Por Davi Pascale
Fotos: Davi Pascale, Jay Gilbert (fotos com Peter Criss – individual e com a turma da excursão), convidados da expo (foto minha com demais artistas. Valeu galera!)
Matéria publicada originalmente no site Consultoria do Rock
E lá fui eu para mais uma aventura atrás dos meus ídolos. Depois de conhecer pessoalmente Paul Stanley, Gene Simmons, Eric Singer, Tommy Thayer e Bruce Kulick, chegava a minha vez de ficar cara a cara com Peter Criss, o primeiro baterista do Kiss.
A trajetória de Peter ficou marcada por uma jornada de excessos. Abuso de drogas, abuso de álcool, acidentes de carro… Ao que indica, esses dias de loucura ficaram para trás. Por mais de uma vez, o musico jurou estar sóbrio e longe das drogas há anos e disse ter vontade de voltar ao mundo da música. Segundo suas palavras, ocorrerá no momento certo porque ele quer voltar por cima.
Para ter a chance de conhecê-lo fui até a Kiss Expo, ocorrida na cidade de Los Angeles, durante três dias. Na sexta-feira, um grupo seleto de pessoas participaram de um meet & greet com o músico. Fui um dos felizardos. O encontro ocorreu em uma das salas do Raleigh Studios, muito conhecido entre os fãs do quarteto americano por ter sido o local onde ocorreram as polêmicas fotos que foram utilizadas na contracapa do, hoje clássico, Hotter Than Hell. Na época, foi realizada uma festa para os músicos recheada de drogas, bebidas e garotas. Até o Paul Stanley ficou louco (de álcool) no dia e acabou saindo carregado pelo Gene Simmons.
O encontro com os fãs foi dentro de um cinema. Os fãs sentaram em uma poltrona à sua escolha e esperaram pela entrada de Peter. Somente a primeira fila que era proibida porque estava reservada para alguns convidados. Esses convidados, eram nada mais, nada menos do que Steven Adler (Guns n Roses), John 5, Rob Zombie e Ginger Fish. Além de uma galera da produção do músico e do evento, é claro. Consegui ficar na terceira fileira. Ou seja, bem próximo. Por conta da aparição dos convidados ilustres, todos começaram a acreditar que Peter cantaria alguma musica. Na realidade, não. Os músicos foram lá pra cumprimenta-lo e acabaram interagindo junto com o baterista.
Poucos minutos depois do horário programado, o musico surgiu na sala. Notei logo que ele chegou com a equipe do evento, assim que notou que estava olhando em sua direção, o musico abriu um sorriso e fez um ok para mim. A galera estava entretida no telão. Estava prestes a começar a exibição de um filme, mostrando alguns de seus melhores momentos, além dos depoimentos de diversos músicos que gravaram uma mensagem agradecendo-o pela inspiração. Entre eles; nomes como Mike Portnoy (Dream Theater), Kenny Aronoff, Steven Adler (Guns n Roses), entre tantos outros.
Assim que acabou o filme, Peter foi até o microfone, agradeceu a presença de todos e fez o tipo de uma mini palestra falando sobre o fato de ter vencido um câncer, sobre a indústria fonográfica, seus dias de rockstar e sua situação hoje. Agradeceu a presença e o apoio de sua esposa, Gigi. Embora seja muito criticada nos fóruns, a moça foi bem educada com os fãs em todos os dias de evento.
Assim que encerrou essa parte, o musico se dirigiu à uma nova sala para receber as pessoas. Entrava um a um na sala. O musico assinava os itens, tirava o retrato e, é claro, conversava um pouco…
– Vi você me olhando lá dentro, como você está?
– Verdade. Notei logo que você chegou. Estou bem, cara.
– De onde você é?
– Brasil.
– De que cidade?
– Estou morando agora em Santo Andre. Uma cidade pequena, mas nasci em São Paulo. Morei lá por 30 anos.
– Estive em São Paulo, acho que em 96, certo?
– 99, na verdade, fui no show. Ótimas recordações daquele dia.
– Verdade. Foi 99. Lembro da plateia. Era ótima. Grande e selvagem! Veio para os Estados Unidos por conta da Expo?
– Claro. Sou seu fã desde criança. Comecei na bateria tocando suas musicas.
– Fico feliz com isso. Ter esse tipo de influencia nas pessoas é muito bacana. Muito obrigado!
O músico assinou meus discos, me deu um abraço e tirou o retrato. Antes de sair, notei algumas peles de bateria empilhadas e perguntei para a esposa dele se estavam a venda.
– Sim, ele assina. Só que você tinha que ter falado antes.
– Ah.. É que vocês deixaram as peles no fundo da sala. Só vi agora.
– Tá. Então espera sair o próximo convidado que peço para ele assinar para você, ok?
– Claro!
Dito e feito. Peter assinou a pele e agradeceu, mais uma vez, a presença. Primeiro dia de expo, realmente bem bacana.
No dia seguinte, retornei ao Raleigh Studios. A Expo aconteceria lá dentro em um galpão que ficava de frente para a sala onde Peter havia nos recebido no dia anterior. O musico recebeu, mais uma vez, os fãs. Dessa vez, uma fila enorme. Fiquei na fila para poder assinar um vinil que havia comprado para dar de presente para o meu irmão.
Como a fila estava grande, antes de ir para a fila, fui dar uma volta na Expo. Nunca havia ido à uma. Bem montada, mas esperava um pouco mais de expositores. Bruce Kulick estava atencioso com o público, como de costume. Comentou do meu CD do Union – “Gosto muito desse disco” – e também de dois LP´s promos do Kiss que pedi para assinar. “Uau! Esse está com o OBI”, comentou ao pegar não mão o promo de “Who Wants To Be Lonely”, também comentou da capa do “Thrills In The Night”. “Olha que legal. Nesse, estava com minha guitarra azul”. Sim, o disco foi gravado com Mark St John (a faixa faz parte do Animalize), mas como o Bruce entrou no meio da turnê, o material promocional estampava a cara dele. E como meu disco estava assinado por Paul e Gene, não ia perder a chance de pegar a ultima assinatura que faltava. O baterista nessa época, era o Eric Carr, infelizmente, já falecido.
Os vendedores eram educados, mas não sei se ando comprando coisa demais, mas poucos itens à venda me chamaram a atenção de fato. Também tive a oportunidade de conhecer Tim Sullivan, produtor do filme Detroit Rock City.
– De onde você é?
– Do Brasil.
– Uau! Distância longa. Olha só! Você tem a edição em cardboard. Essa ficou rara.. Esse filme saiu no Brasil?
– Sim. Não em edição cardboard. Esse eu importei na época. Saiu na embalagem normal.
– Você está brincando que meu filme saiu no Brasil?
– Não. Chegou à ir até para as locadoras. As Blockbusters todas tinham
– Uau! Nunca imaginaria. Quer dizer que seu DVD saiu dos EUA, foi para o Brasil e agora, voltou para os EUA?
– Sim, e semana que vem, volta pro Brasil.
– Não deixe o Trump saber disso… (risos) Vou assinar para você…
Também tive a oportunidade de ficar cara a cara com David Donato, o vocalista do White Tiger (banda que Mark St John formou assim que saiu do Kiss). Ele ainda é conhecido por ter gravado esse disco e por ter feito um teste para o Black Sabbath. Nunca atingiu a fama, de fato. O rapaz não negou foto, nem autografo, mas se demonstrou ter se tornado uma pessoa um pouco amarga. Também foi o primeiro a abandonar a Expo. O cara saiu às 14h e não voltou mais. Todos os outros convidados ficaram até o fim do evento. Inclusive, o Peter.
Além das vendas e dos encontros, alguns convidados fizeram Q&A. No Kiss Kruise, essa parte era de perguntas e respostas. Na expo, foi igual ao lance do Peter. O cara subia e contava um pouco de sua historia para a galera e algumas curiosidades. Bruce Kulick, Tim Sullivan e “Big” John Harte foram os convidados do evento. As apresentações eram interessantes, mas curtas. Em torno de 40 minutos, cada.
Também teve a apresentação da banda Priss. Uma banda cover do Kiss formada por garotas. Nesse show, tinha um senhor na bateria, mas nos vídeos antigos era uma menina também. Provavelmente, tiveram algum contratempo. A banda estava bem entrosadinha. Na segunda apresentação, Bruce Kulick juntou-se ao palco para tocar 5 musicas juntos. Incrível o conhecimento e a habilidade que o cara tem no instrumento. Mesmo!
O resultado final foi positivo. A expo estava muito bem organizada. De quebra, ainda conheci Richie Scarlet e John 5. Topei com os caras do lado de fora da expo. No dia anterior, havia conhecido Rob Zombie. Dos convidados, da galera que gostaria de ter conhecido, só não deu tempo de chegar no Steven Adler.
Domingo era o ultimo dia. Mais uma vez, um evento para poucos convidados. E, mais uma vez, eu estava lá. Nos encontramos na calçada, do lado de fora do Raleigh Studios. Era o dia de fazer uma excursão de ônibus parando nos pontos relacionados ao Kiss, na cidade de Los Angeles. A curiosidade é que o guia da excursão era justamente o Peter Criss.
Durante o trajeto, Peter distraía a galera contando curiosidades sobre o local – “isso aqui era magico. Me encontrei aqui com David Bowie, Mick Jagger, Keith Richards… Fazíamos festas totalmente loucas” -, contava histórias sobre os seus dias do Kiss. “Me lembro na época da reunion, quando o Gene ligou para mim, dizendo ‘Peter. Achei que você gostaria de saber. Acabamos de esgotar 5 noites no Madison Square Garden’. Dizia ‘que legal, Gene’, mantendo a pose. Quando desliguei o telefone, pulava em cima da cama como uma criança”, o musico arrancava risada da galera quando brincava imitando seus ex-parceiros Gene Simmons e Ace Frehley.
Nesse dia, não rolou foto individual, mas foram feitas algumas fotos junto com a galera da excursão. O ônibus parou na calçada da fama, na Music Center (que, coincidentemente, ficava de frente para o meu hotel) onde estavam as mãos dos caras do Kiss e algumas peças que pertenceram aos músicos, na Tower Records, além de ter passado em frente ao Sunset Studios, Casablanca Records, edifício da Playboy, Aquarius Theatre… Infelizmente, muitos lugares estavam fechados e muitos não existem mais. Então acabava valendo pelas histórias que Peter contava.
O musico também comentou sobre seus discos solo. “Amo meu ultimo disco. Sinto que muitas pessoas não o entenderam. Fiz aquele disco porque quis entregar algo diferente para vocês. Não queria voltar, depois de tantos anos, cantando a mesma coisa. Tem, inclusive, uma musica ali que escrevi pensando em vocês. ‘Faces In the Crowd’ fala sobre meus fãs. É que nem meu álbum de 78. Na época, todos eles estavam ouvindo somente Led Zeppelin. Não há nada de errado nisso, mas haviam outras coisas muito bacanas rolando. Foi isso que quis demonstrar naquele disco. Quem imaginaria ouvir um integrante do Kiss cantando ‘Tossin´ And Turnin´”?
Peter se demonstrou muito simpático nos três dias. Inclusive, ao final da excursão, já tinha um carro preparado para leva-lo embora, mas mesmo assim, ficou esperando que todas as pessoas descessem do ônibus. Cada um que descia, ele dava um abraço e agradecia a presença. Mesmo tendo sido avisados que não daria autógrafos no dia, teve um rapaz que arriscou quando desceu do ônibus e foi prontamente atendido. O musico assinou o LP no meio da calçada, sem nenhuma frescura. Também não se demonstrou incomodado quando foi reconhecido por um ônibus de excursão que estava passando na Tower Records, quando paramos para o retrato. Pelo contrário, o musico acenou a mão para o pessoal e trocou umas palavras com a galera.
Para quem é fã do Kiss ou do Peter Criss, a experiência realmente vale cada segundo. Nunca imaginaria que teria a oportunidade de passar por esse tipo de experiência e o cara fez valer todo o investimento. Experiência inesquecível.
OBS: Estava com ingresso reservado para assistir o Soulstation em Pasadena (banda de soul music liderada pelo Paul Stanley) e iria escrever sobre, mas infelizmente, o show acabou sendo adiado e tive que pegar meu dinheiro de volta. Infelizmente, não foi dessa vez. Bem, agora é esperar pelo Ace Frehley em Março…
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