quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Jerry Lee Lewis – Great Balls Of Fire (1989)




Por Davi Pascale

Não, meus amigos. Não escrevi a data errada. Não pretendo tratar da música que é quase uma obrigação qualquer pessoa que se considere roqueiro reconhecer após poucos acordes. A ideia é falar sobre o filme criado em 1989, dirigido por Jim McBride, para retratar o início da carreira de Jerry Lee Lewis. Talvez uma das figuras mais intrigantes da história do rock.

Atualmente, está na moda os músicos se passarem por bonzinhos. Evitar falar qualquer coisa que possa ofender outro artista. Agir tudo como se fosse um script. Nascido em Lousiana, Jerry Lee era autentico, não tinha medo de nada. Muitos o consideram arrogante. Afinal, o cara se auto-intitula “the killer”. Mas certamente era visionário. Um dos primeiros músicos a demonstrar que era possível ser um performer atrás de um piano. Um dos primeiros músicos brancos a gravar uma música de negro e lança-la com single. (Atitude que na época era considerada ousada). Sem contar sua habilidade musical. Seu talento é incontestável.

A película, que conta com a interpretação memorável de Dennis Quaid, mostra o início de tudo. A sua contratação com a Sun Records. Seu encontro com Sam Phillips. A polêmica em torno de “Whole Lotta Shakin´ Goin´ On”. A explosão de “Great Balls of Fire”. A vez em que atacou fogo no piano no meio de uma apresentação. Seus dias de glória, onde muitos se dirigiam à ele como o novo rei do rock (título dado à Elvis Presley). E sua queda no auge.

O filme retrata bem a época. Foram reconstruídas as roupas, os costumes, os cabelos, as danças, as gírias. Tudo com o máximo de detalhes possível. Jerry Lee Lewis atingiu a fama rapidamente. Passou a ser perseguido por repórteres, por inúmeras garotas. Requisitado para shows e mais shows. Tudo ia muito bem até que foi descoberto uma atitude sua que chocou à todos na ocasião.

Cantor se casou com sua prima de 13 anos
Jerry Lee Lewis, astro do rock com até então 22 anos, havia se casado com Myra Gale Brown. Sua prima de apenas 13. Filha de seu baixista J.W. Brown. Interpretada por Winona Ryder, tratava-se da típica garota adolescente. Inocente, iludida com seus ídolos, controlada por seus pais, sonhava em morar em uma linda casa cor-de-rosa com portas azuis. Parece até mentira descobrir que casou-se com seu primo, escondida de seus pais. É o tipo de ação que não combinava com sua imagem.

Jerry, por sua vez, era um ótimo cantor, excelente pianista. Extremamente carismático dentro e fora dos palcos. Com uma auto-confiança fora do comum, era chegado em bebidas e mulheres. Já havia se casado duas vezes, antes de se casar com sua prima. E depois dela, casou-se mais 4. Seu outro primo, Jimmy Swaggart, era pastor e contestava o rapaz por se dedicar ao rock n´ roll, considero pela igreja como o ritmo do diabo. Roland é interpretado aqui pelo cultuado Alec Baldwin.

O longa é bem filmado, bem atuado e conta com um ótimo roteiro. Só peca em não demonstrar como o cantor retomou seu prestigio. Por focar nos anos 50, não demonstra a fase country do mesmo. Outro nome de peso que aparece por aqui é Jimmie Vaughan interpretando Roland Janes, guitarrista de Jerry. Para quem não está por dentro, Jimmie é irmão do lendário Stevie Ray Vaughan. Manja o LP Family Style que Stevie Ray lançou com o nome de Vaughan Brothers? Pois bem, é aquele garoto.

A trilha que misturava faixas da época com regravações fez enorme sucesso e colocou a garotada dos anos 80 em contato com a música de Jerry Lee Lewis. Conhecido no Brasil pelo nome de A Fera do Rock, o filme foi lançado em DVD em 2010 como parte da coleção Cult Classics e é encontrado no mercado por preços populares. Uma ótima pedida para quem quer conhecer um pouco mais sobre o rock dos anos 50 e até mesmo para aqueles que querem apenas se divertir...

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