Por Davi Pascale
Canal Brasil lança documentário da banda de punk rock Plebe Rude.
Filme é divertido e mistura imagens de arquivo com entrevistas exclusivas.
De uns anos para cá, deu uma
intensificada nesse ramo de documentários musicais brasileiros (tenho mais dois
na fila para assistir). Algo que me deixa muito feliz. Acho extremamente
importante que existam esses documentos que explicam o contexto, a época e
ainda contam histórias de bastidores de artistas que admiramos.
E é exatamente isso o que temos
aqui. Os músicos da Plebe prestam depoimentos ao lado de figuras emblemáticas
em sua trajetória, como o cantor/compositor Herbert Vianna (Paralamas do
Sucesso) e o produtor Jorge Davidson. Os músicos comentam o início da trajetória,
as brigas, o desligamento do Jander, entrada do Clemente (Inocentes)...
Sempre simpáticos e tomando
enorme cuidado com as palavras, Phillipe e Andre (os dois músicos remanescentes
da formação original) explicam todas as mudanças. Não apenas de formação, mas
também de sonoridade. No terceiro álbum, Plebe
Rude, por exemplo, o grupo se viu experimentando misturar ritmos regionais
com o punk rock. Atitude que levou a desentendimentos entre os músicos e ao fim
de seu contrato com a EMI. Se nos anos 90, tal atitude era louvável, nos anos
80, era execrável.
A galera do Plebe Rude sempre foi
ligada à cena punk rock brasiliense. O
Concreto Já Rachou, seu álbum de estreia, é considerado um marco da cena.
Mas, ao contrario de muitos músicos daquele cenário que batiam no peito a ideia
de viver aquilo e só ouvir aquilo, a galera da Plebe comenta abertamente sobre
dar uma chance à tudo que caísse em suas mãos. De U2 à Depeche Mode. Claro, os
álbuns dos Cramps, Clash e Sex Pistols não foram esquecidos.
Como todo bom grupo de rock, não
faltaram polêmicas em sua trajetória. A banda bateu de frente com a EMI para
que seus ideais não fossem desvirtuados. Os garotos não aceitavam aparecer em
tudo quanto era lugar, não estavam dispostos a topar tudo por dinheiro. Fariam
o que fosse necessário para conseguirem uma projeção maior, desde que seus
princípios fossem mantidos. Atitude respeitável e corajosa.
Infelizmente, nunca mais
conseguiram um hit à altura de “Até Quando Esperar”. Tiveram outras musicas nas
rádios, mas não mais com aquele nível de projeção. Aliás, essa não era a
escolha inicial do grupo. A música começou a ser trabalhada contra a vontade de
banda. Phillipe comenta a história por aqui.
Também não foram escondidos os
problemas ocorridos na época de A Tregua
Não Vem – trabalho ao vivo que marcava o retorno da formação original. Essa
primeira etapa está muito bem documentada. Já como o filme é curto – 75 minutos
– poderiam ter comentado um pouco mais da nova fase. Como a oportunidade de
lançar R Ao Contrário nas bancas, a
entrada do novo baterista, etc. De todo modo, o filme é bem divertido e ajuda
não apenas a entendermos melhor os problemas que enfrentaram, como também a
entender o contexto que o Brasil vivia quando iniciaram. Algo importantíssimo para
os fãs mais jovens que não viveram a época.
A Plebe é Rude também apresenta
imagens da época intercaladas nas entrevistas. Clipes, shows, programas de TV,
além de trechos da entrevista que Renato Russo (Legião Urbana) cedeu à MTV.
Filme essencial para quem é fã da banda e para quem pretende entender um pouco
mais sobre a cena brasileira...
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