Por Davi Pascale
Fotos: Davi Pascale / Will Byington (foto com o Kiss) / Christina Vitagliano (foto com Gene Simmons) / fãs do Kiss (foto minha com os artistas. Valeu moçada!!)
Publicado originalmente no site Consultoria do Rock
Estive vivendo um sonho. Algo que se
alguém tivesse dito para mim, quando descobri a música desses caras 31
anos atrás, teria gargalhado por horas e horas. Nunca imaginei que
viveria momentos como esses, mesmo… Depois de ficar ouvindo histórias de
amigos e colegas sobre as edições anteriores, dessa vez decidi criar
coragem e embarcar nessa magia. Sozinho, com a cara e a coragem, fiz
minhas malas e voei até Miami para participar da sexta edição do
cruzeiro do Kiss. Algo que ficará na minha memória por toda a
eternidade…
A alegria começou um pouco antes e
totalmente por acaso. Cheguei na cidade 2 dias antes. Primeiro, para não
correr o risco de perder o cruzeiro por um eventual atraso ou
cancelamento de voo. Depois, para poder explorar um pouco a cidade.
Durante minhas caminhadas por lá, descobri que haveria uma pré-party do
evento no Hard Rock Café, um dia antes. Corri para lá para tentar
conseguir um convite. Deu certo…
Extremamente bem organizado. O evento
começou no horário marcado. As pessoas foram chegando aos poucos. A
festa teve início às 16h e ultrapassaria às 00:00h. Rolaram sorteios,
apresentações ao vivo e aparições especiais. 3 artistas se apresentaram:
The No. 13´s, The Big Rock Show e Kiss Alike. A primeira, uma boa banda
de rock autoral que já havia participado do Kiss Kruise II. Boa parte
dos presentes já os conhecia. A segunda, The Big Rock Show, é uma banda
cover de hard rock 80´s. Também já haviam se apresentado no cruzeiro em
edições anteriores. Grupo extremamente competente com dois ótimos
vocalistas e um excelente guitarrista solo. Animação total. O
encerramento ficou por conta de uma banda cover do Kiss; o Kiss Alike.
Assisti somente um trecho. Não queria ser derrubado pelo cansaço e
perder a viagem. No pouco que assisti, achei a banda meia boca. Já
assisti bandas covers melhores aqui no Brasil.
Sempre que rola uma expo ou uma festa
temática, os organizadores levam convidados especiais para participarem
do evento. Alguém que tenha alguma relação com o artista. Dessa vez,
foram 3: o ilustrador Ken Kelly (responsável pela criação das capas de Love Gun e Destroyer), o ator Marc Price (um dos atores do longa Trick Or Treat,
onde participaram Gene Simmons e Ozzy Osbourne) e o grupo The Dives
(banda da qual faz parte Evan Stanley, filho do starchild). Todos
estavam educados e solícitos. A viagem não poderia ter começado melhor…
Dia 4 de Novembro.
Finalmente chega o grande dia. Chego ao porto e não encontro nenhuma
dificuldade em encontrar o portão correto. Do lado de fora, uma faixa
estendida anunciando a atração e centenas de Kiss soldiers vestindo
camiseta de seus heróis em uma enorme fila debaixo de um sol de lascar.
Nunca tinha feito um cruzeiro antes. Primeira parte bem parecida à dos
aeroportos. Passa suas bagagens em um raio x, apresenta o passaporte
para meio mundo até que chega ao check in. Lá o rapaz pede um cartão de
credito, o passaporte mais uma vez e diz: ‘a partir de agora esse é seu
cartão. Ele serve para tudo. Deixe seus documentos no cofre e carregue
somente ele com você’, enquanto entrega um cartão do cruzeiro. Sou
guiado para uma sala de espera. No caminho, já começo a topar com alguns
artistas que se apresentariam no cruzeiro. John Corabi passa andando do
meu lado… Sim, decididamente estava no local certo.
Assim que se chega na sala, batemos uma
foto do embarque e recebemos um numero. As pessoas são chamadas em
grupo. Todos que tiverem o numero que estiver sendo anunciado nos
falantes, devem se dirigir ao embarque. Não demora muito, e meu numero é
convocado. Todos andam em fila respeitosamente. Ninguém ultrapassa
ninguém, ninguém reclama, ninguém empurra. Quando menos se espera,
estamos dentro do navio. Fui logo conferir meu quarto e deixar minha
mala de mão por lá. A mala principal seria entregue pela equipe. No
elevador, topo com mais um artista, Chip Z´Nuff, líder do Enuff Z´nuff.
Teve gente pedindo foto com ele dentro do elevador, preferi esperar um
momento mais oportuno. Assim que entro no quarto, me deparo com uma
sacola do Kiss em cima da cama e um calendário oficial do evento com o
horário de todas as atrações. Reparo que a maioria dos artistas se
apresentam de 2 a 3 vezes. Como tinha evento agendado com a banda,
começo a me programar para não perder as atrações que gostaria de
assistir.
Não demora muito e somos convocados para
um treinamento de segurança. Ocorreram em vários lugares
simultaneamente. Era obrigatório. Cada grupo se dirigiria à um local
determinado onde teria uma equipe que passaria os procedimentos. Não foi
muito demorado, não. Logo depois, corri para o deck da piscina para ver
a cerimônia de abertura. Um rapaz vestido de comandante surge fazendo
um discurso meio irreverente, brincando com o nome de várias músicas do
Kiss. A banda surge no palco para dar as boas vindas, agradecer a
presença dos presentes e fazer um anúncio: ‘faremos nosso primeiro show,
logo mais’.
O show do Kiss estava marcado paras às
21h. Aproveitei que ainda tinha bastante tempo, perto de 5 horas, e fui
dar uma volta no navio. Ver tudo o que tinha, o que ficava aonde,
conhecer os trajetos… Também aproveitei para comparecer ao Axe Bass Petting Zoo.
Local onde haviam colocado vários baixos do Gene para quem quisesse
tirar foto com o instrumento. Para mim, o que importava era pegar minhas
credenciais para me encontrar com Gene em pessoa daqui uns dias. Tudo
correto, sem dor de cabeça. “Qual o seu nome? Ok, aqui está. Seu nome
está na lista. Você deve encontrar com o Gene, neste local, amanhã às
15h. Lá, ele assinará suas coisas, tirará os retratos e te entregará o
instrumento. Nesse dia, você deve usar a pulseira amarela. Na segunda,
às 10:30h, ocorrerá sua masterclass. Você deve vir com a pulseira
amarela e com esse crachá. Você deve estar com os dois. Se estiver sem
um ou sem o outro, não entra”.
Retornei ao quarto, troquei de roupa e
guardei tudo na minha sacola para não correr o risco de perder. Logo em
seguida, retornei ao deck da piscina para esperar o show do Kiss.
Simplesmente mágico. Sem atrasos, os 4 surgiram no palco desmascarados,
com roupas simples, sem nenhum tipo de produção de palco e com um
repertório escolhido a dedo. Nesse primeiro show, pouquíssimos hits.
Nada de “Detroit Rock City”, “Love Gun” ou “Rock n Roll All Nite”. O
foco foram b-sides e clássicos menores. Iniciaram com “I Stole Your
Love” e entregaram verdadeiras preciosidades como “Take Me”, “Goin´
Blind”, “All The Way”, “Mainline”, “Love Her All I Can”, “A World
Without Heroes”, “Plaster Caster”, “Hide Your Heart”… Equalização
perfeita, banda com uma puta energia, de bem com a vida e super
entrosada. Sem contar que assistir uma banda desse porte tocando em um
ambiente desses é, no mínimo, emocionante. É quase como se os caras
estivessem fazendo um show no quintal da sua casa.
Fim do show. Corri para o Paul Stanley Weapons of Choice.
Sala onde voce poderia fotografar com as guitarras dele. Mais uma vez,
meu interesse era pegar minha credencial. Dessa vez, para encontrar com o
starchild. Mais uma vez, sem nenhuma dor de cabeça. “Qual seu nome? Ok,
Davi, aqui estão suas coisas. Amanhã, às 19h, você retira seu
instrumento com o Paul e participa do Meet and Greet com ele. Você deve
vir com essa pulseira azul. No dia 8, o ultimo dia do navio, você deve
se dirigir à esse endereço com essa pulseira roxa, e esse crachá. Deve
usar os dois. Se estiver sem um deles, não entra. Com isso, você terá
acesso à apresentação do Paul que ocorrerá às 19h nesse local marcado
aqui”. Mais uma vez, retornei ao quarto para deixar tudo por lá. E corri
ao deck da piscina para ver o show do Skid Row que já estava iniciando
sua apresentação. Logo que chego no local, dou de cara com John Corabi.
Não sei se a galera estava cansada, mas
pouquíssimas pessoas apareceram nesse primeiro dia para ver o Skid Row. O
repertório bem parecido ao que apresentaram no Hollywood Rock
1993. Ou seja, em cima dos dois primeiros álbuns e o cover de “Psycho
Therapy” (Ramones). Uma verdadeira viagem no tempo. Não faltaram sons
como “Big Guns”, “Monkey Busines” e “Youth Gone Wild”. A única musica
fora desse período foi “Beat Yourself Blind” do Subhuman Race. Banda entrosadíssima, show hiper redondo, e vocalista excelente.
Reparei que Marco Mendoza e Doug Aldrich
estavam em pé do meu lado assistindo o show. Antes de ir embora, pedi
uma foto para o Marco Mendoza. Esperei uma outra oportunidade para falar
com Doug Aldrich. Estava junto com uma galera e não quis atrapalhar…
Resolvi dar um pulo no restaurante pegar
uma água e eis que topo no corredor com Dave Snake Sabo e Rachel Bolan.
Cumprimentei os dois, tirei um retrato, comecei a conversar com a
galera que estava por lá e eis que mais um convidado ilustre aparece.
Sem se importar em ser reconhecido, parou, atendeu todo mundo e ficou
conversando com a galera. Quem acompanha o Kiss de perto, conhece Brent
Fitz por seu trabalho com o Union, ao lado do Bruce Kulick e do John
Corabi (Motley Crue, Dead Daisies). Quem não, o conhece por seu trabalho
ao lado do Slash + Myles Kennedy. Dessa vez, estava lá para acompanhar
Brad Whitford, guitarrista do Aerosmith. O cara ficou uns 20 minutos
conversando com o pessoal de igual para igual. O cruzeiro não poderia
ter começado melhor…
Dia 5 de Novembro. Dia
seria ainda mais agitado. Como tinha me trocado pouco antes do show do
Kiss, mantive a roupa da noite anterior. Afinal, tinha usado ela por
poucas horas. Corri mais uma vez para o deck da piscina. Dei uma
conferida em duas atividades envolvendo músicos do Kiss. Primeiro, The Kiss Navys Got Talent With Eric Singer.
Dez pessoas subiriam ao palco para demonstrar seu talento. Seja ele
qual fosse. Cantar uma música, fazer um solo de bateria, dançar, valia
tudo… E o jurado seria Eric Singer, o baterista do Kiss. Depois, Name That Solo w/ Tommy Thayer.
O guitarrista do Kiss sobe ao palco com sua guitarra e começa a
interpretar diversos solos do Kiss e as pessoas sorteadas devem
adivinhar de qual musica é aquele solo. Atrações, no mínimo, divertidas.
Ao fim da atração do Tommy, corri de
encontro ao Gene Simmons. Havia chegado o momento de ficar cara a cara
com o músico. De camisa e boné, o musico conversava com a galera que os
aguardava. Na sala, varias musicas do Kiss rolando no falante. “Vocês
sabem quem gravou os backings nessa musica? Donna Summer! Estou falando
sério!”. Aos poucos, as pessoas eram chamadas para irem de encontro a
ele. E eis que chega minha vez: “Hello! Is that allright with you?
Yeeah! Where are you from? Brazil? Tuuuu-dooo beeem?”. Impressionante o
carisma e a simpatia. Simpático, conversa com todo
mundo. Tira fotos a mais com o pessoal, brinca com todo mundo. Você até
se esquece que está diante de um rockstar.
Pego meus discos, meu baixo e retorno
para o quarto para deixar minhas coisas em segurança. Assisti os minutos
finais do Dead Daisies, corri para a tarde de autografo da banda,
assinei meus discos e fui fazer a foto com o Kiss, programada para as
18:00h. Todos que fazem o cruzeiro, têm direito a uma foto com a banda.
Não é cobrado à parte, já está no pacote. Vai por cabine. Como viajei
sozinho, fotografei sozinho.
Fiz o retrato e já fiquei por ali para
fazer o meet com o Paul Stanley. Entro na sala e coloco meus discos na
mesa. “Hello! Wow! You have a lot of really cool stuff here. Amazing!”.
Stanley assinou os álbuns, o instrumento e chamou para tirar a foto.
Começou a fazer pose segurando a guitarra, fiquei pouca coisa de lado.
Achei que ele ia fotografar primeiro sozinho com o instrumento. “Don´t
be shy. Come closer”. Fizemos duas fotos novamente. Antes de sair, Paul
me parou e disse: “Você tem um belo instrumento em suas mãos. Quero que
você me prometa que irá usa-la e se divertir. Use, toque, divirta-se.
Espero que essa guitarra lhe traga muitas felicidades, muitos momentos
de alegria, está bem? Quero que você seja feliz..”. Mais uma vez, uma
simplicidade fora do comum. O músico conversava enquanto assinava as
suas coisas, conversava após o retrato. Mais uma vez, esquecíamos que
estávamos de frente à uma estrela do rock…
Por mim, o dia poderia ter acabado aí,
mas ainda tinha mais por vir. Retornei mais uma vez ao quarto. Deixei
minha guitarra e meus encartes assinados por lá, olhei no relógio, quase
20h. Fui almoçar. Exatamente! Não havia comido ainda… Fiz o que chamo
de almojanta. Ou seja, uma refeição que vale pelas duas. Saí do
restaurante, retornei ao deck da piscina, onde ocorriam os grandes
shows. Assisti Sophie Simmons. Filhinha do Gene. Acompanhada de um
violão e uma bateria, a garota cantou algumas de suas musicas
preferidas. Repertório pop. Canções de artistas como Amy Winehouse,
Alicia Keys, Mark Ronson. Canta bem, mas senti falta de uma banda maior.
As musicas pediam um arranjo mais cheio. Já havia topado com ela na
escada, enquanto ia de um andar para outro, mas não tinha ninguém para
bater uma foto com ela. Por isso, aproveitei o final do show para
conseguir um retrato.
Continuei por ali para aguardar o show
do King´s X. Outra banda que estava querendo assistir. Ainda menos gente
do que tinha no show do SKid Row. Pouquíííííssimas pesssoas
compareceram para assisti-los. O que é uma pena. Os caras deram um
puuuuta show. Três puta músicos. Fizeram uma performance inspiradíssima.
De onde estava, consegui notar que Paul e Gene estavam na lateral do
palco conferindo o show. Pelo menos, tiveram convidados ilustres
hehehehe.
A apresentação do King´s X encerrou à meia noite, mas ainda havia mais por vir. Tirei minha foto com Doug Aldrich que estava mais de boa e corri para o Atrium para conferir o show do Enuff Znuff.
Outra banda que, assim como King´s X,
sempre curti e nunca imaginei que teria a chance de assistir ao vivo.
Com uma puta energia e privilegiando os “hits” como “Baby Loves You” e
“New Thing”, Chip roubou a atenção com toda sua irreverência. Com chapéu
e um óculos gigante na cara, provocava a plateia. “Como vocês aguentam?
Onde esconderam a cocaína?”, “Recebi um telefonema do Paul Stanley:
‘Chip, quer tocar no cruzeiro?’, ‘Claro, quanto vocês vão me cobrar?’,
‘Chip, é o Paul Stanley, não o Gene Simmons” ou ainda “Acho que vou
vender meu baixo. 100.000 dólares.” E tudo isso com Tommy Thayer,
guitarrista do Kiss, assistindo o show do lado do palco.
Embora a galera que participe da
excursão seja, em sua maioria, apaixonada pela banda. Todos entenderam
que era uma brincadeira e deram risada com o músico. O show dos caras
foi bem legal, o único senão é a ausência do cantor Donnie Vie. Gostava
muito da voz do cara e, infelizmente, ele não está mais no conjunto. De
todo modo, o show foi bem legal. Divertido, despretensioso e bem rock n
roll. Ao final do show, Chip se jogou no meio da galera. Conversou com
todo mundo, tirou centenas de retratos. Figuraça!!
Dia seguinte, teria a primeira parada do navio, mas isso fica para o próximo post...
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