Por Davi Pascale
Acaba de chegar ao mercado um novo álbum do cultuadíssimo Pink Floyd.
Formado a partir de sobras do Division
Bell, o CD vem causando polêmica e dividindo opiniões. O material é bom,
mas é um material difícil...
Tenho lido muitas críticas negativas em relação à esse novo álbum.
Entretanto, o que mais tenho lido é que o disco é sonífero, que muda de faixa e não se percebe, etc. E quando leio esse tipo de comentário,
somente uma ideia me passa pela mente: o crítico não entendeu o disco. Não
tenho nada contra críticas negativas e acho que o autor tem que ser honesto com
a sua opinião, caso contrário a crítica perde seu fundamento, mas tem que
existir um embasamento.
The Endless River não nasce em 2014. Nasce em 1993. A ideia de
David Gilmour e Nick Manson não é retornar o Pink Floyd e sim, colocar um ponto
final nessa história. Quando projetaram o material que daria origem ao Division Bell, a ideia dos músicos era
de que o álbum fosse duplo. Um com composições mais tradicionais e outro, de música
ambiente instrumental. A idéia foi abortada e mais de 20 horas de gravação
ficaram perdidas por aí. E foi esse material e essa proposta que formou o CD
que você tem agora em mãos. Ou seja, o fato de ser instrumental e calmo, é
proposital.
É justamente por contar com essa proposta de fazer um disco com
sonoridade ambiente que digo que o material é difícil. Não há refrões como o de
“Another Brick In The Wall”, nem riffs como o de “Money” por aqui. Tem uma
pegada bastante experimental. A mixagem conta com a adição de vários efeitos. O
repertório nada mais é do que 4 movimentos dividido em 18 faixas. Ou seja, a
razão de ter uma faixa grudada na outra também é proposital. São
complementares. É um trabalho para se ouvir do início ao fim, e não para ouvir
trechos. Não é um disco de hits.
Ideia nasceu em 1993 |
Os músicos resolveram colocá-lo no mercado por 2 razões: uma para saciar
a vontade dos fãs. Tanto de ouvir um novo álbum do Pink Floyd (isso é o mais próximo
que vocês irão conseguir) quanto de poderem escutar as tão famosas demos
inéditas. E outra, para homenagear o falecido Richard Wright. Curiosamente, o
que mais me chamou a atenção durante a audição não foi o trabalho de teclado e,
sim, a guitarra de David Gilmour. Os rapazes fizeram algo parecido com o que Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr fizeram para o projeto Anthology. Pegaram as gravações demos da época e somaram gravações realizadas unicamente para o projeto. Essa atitude iniciou uma discussão sem fim. Deve ser encarado como uma compilação de material inédito ou um novo álbum? Por ter sido repensado e contar com trechos recriados prefiro encara-lo como um novo álbum, mas encare como quiser...
Embora nasça de Division Bell,
não dá para dizer que seja uma continuação. São trabalhos bem distintos. Há uma
ou outra faixa que irá te remeter ao instrumental do disco lançado em 1994. “It´s
What We Do” e “Allons-Y (1)” são bons exemplos. Como disse, não há hits. Não
existe nenhuma música com a força de “High Hopes”. Nem mesmo “Louder Than Words”
(a única cantada). Como disse, a ideia central era terminar de contar uma
história. E não, iniciar outra. Sendo assim, não há a participação de Roger
Waters nesse projeto (que também não havia participado na volta dos anos 90).
A edição deluxe conta com um DVD que além de trazer The Endless River em DVD Audio, apresenta algumas faixas inéditas que
não entraram na versão standard. Algumas contando com clipes montados a partir
das gravações, e outras somente com o áudio mesmo. Entre essas, vale destacar “Evrika
(a)”, “TBS14”, além de “Nervana”, a canção mais rock e, provavelmente, a melhor
do novo projeto. Se você é fã do Pink Floyd, é um presente e tanto. Se não está
muito familiarizado com a banda, é melhor ouvir material das outras fases
antes. O disco é bacana, mas não é para iniciantes.
Nota: 7,5 / 10,0
Status: Viajado
Faixas:
CD:
01)
Things
Left Unsaid
02)
It´s What
We Do
03)
Ebb And
Flow
04)
Sum
05)
Skins
06)
Unsung
07)
Anisina
08)
The Lost
Art of Conversation
09)
On Noodle
Street
10)
Night
Light
11)
Allons-Y
(1)
12)
Autumn ´68
13)
Allons-Y
(2)
14)
Talkin´
Hawkin´
15)
Calling
16)
Eyes to
Pearls
17)
Surfacing
18)
Louder
Than Words
DVD:
01)
Anisina
(clip)
02)
Untitled (clip)
03)
Evrika (a)
(clip)
04)
Nervana
(clip)
05)
Allons-Y
(clip)
06)
Evrika (b)
(clip)
07)
TBS 9
(somente áudio)
08)
TBS 14
(somente áudio)
09)
Nervana
(somente áudio)
10)
The Endless River Full Album
(somente áudio)
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