quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Kiss Kruise VI (4-9/11):


















Por Davi Pascale

Fotos: Davi Pascale / Will Byington (foto com o Kiss) /  Christina Vitagliano (foto com Gene Simmons) / fãs do Kiss (foto minha com os artistas. Valeu moçada!!)

Publicado originalmente no site Consultoria do Rock


Estive vivendo um sonho. Algo que se alguém tivesse dito para mim, quando descobri a música desses caras 31 anos atrás, teria gargalhado por horas e horas. Nunca imaginei que viveria momentos como esses, mesmo… Depois de ficar ouvindo histórias de amigos e colegas sobre as edições anteriores, dessa vez decidi criar coragem e embarcar nessa magia. Sozinho, com a cara e a coragem, fiz minhas malas e voei até Miami para participar da sexta edição do cruzeiro do Kiss. Algo que ficará na minha memória por toda a eternidade…

A alegria começou um pouco antes e totalmente por acaso. Cheguei na cidade 2 dias antes. Primeiro, para não correr o risco de perder o cruzeiro por um eventual atraso ou cancelamento de voo. Depois, para poder explorar um pouco a cidade. Durante minhas caminhadas por lá, descobri que haveria uma pré-party do evento no Hard Rock Café, um dia antes. Corri para lá para tentar conseguir um convite. Deu certo…

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Extremamente bem organizado. O evento começou no horário marcado. As pessoas foram chegando aos poucos. A festa teve início às 16h e ultrapassaria às 00:00h. Rolaram sorteios, apresentações ao vivo e aparições especiais. 3 artistas se apresentaram: The No. 13´s, The Big Rock Show e Kiss Alike. A primeira, uma boa banda de rock autoral que já havia participado do Kiss Kruise II. Boa parte dos presentes já os conhecia. A segunda, The Big Rock Show, é uma banda cover de hard rock 80´s. Também já haviam se apresentado no cruzeiro em edições anteriores. Grupo extremamente competente com dois ótimos vocalistas e um excelente guitarrista solo. Animação total. O encerramento ficou por conta de uma banda cover do Kiss; o Kiss Alike. Assisti somente um trecho. Não queria ser derrubado pelo cansaço e perder a viagem. No pouco que assisti, achei a banda meia boca. Já assisti bandas covers melhores aqui no Brasil.

Sempre que rola uma expo ou uma festa temática, os organizadores levam convidados especiais para participarem do evento. Alguém que tenha alguma relação com o artista. Dessa vez, foram 3: o ilustrador Ken Kelly (responsável pela criação das capas de Love Gun e Destroyer), o ator Marc Price (um dos atores do longa Trick Or Treat, onde participaram Gene Simmons e Ozzy Osbourne) e o grupo The Dives (banda da qual faz parte Evan Stanley, filho do starchild). Todos estavam educados e solícitos. A viagem não poderia ter começado melhor…

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Dia 4 de Novembro. Finalmente chega o grande dia. Chego ao porto e não encontro nenhuma dificuldade em encontrar o portão correto. Do lado de fora, uma faixa estendida anunciando a atração e centenas de Kiss soldiers vestindo camiseta de seus heróis em uma enorme fila debaixo de um sol de lascar. Nunca tinha feito um cruzeiro antes. Primeira parte bem parecida à dos aeroportos. Passa suas bagagens em um raio x, apresenta o passaporte para meio mundo até que chega ao check in. Lá o rapaz pede um cartão de credito, o passaporte mais uma vez e diz: ‘a partir de agora esse é seu cartão. Ele serve para tudo. Deixe seus documentos no cofre e carregue somente ele com você’, enquanto entrega um cartão do cruzeiro. Sou guiado para uma sala de espera. No caminho, já começo a topar com alguns artistas que se apresentariam no cruzeiro. John Corabi passa andando do meu lado… Sim, decididamente estava no local certo.

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Assim que se chega na sala, batemos uma foto do embarque e recebemos um numero. As pessoas são chamadas em grupo. Todos que tiverem o numero que estiver sendo anunciado nos falantes, devem se dirigir ao embarque. Não demora muito, e meu numero é convocado. Todos andam em fila respeitosamente. Ninguém ultrapassa ninguém, ninguém reclama, ninguém empurra. Quando menos se espera, estamos dentro do navio. Fui logo conferir meu quarto e deixar minha mala de mão por lá. A mala principal seria entregue pela equipe. No elevador, topo com mais um artista, Chip Z´Nuff, líder do Enuff Z´nuff. Teve gente pedindo foto com ele dentro do elevador, preferi esperar um momento mais oportuno. Assim que entro no quarto, me deparo com uma sacola do Kiss em cima da cama e um calendário oficial do evento com o horário de todas as atrações. Reparo que a maioria dos artistas se apresentam de 2 a 3 vezes. Como tinha evento agendado com a banda, começo a me programar para não perder as atrações que gostaria de assistir.

Não demora muito e somos convocados para um treinamento de segurança. Ocorreram em vários lugares simultaneamente. Era obrigatório. Cada grupo se dirigiria à um local determinado onde teria uma equipe que passaria os procedimentos. Não foi muito demorado, não. Logo depois, corri para o deck da piscina para ver a cerimônia de abertura. Um rapaz vestido de comandante surge fazendo um discurso meio irreverente, brincando com o nome de várias músicas do Kiss. A banda surge no palco para dar as boas vindas, agradecer a presença dos presentes e fazer um anúncio: ‘faremos nosso primeiro show, logo mais’.

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O show do Kiss estava marcado paras às 21h. Aproveitei que ainda tinha bastante tempo, perto de 5 horas, e fui dar uma volta no navio. Ver tudo o que tinha, o que ficava aonde, conhecer os trajetos… Também aproveitei para comparecer ao Axe Bass Petting Zoo. Local onde haviam colocado vários baixos do Gene para quem quisesse tirar foto com o instrumento. Para mim, o que importava era pegar minhas credenciais para me encontrar com Gene em pessoa daqui uns dias. Tudo correto, sem dor de cabeça. “Qual o seu nome? Ok, aqui está. Seu nome está na lista. Você deve encontrar com o Gene, neste local, amanhã às 15h. Lá, ele assinará suas coisas, tirará os retratos e te entregará o instrumento. Nesse dia, você deve usar a pulseira amarela. Na segunda, às 10:30h, ocorrerá sua masterclass. Você deve vir com a pulseira amarela e com esse crachá. Você deve estar com os dois. Se estiver sem um ou sem o outro, não entra”.

Retornei ao quarto, troquei de roupa e guardei tudo na minha sacola para não correr o risco de perder. Logo em seguida, retornei ao deck da piscina para esperar o show do Kiss. Simplesmente mágico. Sem atrasos, os 4 surgiram no palco desmascarados, com roupas simples, sem nenhum tipo de produção de palco e com um repertório escolhido a dedo. Nesse primeiro show, pouquíssimos hits. Nada de “Detroit Rock City”, “Love Gun” ou “Rock n Roll All Nite”. O foco foram b-sides e clássicos menores. Iniciaram com “I Stole Your Love” e entregaram verdadeiras preciosidades como “Take Me”, “Goin´ Blind”, “All The Way”, “Mainline”, “Love Her All I Can”, “A World Without Heroes”, “Plaster Caster”, “Hide Your Heart”… Equalização perfeita, banda com uma puta energia, de bem com a vida e super entrosada. Sem contar que assistir uma banda desse porte tocando em um ambiente desses é, no mínimo, emocionante. É quase como se os caras estivessem fazendo um show no quintal da sua casa.

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Fim do show. Corri para o Paul Stanley Weapons of Choice. Sala onde voce poderia fotografar com as guitarras dele. Mais uma vez, meu interesse era pegar minha credencial. Dessa vez, para encontrar com o starchild. Mais uma vez, sem nenhuma dor de cabeça. “Qual seu nome? Ok, Davi, aqui estão suas coisas. Amanhã, às 19h, você retira seu instrumento com o Paul e participa do Meet and Greet com ele. Você deve vir com essa pulseira azul. No dia 8, o ultimo dia do navio, você deve se dirigir à esse endereço com essa pulseira roxa, e esse crachá. Deve usar os dois. Se estiver sem um deles, não entra. Com isso, você terá acesso à apresentação do Paul que ocorrerá às 19h nesse local marcado aqui”. Mais uma vez, retornei ao quarto para deixar tudo por lá. E corri ao deck da piscina para ver o show do Skid Row que já estava iniciando sua apresentação. Logo que chego no local, dou de cara com John Corabi.

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Não sei se a galera estava cansada, mas pouquíssimas pessoas apareceram nesse primeiro dia para ver o Skid Row. O repertório bem parecido ao que apresentaram no Hollywood Rock 1993. Ou seja, em cima dos dois primeiros álbuns e o cover de “Psycho Therapy” (Ramones). Uma verdadeira viagem no tempo. Não faltaram sons como “Big Guns”, “Monkey Busines” e “Youth Gone Wild”. A única musica fora desse período foi “Beat Yourself Blind” do Subhuman Race. Banda entrosadíssima, show hiper redondo, e vocalista excelente.

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Reparei que Marco Mendoza e Doug Aldrich estavam em pé do meu lado assistindo o show. Antes de ir embora, pedi uma foto para o Marco Mendoza. Esperei uma outra oportunidade para falar com Doug Aldrich. Estava junto com uma galera e não quis atrapalhar…

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Resolvi dar um pulo no restaurante pegar uma água e eis que topo no corredor com Dave Snake Sabo e Rachel Bolan. Cumprimentei os dois, tirei um retrato, comecei a conversar com a galera que estava por lá e eis que mais um convidado ilustre aparece. Sem se importar em ser reconhecido, parou, atendeu todo mundo e ficou conversando com a galera. Quem acompanha o Kiss de perto, conhece Brent Fitz por seu trabalho com o Union, ao lado do Bruce Kulick e do John Corabi (Motley Crue, Dead Daisies). Quem não, o conhece por seu trabalho ao lado do Slash + Myles Kennedy. Dessa vez, estava lá para acompanhar Brad Whitford, guitarrista do Aerosmith. O cara ficou uns 20 minutos conversando com o pessoal de igual para igual. O cruzeiro não poderia ter começado melhor…

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Dia 5 de Novembro. Dia seria ainda mais agitado. Como tinha me trocado pouco antes do show do Kiss, mantive a roupa da noite anterior. Afinal, tinha usado ela por poucas horas. Corri mais uma vez para o deck da piscina. Dei uma conferida em duas atividades envolvendo músicos do Kiss. Primeiro, The Kiss Navys Got Talent With Eric Singer. Dez pessoas subiriam ao palco para demonstrar seu talento. Seja ele qual fosse. Cantar uma música, fazer um solo de bateria, dançar, valia tudo… E o jurado seria Eric Singer, o baterista do Kiss. Depois, Name That Solo w/ Tommy Thayer. O guitarrista do Kiss sobe ao palco com sua guitarra e começa a interpretar diversos solos do Kiss e as pessoas sorteadas devem adivinhar de qual musica é aquele solo. Atrações, no mínimo, divertidas.

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Ao fim da atração do Tommy, corri de encontro ao Gene Simmons. Havia chegado o momento de ficar cara a cara com o músico. De camisa e boné, o musico conversava com a galera que os aguardava. Na sala, varias musicas do Kiss rolando no falante. “Vocês sabem quem gravou os backings nessa musica? Donna Summer! Estou falando sério!”. Aos poucos, as pessoas eram chamadas para irem de encontro a ele. E eis que chega minha vez: “Hello! Is that allright with you? Yeeah! Where are you from? Brazil? Tuuuu-dooo beeem?”. Impressionante o carisma e a simpatia. Simpático, conversa com todo mundo. Tira fotos a mais com o pessoal, brinca com todo mundo. Você até se esquece que está diante de um rockstar.

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Pego meus discos, meu baixo e retorno para o quarto para deixar minhas coisas em segurança. Assisti os minutos finais do Dead Daisies, corri para a tarde de autografo da banda, assinei meus discos e fui fazer a foto com o Kiss, programada para as 18:00h. Todos que fazem o cruzeiro, têm direito a uma foto com a banda. Não é cobrado à parte, já está no pacote. Vai por cabine. Como viajei sozinho, fotografei sozinho.

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Fiz o retrato e já fiquei por ali para fazer o meet com o Paul Stanley. Entro na sala e coloco meus discos na mesa. “Hello! Wow! You have a lot of really cool stuff here. Amazing!”. Stanley assinou os álbuns, o instrumento e chamou para tirar a foto. Começou a fazer pose segurando a guitarra, fiquei pouca coisa de lado. Achei que ele ia fotografar primeiro sozinho com o instrumento. “Don´t be shy. Come closer”. Fizemos duas fotos novamente. Antes de sair, Paul me parou e disse: “Você tem um belo instrumento em suas mãos. Quero que você me prometa que irá usa-la e se divertir. Use, toque, divirta-se. Espero que essa guitarra lhe traga muitas felicidades, muitos momentos de alegria, está bem? Quero que você seja feliz..”.  Mais uma vez, uma simplicidade fora do comum. O músico conversava enquanto assinava as suas coisas, conversava após o retrato. Mais uma vez, esquecíamos que estávamos de frente à uma estrela do rock…

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Por mim, o dia poderia ter acabado aí, mas ainda tinha mais por vir. Retornei mais uma vez ao quarto. Deixei minha guitarra e meus encartes assinados por lá, olhei no relógio, quase 20h. Fui almoçar. Exatamente! Não havia comido ainda… Fiz o que chamo de almojanta. Ou seja, uma refeição que vale pelas duas. Saí do restaurante, retornei ao deck da piscina, onde ocorriam os grandes shows. Assisti Sophie Simmons. Filhinha do Gene. Acompanhada de um violão e uma bateria, a garota cantou algumas de suas musicas preferidas. Repertório pop. Canções de artistas como Amy Winehouse, Alicia Keys, Mark Ronson. Canta bem, mas senti falta de uma banda maior. As musicas pediam um arranjo mais cheio. Já havia topado com ela na escada, enquanto ia de um andar para outro, mas não tinha ninguém para bater uma foto com ela. Por isso, aproveitei o final do show para conseguir um retrato.

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Continuei por ali para aguardar o show do King´s X. Outra banda que estava querendo assistir. Ainda menos gente do que tinha no show do SKid Row. Pouquíííííssimas pesssoas compareceram para assisti-los. O que é uma pena. Os caras deram um puuuuta show. Três puta músicos. Fizeram uma performance inspiradíssima. De onde estava, consegui notar que Paul e Gene estavam na lateral do palco conferindo o show. Pelo menos, tiveram convidados ilustres hehehehe.

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A apresentação do King´s X encerrou à meia noite, mas ainda havia mais por vir. Tirei minha foto com Doug Aldrich que estava mais de boa e corri para o Atrium para conferir o show do Enuff Znuff.

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Outra banda que, assim como King´s X, sempre curti e nunca imaginei que teria a chance de assistir ao vivo. Com uma puta energia e privilegiando os “hits” como “Baby Loves You” e “New Thing”, Chip roubou a atenção com toda sua irreverência. Com chapéu e um óculos gigante na cara, provocava a plateia. “Como vocês aguentam? Onde esconderam a cocaína?”, “Recebi um telefonema do Paul Stanley: ‘Chip, quer tocar no cruzeiro?’, ‘Claro, quanto vocês vão me cobrar?’, ‘Chip, é o Paul Stanley, não o Gene Simmons” ou ainda “Acho que vou vender meu baixo. 100.000 dólares.” E tudo isso com Tommy Thayer, guitarrista do Kiss, assistindo o show do lado do palco.

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Embora a galera que participe da excursão seja, em sua maioria, apaixonada pela banda. Todos entenderam que era uma brincadeira e deram risada com o músico. O show dos caras foi bem legal, o único senão é a ausência do cantor Donnie Vie. Gostava muito da voz do cara e, infelizmente, ele não está mais no conjunto. De todo modo, o show foi bem legal. Divertido, despretensioso e bem rock n roll. Ao final do show, Chip se jogou no meio da galera. Conversou com todo mundo, tirou centenas de retratos. Figuraça!!

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Dia seguinte, teria a primeira parada do navio, mas isso fica para o próximo post...

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