Por Davi Pascale
Guitarrista do Pink Floyd lança
seu quarto disco solo. Álbum é sólido, traz poucas surpresas, e deve agradar
seus tão fiéis admiradores.
Prestes a fazer sua primeira
turnê pelo Brasil, músico lança seu primeiro trabalho de inéditas desde On An Island. Não parece, mas já
se passaram quase dez anos que seu trabalho anterior chegou às lojas. A
essência continua a mesma. De novidade, apenas uma influencia jazzística aqui e
ali, mas nada capaz de descaracterizar seu trabalho.
Sim, esse é um trabalho solo de
um guitarrista, mas não espere nada pesado, nem virtuose. Quem conhece sua
obra, sabe que ele é justamente o oposto dessa idéia. Sua guitarra sempre foi
dona de uma sonoridade única e o músico sempre se preocupou mais onde colocar
cada nota do que quantas notas colocar. Os arranjos continuam calmos,
viajantes, do jeito que seus fãs gostam.
Polly Samson, esposa de Gilmour,
aparece mais uma vez como letrista. A moça que havia feito sua estréia em The Division Bell, afirmou em algumas
entrevistas que seu marido a deixou mais à vontade dessa vez do que nas demais,
não ficou tanto no controle sobre o que retratar. Quem faz sua estréia aqui é
Gabriel Gilmour. Exatamente, seu filho é o responsável pelo piano da jazzística
“The Girl In The Yellow Dress”, talvez a que mais se distancie de sua obra. A canção
tem um ar meio Diana Krall, não é exatamente o que esperamos de David Gilmour,
mas a faixa é bonita.
Esposa do cantor ataca novamente como letrista |
Muitos não gostam que os artistas
se aventurem pouco em termos de ousadia. Portanto, não estranhe se muitos
críticos começarem a malhar o disco por aí. Acho muito difícil criticar um artista
por esse prisma. Cada caso é um caso. Mais importante do que ficar inventando
moda, acredito que seja entregar um trabalho honesto e de qualidade. E é exatamente isso o que
temos aqui.
“Today” e “Rattle That Lock” são
donas dos momentos mais pops do disco, mas não se preocupem. Não há nada de
modernidade, nem de pasteurizações. É aquele pop pinkfloydiano oitentista que
seus fãs tanto gostam. O disco se inicia e se encerra com uma faixa
instrumental. Tanto em “5 AM”, quanto em “And Then...”, Gilmour demonstra uma
sensibilidade fora do comum em seus solos justificando a babação de ovo em cima
dele nas últimas décadas.
David Gilmour disse que esse
álbum é mais variado que os demais. Realmente, existem influencias diversas no
disco, mas estão na costura das canções. Você não vai encontrar uma canção
folk, uma prog, uma pop, uma jazz, mas certamente irá encontrar todos esses
elementos espalhados nas canções. A única exceção é realmente “The Girl In
Yellow Dress”.
Gilmour continua roubando a cena com solos inspirados |
Não estranhe se encontrar um ar
meio beatle em “Dancing Right In Front of Me”. Além de ter lançado recentemente
uma versão para “Here, There And Everywhere” gravada com seu filho Joe, o
músico já tocou ao lado de Paul McCartney e revelou que gostaria de ter sido um
beatle em algumas entrevistas.
Contando com a co-produção de
Phil Manzanera (Roxy Music), Gilmour mistura gravações caseiras (o piano foi
gravado em sua sala há 18 anos) com gravações realizadas em estúdios
profissionais e entrega aos seus fãs aquilo que esperavam. Contando com
participações sutis de grandes nomes como David Croby, Graham Nash e até mesmo do falecido
Richard Wright, o rapaz entrega um trabalho bonito e sólido. Levando em contas
que ele levou cinco anos para compor esse disco e seu ultimo trabalho foi
lançado há quase dez, arrisco dizer que esse é seu último disco. Se for,
encerra a carreira em alto estilo.
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Inspirado
Faixas:
01) 5
Am
02) Rattle
That Lock
03) Faces
of Stone
04) A
Boat Lies Waiting
05)
Dancing
Right In Front of Me
06)
In
Any Tongue
07)
Beauty
08)
The
Girl In The Yellow Dress
09)
Today
10)
And
Then…
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