Por Davi Pascale
Cantora homenageia lendário selo
norte-americano em seu novo álbum. Disco surpreende pela qualidade dos arranjos
e coloca de novo a artista no eixo. Indispensável!
Seu ultimo disco de inéditas, (o
bom) This Is M.E., trazia Melissa se
aventurando em novos territórios, um álbum bem feito, mas longe do seu poder de
fogo. Em Memphis Rock And Soul a
artista volta a reinar. Longe das modernidades, do pop radiofônico, Melissa
entra de cabeça no universo da soul music e o resultado não tinha como ser
melhor.
Ela é a artista certa para fazer
esse tipo de álbum. Tem um puta alcance, uma puta afinação, canta com alma e
tem um timbre rasgado, forte. Quem duvidar, entre no Youtube e assista a
performance de Melissa no Grammy de 2005, onde dividiu o palco com Joss Stone em
um tributo à Janis Joplin. Ela acaba com a Joss, e olha que a menina tem uma
bela voz. Ou então assista uma de suas performances voz/violão. De boa, a
mulher canta muito.
Em seus álbuns mais famosos,
Etheridge faz um rock n roll com uma forte influencia folk e uma certa
influencia de blues. O lado blues aparece aqui em uma inspiradíssima versão de “Rock
Me Baby”, clássico do bluesman B.B. King, e uma correta versão de “Born Under a
Bad Sign”, muito conhecida na voz de Albert King. Entretanto, como já disse, a
soul music é a tônica do disco.
O repertório do CD é baseado no
selo Stax. O selo foi fundado na cidade de Memphis, em 1957, com o nome de
Satellite Records e adotou o nome de Stax em 1961. A base do selo era a soul
music, mas também lançavam material de artistas de blues, jazz, funk e gospel.
Como o disco é uma homenagem ao selo, era de se esperar que uma ou outra música
fugissem do universo da soul music.
Melissa Etheridge conseguiu um
verdadeiro feito. Regravou clássicos do porte de “Hold On, I´m Coming” (Sam
& Dave) e “I´ve Got Dreams to Remember” (Otis Redding) e conseguiu
transformá-las em alguns dos grandes destaques do disco. E, meu amigo, fazer
bonito cantando Otis Redding não é para qualquer um, não.
Outros grandes destaques ficaram
por conta das animadas “Wait a Minute” – gostei mais da versão dela do que da
versão da Barbara Stephens – e Memphis Train (Rufus Thomas), além da balada “Any
Other Way” (William Bell).
A cantora foi esperta em não
tentar emular esses cantores. Esse pessoal da soul music fazem
parte daquele hall de artistas que são inimitáveis. Qualquer um que tentar
copiá-los, soará caricato. Pelo contrário, cantou como ela mesma. O foda é que
o estilo vocal e o timbre dela casam muito bem com esse universo.
Também deu uma modernizada nos
arranjos, mas sem descaracterizar as canções. Calma, não há nada de elementos
eletrônicos. Pelo contrário, som de banda total. O que fez foi explorar um
pouco mais o lado dos metais, dos backings, assim como fizeram anos atrás na
(ótima) trilha sonora dos Commitments. Belíssimo álbum!
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Excelente
Faixas:
01)
Memphis Train
02)
Respect Yourself (People Stand Up)
03)
Who´s Making Love
04)
Hold On, I´m Coming
05) I´ve Been Loving You Too Long (Too
Stop Now)
06) Any Other Way
07) I´m A Lover
08) Rock Me Baby
09) I Forgot To Be Your Lover
10) Wait a Minute
11) Born Under a Bad Sign
12) I´ve Got Dreams to Remember
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