mesma. O foda é que o estilo vocal e o timbre dela casam muito bem com esse universo.

Também deu uma modernizada nos arranjos, mas sem descaracterizar as canções. Calma, não há nada de elementos eletrônicos. Pelo contrário, som de banda total. O que fez foi explorar um pouco mais o lado dos metais, dos backings, assim como fizeram anos atrás na (ótima) trilha sonora dos Commitments. Belíssimo álbum!

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Excelente

Faixas:
      01)   Memphis Train
      02)   Respect Yourself (People Stand Up)
      03)   Who´s Making Love
      04)   Hold On, I´m Coming
      05)   I´ve Been Loving You Too Long (Too Stop Now)
      06)   Any Other Way
      07)   I´m A Lover
      08)   Rock Me Baby
      09)   I Forgot To Be Your Lover
      10)   Wait a Minute
      11)   Born Under a Bad Sign 
      12)   I´ve Got Dreams to Remember

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