Continuo hoje a contar toda a aventura que vivi no cruzeiro do Kiss. You wanted the best, you got the best…
Por Davi Pascale
Fotos: Davi Pascale, Convidados do Cruzeiro (foto minhas com os artistas. Valeu, galerinha)
Publicado originalmente no site Consultoria do Rock
6 de Novembro. Chega a primeira parada do cruzeiro: Cozumel, na área do Mexico, mais precisamente na área de compras. Andei em todo o lugar, dei uma andada na cidade, mas procurei não ir muito longe. Estava sozinho, se me perdesse, estava ferrado. Não teria para quem recorrer. Não comprei nada, apenas dei uma volta e aproveitei para almoçar. Nessas paradas, todas as atividades do navio deixam de funcionar. Então se não fizesse agora, teria que esperar até perto das 17h. Comi no Hooters. Ambiente bem bacana, comida boa, garotas lindas. Uma cena curiosa foi encontrar Chip Z´Nuff andando no shoppinzinho com o mesmo visual dos shows. Ou seja, chapéu e óculos gigantes na cara. Vários funcionários foram pedir foto com o cara. Até agora não sei se pela música ou se pelo visual extravagante. Umas 14:30h já voltei para o navio e fiquei por lá. Estava programado para sair às 15:30h.
Nesse mesmo horário, estava programada a apresentação do Whitford/St Holmes. Nada mais, nada menos do que Brad Whitford do Aerosmith e Derek St Holmes da banda do Ted Nugent. A dupla havia gravado um álbum em 1981 e voltaram a se reunir no ano passado. Show absurdo!!!! Brent Fitz arrebenta, Brad Whitford rouba a cena diversas vezes e St Holmes canta incrivelmente bem. O set trouxe algumas musicas de seus dois álbuns e alguns clássicos do Aerosmith como “Last Child” e “Train Kept a Rollin”. Nessas, quem assumiu o vocal foi o tecladista Buck Johnson, atualmente também um musico da banda de Steven Tyler. Sim, o rapaz se saiu bem.
Depois da apresentação, Brad Whitford atendeu as pessoas para fotos e autógrafos. Sendo fã do Aerosmith desde criança, obviamente não perdi a chance.
Fim do show. Hora de dar uma descansada. Dei mais uma volta pelo navio, comprei a foto que tinha feito no embarque e um álbum para colocá-la, dei mais uma passada na loja de merchandising. No primeiro dia de loja, haviam apenas camisetas e algumas fotos do Kiss, depois chegaram mais coisas. O Kiss permitiu que os demais artistas também colocassem seus produtos a venda. CDs, DVDs, camisetas, o que quer que fosse. Comprei alguns álbuns que não tinha ainda do Enuff Znuff, do King´s X e afins.
21h! O quarteto mascarado iniciaria sua primeira apresentação no teatro. Como o espaço não comporta todos, a banda faz duas apresentações e na compra do cruzeiro você deve optar qual noite você quer assistir. Não é permitido comprar para as duas noites. Optei pela segunda porque as opções de lugar estavam melhores. Sim, é com lugar marcado… Para aqueles que esperariam a noite seguinte, meu caso, os músicos fizeram uma transmissão por telão na área conhecida como Atrium. Fui lá conferir. Apenas uma câmera estática, porém com uma ótima qualidade de som. O mais louco de tudo é que na hora da chuva de confetes em “Rock n Roll All Nite”, caía confete na área do telão também kkkk. Paul Stanley estava com a voz um pouco mais forte do que tem apresentado nos últimos tempos e o set trouxe algumas raridades como “Keep Me Comin´”, “Rock n Roll Hell”, “Radioactive” e “Wouldn´t You Like To Know Me”, além de alguns clássicos já esperados como “God of Thunder”, “I Love It Loud”, “Detroit Rock City” e “Love Gun”. Showzaço!
Terminada a transmissão fiquei por lá para conferir, mais uma vez, o Skid Row. Havia perdido o início da outra apresentação. Queria ver um show do início ao fim. Muito legal!! O set foi praticamente o mesmo do show anterior, mas o lugar tem uma pegada mais intimista. Vi eles ainda mais de perto e consegui conversar rapidamente com Scotti Hill no final da apresentação. Para mim, pelo menos, que assistia Oh Can You Say Scream em VHS sem parar, experiência hiper bacana.
Fim do show do Skid Row, fui dormir. No dia seguinte teria uma atividade logo cedo com ninguém mais, ninguém menos do que mr. Gene Simmons.
7 de Novembro. O navio aportou em Grand Cayman às 10h. Demoraria para descer dele, contudo. Afinal, faria uma masterclass com Gene Simmons às 10h30. Simplesmente memorável. O baixista do Kiss comenta sobre algumas histórias de bastidores do rock (o conhecimento do cara é absurdo) enquanto te ensina a compor uma musica. 16 alunos, fui um deles, juntam-se a ele para compor uma musica inédita. Ele fica na guitarra, os alunos no baixo, e ele vai orientando o que fazer no baixo e dando ideias de composição. Como uma boa parte dos participantes não são baixistas, muitos não são sequer musico, ele orienta em tocar com as cordas soltas, os famosos acordes. Ele cria um riff na guitarra e vai dando dicas de como criar ideia de letras, vocalização, etc. Nesse meio tempo, vai soltando varias curiosidades. Sobre suas criações com o Kiss, criações de outros artistas que ele teve a oportunidade de presenciar (Stevie Nicks, Elton John…) O evento durou perto de 2 horas. Realmente, inesquecível!!!
Terminada a aula, desci do navio e fui andar um pouco no Grand Cayman. Mais uma vez, não fui longe demais para não correr o risco de me perder. Mais uma vez, não comprei nada. Só dei uma volta, almocei e retornei ao navio. Dessa vez, almocei no Hard Rock Café. Ambiente agradável, mas bem menor do que o de Miami. O cardápio é praticamente o mesmo. Curiosamente, várias musicas do Kiss estavam tocando na lanchonete.
Voltei para o navio às 16h. Nesse dia, ele sairia às 17h. Aproveitei para dar uma descansada e curtir um pouco o cruzeiro. Admirei um pouco a paisagem. Dei mais algumas voltas. Assisti um trecho do Cleveland´s Breakfast Club. Uma banda cover. O guitarrista deles é o guitarrista que acompanha a Taylor Swift em turnê. O cara tocando Van Halen é de cair de joelhos. Às 21h seria minha vez de ver o Kiss. Dessa vez, do lado de dentro do teatro. Logo que entrei, notei que Shannon Tweed, esposa do Gene Simmons, estava no local. No andar superior, mas na mesma direção da minha poltrona. Em determinado momento, ela começou a jogar algumas palhetas do Gene Simmons. Impressionante como a galera se mata para conseguir pegar uma palheta, é como se tivessem encontrado um pote de ouro. Como estava próximo, algumas vieram em minha direção e uma delas caiu no meu colo, guardei comigo, é claro.
O teatro é extremamente aconchegante. Ótima visualização e som perfeito. O show foi basicamente o mesmo da noite anterior. Mais uma vez, Paul Stanley estava acima da média. De diferente, apenas o bis quando trocaram “Strutter” por “Deuce”. Dei graças a Deus que não trocaram as raridades. Estava louco para conferir “Wouldn´t You Like To Know Me”, “Keep Me Comin´” e “Radioactive” de perto e consegui. Nessa edição, o tema era o Creatures Of The Night. Para celebrar, fizeram uma replica do tanque que utilizaram na excursão que passou pelo Brasil. Paul e Gene usaram as mesmas roupas da época. Tommy usou o visual que o Ace Frehley estava na época (ele não gravou o disco, nem participou da turnê, mas participou do clipe de “I Love It Loud” e de alguns programas de TV). O único senão é que Eric Singer continuou com o visual de catman e, nessa época, o baterista era o Eric Carr. Poderia ter revivido o personagem em homenagem ao falecido músico. O show, contudo, foi fantástico!
Mais uma vez, sem pirotecnia e sem os números solos. Os músicos entram andando no palco, pegam seus instrumentos e mandam som atrás de som. Terminado o show do Kiss, corri para a área da piscina. Iria rolar o show do Dead Daisies. Banda que estava muito afim de assistir e não havia conseguido ainda. Antes, rolou o Creatures Costume Fashion Show, um evento onde vários fãs subiam ao palco caracterizado como algum integrante do Kiss. Pintou até um Vinnie Vincent por lá… Tinha uns figuraças…
Na hora de começar o show, John Corabi sobe no palco e avisa. “Estão prevendo chuva, portanto estamos transferindo nosso show para o Atrium. Assim que a banda que está lá, encerrar sua apresentação, nós entraremos. Caso contrário, corre o risco de eu ter que interromper o show depois de 2 ou 3 músicas. Espero vocês por lá”.
E assim foi… Corri para lá. Estava rolando a apresentação do The Dives. Banda do filho do Paul Stanley. Paul estava escondido atrás das caixas assistindo o filho. Conforme prometido, o Dead Daisies veio na sequencia. Show devastador. Para mim, foi puxado porque acordei cedo para fazer a atividade com o Gene Simmons, e por conta da mudança, o show começou tarde, mas mesmo assim fiquei até o fim. Brian Tichy fez um numero solo em cima do solo do Peter Criss. Marco Mendoza roubava a cena girando com o seu baixo. Doug Aldrich é um verdadeiro monstro. John Corabi está cantando muuuuuito. O repertório foi focado em cima do último álbum Make Some Noize, mas trouxe também algumas músicas de Revolución, além de alguns covers. Desses, o que mais me impressionou foi a versão de “Helter Skelter” (Beatles). John Corabi cantando isso é mortal.
Terminada a apresentação, fui pro quarto, precisava dormir algumas horas. No dia seguinte teríamos mais momentos marcantes… E, ah sim, fui surpreendido com mais alguns brindes do Kiss em cima da minha cama. Entre eles, um LP exclusivo com o encarte assinado à caneta pelos 4 integrantes da banda. Genial!
Dia 8 de Novembro. Acordei cedo e fui dar uma espiada na partida de bingo com o Enuff Znuff. Achei as cartelas caras, acabei não participando. Só assisti um pedaço. Realizaram dentro do teatro. Por ser uma atividade com a banda, teria feito diferente. Algo mais próximo dos músicos, mais intimista. Afinal, essa é a graça de se participar da atividade com um musico. Não comentei nada, fiquei quieto, guardei minha opinião para mim. Cumprimentei toda a banda antes de sair do teatro. Tinha falado apenas com Chip.
Em seguida, fui para o deck principal conferir o show do Magnetico. Meio difícil chegar lá porque o Paul Stanley estava para chegar dentro da área de onde ele vendia suas pinturas, para assinar os quadros de quem havia adquirido. E ficava bem no trajeto. Como já o havia conhecido e já havia assinado minhas coisas com ele, não fiquei esperando por ele, fui pro show. O líder do Magnetico é um musico chamado Rafael Moreira. Musico brasileiro que ganha a vida no exterior. Já se apresentou com o Rockstar Supernova, gravou DVD com o Paul Stanley, excursionou com Christina Aguilera e Pink. Comprei os CDS dele no cruzeiro, não ouvi ainda. Embora contem com poucos músicos, fazem um trabalho pesadinho. Trabalho bem feito. 3 músicos no palco e muito bem executado.
Terminada a apresentação corri de volta para o Atrium para assistir um trecho do Paul Stanley´s Pizza Contest. Varias pessoas se inscreviam para participar e essas seriam selecionadas por sorteio. Ali, Paul, que gosta de cozinhar no tempo livre, prepararia algumas pizzas para os convidados. Transmitiram o evento por telão. Assisti um pedaço e fui almoçar.
Retornei ao deck de onde assisti um pedaço de mais uma apresentação do Kings X. Antes de subirem no palco, troquei algumas rápidas palavras com Ty Tabor e Doug Pinnick. Encontrei com eles no caminho do restaurante. Ambos, bem simpáticos.
Corri mais uma vez para o Atrium onde transmitiriam outra atividade com convidados selecionados por sorteio. Dessa vez, Are You Smarter Than a Rock God w/ Gene Simmons. As pessoas sorteadas disputariam conhecimento com o baixista. Os temas variavam entre conhecimentos gerais, musica em geral, filmes e Kiss. Assisti apenas um pedaço para ver como funcionava a dinâmica. E, bah… a pergunta final, que ninguém sabia a resposta, eu sabia responder. hehehe
16:15. Era a vez do Special Guest. Muitos acreditavam que seria uma apresentação do Ace Frehley, mas quem subiu ao palco foi o Nick Simmons, filho de Gene. Mesmo esquema da Sophie. Ele na voz, um violão e um baterista. No repertório; Led Zeppelin, Joe Cocker, The Doors… Tem uma voz bacana, mas achei algumas de suas escolhas ousadas demais. Um momento curioso foi quando Evan Stanley subiu ao palco para tocar junto com ele. Bacana ver os dois juntos. No mínimo, curioso.
Fim da apresentação, continuei ali. Afinal, iria rolar o Kiss Q&A. Durante alguns dias, os fãs enviaram perguntas para a banda e depois foi realizada uma votação para eleger as 20 melhores. Nesse momento, toda a banda iria ao palco para respondê-las. E as perguntas seriam feitas por quem as criou. Paul Stanley, demonstrou ser o mais pé no chão, menos deslumbrado. Gene, o mais irreverente. As perguntas eram as famosas curiosidades de fã: “Vocês fariam um álbum acústico somente com material inédito?”, “Se pudesse ser alguém que não você, por um dia, quem você gostaria de ser?”, “Qual sua música preferida?”, “Qual show você gostaria de ter assistido e nunca teve oportunidade?”. Os músicos respondiam com inteligência e acabaram divertindo os fãs. O Gene era o campeão de arrancar risadas do publico com respostas nonsense. “Gostaria de ter assistido o Kiss. Nuuuunca assisti!”.
Fim das perguntas. Era hora de assistir o tão aguardado show acústico do Paul. Apresentação totalmente intimista para algumas dezenas de pessoas. Só quem adquiriu um de seus instrumentos, poderia assisti-la. Em torno de 50 minutos, ele conversa com os fãs e toca algumas musicas no violão. Somente ele no palco, sem acompanhamentos. O repertório traz algumas preciosidades. “Antes de ter condições de ter uma guitarra, eu tocava violão. Haviam muitas coisas que eu tocava. Essa é uma música que eu costumava tocar. Não é minha, mas gostaria de ter escrito", declara antes de interpretar "Catch The Wind" do cantor Donovan.
Foi desse modo que ele iniciou o show. No repertório, alguns clássicos do Kiss como “Hard Luck Woman”, "Everytime I Look At You" e algumas raridades. “Hold Me, Touch Me”, de seu álbum solo de 1978. “So Long” e “Mistake”, músicas registradas em demos do Kiss, mas nunca lançadas. Nos depoimentos, mais uma vez, demonstrava simpatia. “Muitas pessoas chegam em mim e dizem ‘Obrigado, você mudou minha vida’ e eu respondo ‘Lhe digo o mesmo’. Não estaria aqui sem o apoio de vocês”. A voz dele estava cansada. Cantou varias notas para baixo, usou alguns falsetes, mas assistir uma apresentação, praticamente cara a cara com ele, com um repertório desses é no, mínimo, emocionante. Para o fã, é uma experiência que não tem preço.
Saí da sala e corri para o teatro. As duas próximas atrações que deveriam ocorrer no deck da piscina foram transferidas para dentro do teatro. Assisti o finalzinho do Whitford/St Holmes e assisti o show do The Dives, dessa vez, na íntegra. Banda bem redondinha, fizeram um show bem competente. Fazem um trabalho autoral, bastante referência de anos 60. Em alguns momentos, soam rock de garagem. Em outros, transpiravam influência de Beatles. Quando conversei com eles na pré-party, eles alegaram estar gravando o seu debut e prometeram novidades já para Janeiro de 2017. Vamos ver o que são essas novidades exatamente…
Os shows que queria assistir, já tinha visto todos. Como estava cedo ainda, peguei o calendário para ver o que mais rolaria de interessante. Afinal, não queria deixar de aproveitar a ultima noite do cruzeiro. E eis que descubro que o Dead Daisies faria uma nova apresentação em poucos instantes, no mesmo lugar que havia assistido eles, o Skid Row e o Enuff Z´Nuff. Como havia gostado bastante do show deles, conferi mais uma vez. Outra puta performance.
Os músicos com uma puta garra, com um publico bem maior. Repertório, entretanto, bem parecido. Poucas musicas foram mudadas. No final do show, falei rapidamente com o Brian Tichy, o Dave Lowell e retornei ao teatro que havia se transformado em um cinema.
Estavam transmitindo lá o show do Kiss em Las Vegas. Honestamente, não gostei da transmissão. Achei o volume baixo, imagem meia boca. De todo modo, foi uma forma bonita de encerrar o passeio. Enquanto via os minutos finais do filme, vinham até mim vários flashes de tudo aquilo que havia vivido ali. Momentos únicos que jamais esquecerei. Dia seguinte, seria dia de abandonar o navio. Na saída, vários artistas que participaram do cruzeiro passaram andando do meu lado. A galera do Skid Row, Brad Whitford, St Holmes (que inclusive, puxou papo comigo quando me viu com os instrumentos na mão. Gente finíssima, por sinal…). Honestamente, já imaginava que o passeio seria bacana, mas não conseguia imaginar nem metade dos momentos que vivi. Em uma palavra: inesquecível!
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