Publicado originalmente no site Consultoria do Rock
Seven Days Live
ainda é meu vídeo preferido do Poison. Ele não foi gravado no auge do
sucesso. E, sim, no auge da banda enquanto banda. Richie Kotzen trouxe
uma nova vibe para os músicos que acabou interferindo não apenas no
álbum que realizaram juntos, mas também nas apresentações.
Comecei a me ligar no Poison ainda criança. Ouvi Look What The Cat Dragged In, Open Up... And Say Ahhh! e Flesh And Blood
pela primeira vez em vinil. Não por status ou por querer parecer cool,
mas porque era o formato do momento. Simples assim... A entrada de
Richie Kotzen deu uma nova cara para o grupo de L.A. Conhecido por serem
uma banda de glam-metal festiva, os músicos começaram a embarcar em um
hard rock mais pesado com fortes influencias de blues, funk e soul.
O
novo direcionamento tinha algumas razões de ser. Primeiro, a mudança do
guitarrista. Saía o sempre animado C.C. Deville para a entrada de
Kotzen, um musico com mais técnica, que explorava mais o feeling. Outra
razão de ser é a época em que o rock atravessava. Aquela sonoridade hair
metal, que o pessoal no Brasil gostava de tirar sarro chamando de rock
farofa, estava saindo de cena. O mercado agora estava voltado para o som
do rock alternativo que naquela época era conhecido como grunge. Havia
uma necessidade de se reinventar, caso quisessem continuar na mídia.
Capa do VHS da época |
Vários
artistas que apostavam no hard rock modificaram o seu som na época.
Winger, Bon Jovi, The Cult, Warrant… Todos eles, em determinado momento,
tentaram vir com nova proposta de som e, algumas vezes, de imagem. Toda
mudança é marcada por um recomeço e com essa galera não foi diferente.
Tirando Van Halen e Bon Jovi, todos os demais grupos de hard rock
abandonaram as arenas e estádios e voltaram a tocar em casas menores.
Inclusive o Poison...
Seven Days Live foi gravado no Hammersmith Apollo, na época com o nome de Labatt´s Apollo,
uma casa respeitada, onde vários álbuns ao vivo foram gravados, mas
longe de ter espaço para um enorme público. A capacidade da casa é
próxima de 4.000 pessoas. Uma espécie de HSBC da
Inglaterra. O video foi lançado no Brasil, na época do VHS. Mas sua
versão em DVD, que chegou ao mercado em 2006, somente edição importada
mesmo.
O show mostrava um cenário de transição. Os músicos
mantinham alguns elementos de seu velho show (roupa de oncinha, algumas
coreografias, etc), ao mesmo tempo em que vinham com novos elementos. Um
cenário mais simples, sem rampas, raio lasers, e um pouco mais de
improviso. Cenário onde o novo integrante liderava.
Richie Kotzen,
ainda um garoto, já chamava a atenção por sua técnica apurada e seu
lado showman. O rapaz estava um degrau acima dos demais músicos do
conjunto. Demonstrava enorme segurança e inspiração em sua performance.
Kotzen deu uma cara sua para as velhas canções, introduzindo novos solos
e mantendo sua palhetada característica.
Bret Michaels sempre foi
competente, mas bem limitado em termos de alcance. Embora seu trabalho
vocal não comprometa, acaba chamando mais a atenção por sua energia no
palco e seu lado showman. Rikki Rockett, por outro lado, demonstrava que
havia estudado um pouco e se mostrava mais seguro, com menos
acrobacias. Além de ter realizado um solo de bateria respeitável.
O repertório mesclava músicas de seu até então recém-lançado álbum, (o ótimo) Native Tongue,
com musicas de sua antiga fase. Aquelas que são consideradas
essenciais. Dentre essas, vale destacar “Good Love”, com direito à um
bom solo de gaita de Bret, além das sempre enérgicas e divertidas “Look
What The Cat Dragged In”, “Ride The Wind”, “Uskinny Bop” e “Nothin´ But a
Good Time”. Outros ótimos momentos ficam por conta de “Body Talk”,
“Seven Days Over You” e “Until Your Suffer Some (Fire & Ice)”.
Bret continuava com seu velho estilo. Correndo de um lado para o outro, dando alguns pulos e tocando a mão da galera que se espremia na frente do palco. Rikki Rockett continuava com seu jeito alegre, girando baqueta, usando boné em algumas musicas e seu velho quepe em outras. Em alguns aspectos, ainda eram o velho Poison de sempre. Poderiam não estar mais com a mesma atenção que tinham, mas a energia continuava intacta.
O Poison continuava realizando um show alegre, enérgico, só que agora mais profissional. Estavam em seu melhor momento enquanto instrumentistas. Tudo parecia apontar para o começo de uma nova fase, mas infelizmente, a parceria com Kotzen duraria pouco e o (bom) músico Blues Saraceno assumiria sua posição (se apresentando, inclusive, com a banda aqui no Brasil como parte do cast do festival Hollywood Rock em 1994). Crack a Smile tentava manter o caminho trilhado em Native Tongue, mas sem o mesmo sucesso. Foi somente depois que o amalucado C.C. Deville retornou ao grupo que a banda voltou a encher arenas e estádios, vindo a registrar, inclusive, um novo DVD ao vivo, mas isso é papo para outro post...
Faixas:
The Scream
Strike Up The Band
Ride The Wind
Good Love
Body Talk
Something to Believe In
Stand
Fallen Angel
Look What The Cat Dragged In
Until You Suffer Some (Fire & Ice)
7 Days Over You
Uskinny Bop
Talk Dirty To Me
Every Rose Has It´s Thorn
Nothin´ But a Good Time
Nenhum comentário:
Postar um comentário