Por
Rafael Menegueti
Metal Allegiance |
Essa parece ser uma época em que os supergrupos estão na
moda. Teenage Time Killers e Hollywood Vampires já lançaram seus discos esse
ano. E agora é a vez do Metal Allegiance. A princípio pode parecer só mais uma
reunião de músicos famosos, como já vinha ocorrendo com o “Metal All Stars”,
que saem em turnê tocando velhos clássicos e enchendo shows com a atenção que
chamam. Mas aqui vemos um nível maior de dedicação que vai alem dessa ideia.
A base da banda é formada por três músicos excepcionais:
o baterista Mike Portnoy, o guitarrista do Testament, Alex Skolnick, e o
baixista do Megadeth, David Ellefson. O grupo começou fazendo vários shows com
diversos convidados tocando covers de sucessos do metal (aquilo que eu já havia
comentado pouco acima), mas eles não se limitaram a isso ao entrar em estúdio.
Com a ajuda do compositor Mark Menghi, o grupo criou músicas próprias, e deu
vida a elas acompanhados de uma verdadeira legião de grandes nomes do metal.
Só pra adiantar alguns nomes, temos Steve “Zetro” Souza
(Exodus), Phil Anselmo, Chuck Billy (Testament), Matt Heafy (Trivium), Randy
Blythe (Lamb of God), Cristina Scabbia (Lacuna Coil) e Alissa White-Gluz (Arch
Enemy), entre outros, fazendo os vocais. Alguns guitarristas consagrados também
emprestam seu talento nas músicas, como Andreas Kisser (Sepultura), Gary Holt
(Exodus e Slayer) e Bumblefoot (ex-Guns ‘N Roses).
Logo de cara o disco abre com uma porrada comandada pelos
vocais rasgados de Randy Blythe. “Gift of Pain” é uma faixa que encaixou muito
bem na voz dele, o que é algo que pareceu ser pensado em todo o disco. As
faixas tem um estilo claramente voltado ao groove e thrash metal, mas em cada
uma das canções é possível perceber como elas são moldadas para serem
compatíveis com cada um dos vocalistas que as interpretam.
Troy Sanders é quem canta em “Let Darkness Fall”, uma
faixa que poderia facilmente entrar no repertorio do seu Mastodon, e que tem um
belo solo de guitarra espanhola. Outra que soa bem apropriada é“Can’t Kill The
Devil”, com Chuck Billy do Testament, um thrash digno dos melhores tempos do gênero
nos anos 90. Já “Dying Song” é um som mais arrastado, que traz Phil Anselmo com
um vocal mais limpo no início e mais agressivo a partir do meio, e é a primeira
participação de Andreas Kisser na guitarra no álbum.
Menghi, Portney, Skolnick e Ellefson são os nomes por trás do projeto |
O disco ganha um ar de metal moderno em faixas como “Destination:
Nowhere”, que tem Matt Heafy do Trivium nos vocais, e “Wait Until Tomorrow”,
que apresenta a interessante dobradinha entre Doug Pinnick (King’s X) e Jamey
Jasta (Hatebreed). A primeira mostra bem a capacidade de Matt como vocalista,
que deixou de lado os gritos e trouxe um estilo mais limpo. Já a segunda tem um
bom contraste entre as épocas, sendo Doug mais antigo e Jamey mais atual. Outro
dueto interessante fica por conta de “Scars”, que une Mark Osegueda (Death Angel)
e a italiana Cristina Scabbia. A faixa é bem diferente daquilo que a cantora
apresenta em sua banda, mas funcionou bem com Mark sendo o alicerce dos versos
e ela levantando a faixa no refrão e ponte. Mark ainda volta em “Pledge of
Allegiance”.
A única canção instrumental do disco é “Triangulum”, que
ao longo de seus mais de sete minutos parece buscar a perfeita combinação do
estilo clássico com o moderno, inserindo vários estilos em riffs e solos de
guitarras combinando nomes como Phil Demmel (Machine Head), Bumblefoot, Matt
Heafy, Ben Wienman e Charlie Benante. E pra encerrar, uma ótima homenagem a
Ronnie James Dio, com uma cover de “We Rock” contando com vários vocalistas. A
maioria aparece apenas nessa faixa, como Alissa White-Gluz, Chris Jericho,
Steve “Zetro” Souza, e Tim “Ripper” Owens. Ainda tem solos de guitarra de Phil
Demmel e Andreas Kisser. Um belo modo de encerrar o disco.
“Metal Allegiance” é um supergrupo que não celebra apenas
o metal, como se pode imaginar. Ele mostra um pouco de sua evolução e riqueza,
unindo gerações de músicos e vertentes. As composições não são apenas para
preencher o trabalho, elas são independentes e bem elaboradas, tendo cada uma suas
próprias virtudes. É um disco de metal preciso e sério, e ao mesmo tempo divertido
e despretensioso. Todo fã do estilo precisa conferir essa ótima ideia.
Nota: 9/10
Status: Empolgante
Faixas:
01. Gift Of Pain
02. Let Darkness Fall
03. Can't Kill The Devil
04. Dying Song
05. Scars
06. Destination: Nowhere
07. Wait Until Tomorrow
08. Triangulum (I. Creation ;II. Evolution ;III. Destruction)
09. Pledge Of Allegiance
10. We Rock (Dio Cover)
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