sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Qual a origem dos nomes das bandas?

Por Rafael Menegueti

Sempre que uma banda concede uma entrevista existe uma pergunta que insiste em ser repetida. Tanto que muitos músicos já cansaram de explicar isso. “como surgiu o nome da banda?” Mas o fato é que muita gente ainda não sabe da origem de nomes de algumas de suas bandas favoritas. Então nada mais justo que eu mostrar aqui algumas das historias por trás de nomes de algumas bandas desse mundão afora. Confira:

The Beatles: existem varias explicações diferentes, mas a mais aceita é a de que ele foi inspirado na banda de Buddy Holly, The Crickets (grilos) virando The Beetles (besouro) e depois a grafia foi mudada para Beatles, para parecer com o som de beat (batida).

Ramones: A banda tirou o nome de um pseudônimo de Paul McCartney, Paul Ramone.

Rolling Stones: Tirada de uma música homônima de Muddy Waters.

Smashing Pumpkins: uma das varias explicações dadas por Billy Corgan seria de que o nome seria uma resposta a uma namorada de sua cidade natal que dizia que ele nunca realizaria nada na vida. Sua cidade natal, Elk Grove Village, é uma grande produtora de abóboras.

Metallica: Quando Lars Ulrich tentava criar nomes com amigos para uma fanzine de metal, esse foi um dos nomes que foi descartado.

Metallica 
Raimundos: A banda queria um nome comum e que lembrasse Ramones.

Silverchair: Existem duas versões, mas ninguém sabe ao certo qual é a verdadeira, pois os membros da banda tinham o costume de inventar mentiras nas entrevistas para zoar os repórteres. A primeira diz que era junção de dois nomes de músicas: Berlin Chair, do You Am I, e Sliver (soletrada errado), do Nirvana. Outra explicação seria que o grupo escolheu o nome juntando palavras aleatórias que eles pensaram.

Bring Me The Horizon: Foi tirado de uma fala do personagem Jack Sparrow, interpretado por Johnny Deep, no filme “Piratas do Caribe”.

As I Lay Dying: é o nome de um romance de William Faulkner, lançado em 1930.

Epica: segundo Mark Jansen, significa um lugar onde todas as respostas da vida são encontradas. Foi escolhido também por ser o nome do, à época, mais recente disco da banda Kamelot, uma das maiores influências da banda.

Epica
Led Zeppelin: foi de uma afirmação de Keith Moon, do The Who, que disse que a banda voaria como um zepelim de chumbo. A palavra “Lead” (chumbo) depois foi mudada para Led.

Delain: a banda holandesa tirou o nome do livro “Os Olhos do Dragão” de Stephen King. Delain é o nome do reino onde a historia se passa.

Delain
Lacuna Coil: Significa espiral vazia em italiano.

Dimmu Borgir: é uma expressão islandesa que significa “castelo negro”.

Iron Maiden: era um instrumento de tortura, uma caixa repleta de pregos pontiagudos que perfuravam o corpo da vítima.

Diabulus In Musica: muitos pensam que pode ser por conta do álbum do Slayer, “Diabolos In Musica”, mas na verdade a banda espanhola tirou o nome de uma música da banda compatriota Mago de Oz.

Foo Fighters: Dave Grohl teve a idéia a partir de uma expressão usada na segunda guerra para designar bolas de fogo que apareciam no céu, avistadas por pilotos. Foo seria uma alteração para a palavra feu, que significa fogo em francês.

Foo Fighters
Atreyu: A banda de metalcore tirou o nome do livro/filme “Historia Sem Fim”. Atreyu era o nome do protagonista.

Avenged Sevenfold: é uma referencia bíblica, sobre Cain, que matou o seu irmão e foi expulso e marcado para não ser morto por ninguém, quem o fizesse seria “vingado sete vezes”.

Linkin Park: uma alteração de Lincoln Park, um lugar que o vocalista Chester Bennington costumava passar em Santa Monica.

Elis: Antes de montarem a banda, os membros dessa banda de Liechtenstein faziam parte de um grupo chamado Erben Der Schöpfung. Eles lançaram um disco chamado Twilight, mas, pouco depois, uma briga com o tecladista Oliver Folk fez com que a banda se separasse. A banda conseguiu na justiça o direito pelas músicas do disco de estréia, mas teve que mudar de nome, que ficou para Oliver. Elis era o nome do primeiro single desse disco, e virou o nome da banda.

Kings of Leon: O recém falecido avó dos três irmãos e primo que formam a banda se chamava Leon, daí a homenagem.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Anjos da Noite: Sonhos Perdidos



Por Davi Pascale

Tendo à frente o cantor Marco Sergio (filho de Sergio Reis), o grupo paulista Anjos da Noite é um dos típicos exemplos daquele conjunto que tinha de tudo para dar certo e acabou não acontecendo. Além de Marco, fazia parte da primeira formação, o guitarrista Edu Ardanuy (atualmente no Dr Sin). Na minha opinião, um dos melhores do país. Completavam o time; o guitarrista Atila Ardanuy, o baixista Paulo Mádio e o baterista Gerson Abbamonte.
Ainda não consigo entender o que aconteceu para esses caras não decolarem. O nível dos músicos era ótimo, Marco é um bom cantor, as composições eram excelentes e a sonoridade estava de acordo com a época. Seu primeiro LP foi lançado em 1989, época em que o hard rock de grupos como Europe e Bon Jovi estava em alta. E a sonoridade deles ia exatamente por esse caminho. Com refrões marcantes, as letras todas em português e arranjos marcados por excelentes riffs de guitarra, tinha de tudo para agradar os amantes do gênero. Faixas como "Eu Quero É Mais" e "Anjos da Noite" tinham de tudo para terem se tornado grandes hits. 

Aliás, é curioso pensar que na década de 80, tida como a década do rock brasileiro, não tenha existido nenhum grupo de grande expressão que fosse por esse caminho. Quem mais se aproximou disso foi o Taffo (que além do guitarrista Wander Taffo, tinha em sua formação os irmãos Busic, baterista e baixista do já citado Dr. Sin) com o álbum Rosa Branca, em 1990. O grupo do ex-Radio Taxi conseguiu emplacar "Me Dê Suas Mãos" nas rádios e dois videoclipes nas emissoras: "Olhos de Neon" e a já cita "Me Dê Suas Mãos". Mesmo assim, durou pouco. Teve ainda o Yahoo que usava influencias do hard rock em algumas canções. Chegou até a fazer versões em português para hits de bandas como Def Leppard, Aerosmith e Kiss. Mesmo assim, estavam muito mais para um grupo pop do que para um grupo hard. 
Edu Ardanuy gravou primeiro disco do grupo
A década de 80 foi a época em que o rock brasileiro teve maior expressão na mídia. Desde a explosão da Jovem Guarda que não se via um cenário tão forte, comercialmente falando. Embora seja odiada pelo pessoal mais velho, muita gente de talento surgiu nesse período. Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Lulu Santos, Lobão, Titãs, RPM... Mas como disse, ninguém com essa pegada mais hard anos 80. Curioso...
Sem o apoio da grande mídia, os músicos não conseguiam manter o projeto a todo vapor. O segundo trabalho foi lançado somente em 1997. Muito já tinha acontecido. A cena musical já tinha mudado. O hard rock tinha caído no esquecimento e o pop brasileiro ganhava uma nova linguagem. Mais do que isso, o mercado havia mudado. O vinil não existia mais. O mercado era totalmente dominado pelos CDS. E foi nesse formato que o Anjos da Noite fez seu segundo, e ultimo, álbum.
A mudança de sonoridade foi mínima. Os violões ganharam um pouco mais de destaque, mas a fórmula era praticamente a mesma. Se o debut que foi lançado quando o segmento estava em alta não aconteceu, não precisa ser um grande gênio para saber que o compact disc passou batido. Nesse disco, Edu não estava mais na banda. Da formação original, apenas Marco Sergio e Atila Ardanuy continuavam firme e forte. Eu, particularmente, acho o LP muito mais inspirado, mas não dá para dizer que o álbum seja ruim. Há ótimas faixas ali. Cada vez que escuto coisas como Luan Santana e Lepo Lepo, me lembro desses talentos perdidos por aí e fico deprimido. Acorda, Brasil!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Jon Bon Jovi – Destination Anywhere (1997)



Por Davi Pascale

Em 1997, o cantor de New Jersey, Jon Bon Jovi lançava seu segundo trabalho longe da banda. Além do CD, foi lançado um filme homônimo, inspirado nas canções do álbum. Embora contasse com alguns hits, o disco dividiu a opinião dos fãs.

A película teve sua estréia nos canais televisivos VH1 e MTV em 16 de Junho de 1997. Dirigido por Mark Pellington, conta a história de um jovem casal que luta contra o alcoolismo e a morte de seu filho. Embora tenha um cast de peso – com presença de artistas como Demi Moore, Kevin Bacon e Whoopi Goldberg – o filme não convence. Principalmente porque Jon Bon Jovi, embora seja um excelente cantor e compositor, é péssimo ator e escolheu um papel que pede toda uma dramaticidade que ele não tem. O rapaz vivia na época um grande assédio feminino e acreditou por alguns momentos que poderia apostar em seu visual para emplacar no cinema. Não deu certo. E olha que ele que essa não foi sua única tentativa (fracassada) de entrar no hall de estrelas de Hollywood.

Se por um lado, o filme deixava a desejar, o mesmo não podemos dizer de seu álbum. Em Destination Anywhere, sua primeira (e até agora, única) tentativa solo desde a trilha sonora de Young Guns, Jon nos entregava um álbum maduro, moderno, inspirado e sem a cara do Bon Jovi. Quando escutamos o material, não nos questionamos ‘por que gravar sozinho’. Em Young Guns até tínhamos algumas canções que poderiam fazer parte de sua banda principal – como “Blaze of Glory” e “Billy Get Your Guns”, por exemplo – mas não aqui.

Jon Bon Jovi e Demi Moore em cena do filme

Jon ousou trazendo novas referencias em seu som, como bateria programada em algumas faixas. Seu estilo de letra e seu estilo de cantar não sofreram grandes alterações, embora aqui procurasse cantar na maior parte do tempo em uma região mais baixa. Não me recordo de nenhum momento do disco onde ele ataque a voz lá em cima como fez em canções como “Always” e “I´ll Be There For You”. Mesmo assim, seu trabalho vocal não está longe daquilo que esperamos dele.

Justamente por essa mudança de postura – que acabava deixando as faixas menos alegres – os fãs mais antigos não compreenderam o material. Diziam que era chato, sem sal. Nem um, nem outro. Considero um dos últimos grandes discos feitos pelo rapaz. Muitos insistem em olhar com um certo desdém justamente por não ter a cara do Bon Jovi. Mas, acredito que se for para fazer sozinho, que seja exatamente isso. Caso contrário, qual a lógica?

Mesmo com muitos torcendo o nariz, não dá para dizer que foi um fracasso comercial. Faixas como “Janie, Don´t You Take Your Love to Town” e “Midnight in Chelsea” tocaram bastante nas rádios e o álbum chegou a ganhar até uma edição especial. Para mim, os grandes destaques, entretanto, ficam por conta de “Queen of New Orleans”, “Ugly”, “Everyword Was a Piece Of My Heart”, “Destination Anywhere” e “Naked”.

Cantor durante apresentação no Rio de Janeiro

John Bongiovi chegou a fazer uma turnê para divulgar seu novo material. O setlist misturava canções de seus dois trabalhos solo com algumas faixas do grupo que o tornou famoso. Na sua banda de apoio, estavam o baixista Hugh Mcdonald e o guitarrista Bobby Bandiera (que está atualmente no Bon Jovi junto com Phil X, ambos tentando substituir Richie Sambora). Nessa mesma época, o cantor passou pela quarta vez ao Brasil para uma apresentação acústica no Hard Rock Café (Rio de Janeiro) e algumas participações televisivas, entre elas a catastrófica performance do músico no extinto Programa Livre. A arrogância do cantor fez com que o mesmo perdesse vários fãs na ocasião.

Não demoraria muito e o Bon Jovi retornaria à ativa lançando a (excelente) faixa “Real Life” como trilha de Ed TV e, logo em seguida, o (ótimo) Crush. Os últimos momentos realmente mágicos. De lá para cá, a banda lançou alguns trabalhos bons (como Bounce e The Circle), mas nunca mais com o brilho de outrora. E agora, sem Richie Sambora, acho ainda mais difícil se reerguerem. Realmente uma pena.

Faixas:
      01)   Queen of New Orleans
      02)   Janie, Don´t You Take Your Love to Town
      03)   Midnight In Chelsea
      04)   Ugly
      05)   Staring At Your Window With a Suitcaise In My Hand
      06)   Everyword Was a Piece of My Heart
      07)   It´s Just Me 
      08)   Destination Anywhere
      09)   Learning How to Fall
      10)   Naked
      11)   Little City
      12)   August 7, 4:15

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Van Canto – Dawn of the Brave

Por Rafael Menegueti

Van Canto - Dawn of the Brave
Há algumas semanas eu falei sobre o Van Canto, a banda que promove o metal a capella como seu grande diferencial. Eles estavam para lançar o seu quinto álbum de estúdio, “Dawn of the Brave”. Com o disco já lançado, nada mais justo do que dar o feedback sobre ele.

Confesso que no começo não me empolguei. As primeiras faixas pareciam muito com as coisas antigas que eles já haviam lançado. Apenas em “Badaboom”, quarta faixa do disco, eu ouvi algo que me prendeu a atenção. E essa é o primeiro single, logo já era de se esperar isso. De resto, a banda não mostra nenhum tipo de evolução na formula. Talvez por ser uma banda focada em percussão e vozes, não seja mesmo possível inovar tanto quanto se eles fizessem uso de instrumentos convencionais.

No meio do disco as coisas ficam melhores. “Steel Breaker” e “The Awakening” são faixas empolgantes e elevam o álbum em vários aspectos. Os vocais de Inga Scharf nessas faixas merece destaque. “The Other Ones”, uma faixa que segue bem a linha do power metal, é outra faixa bastante agradável. Nessas músicas podemos ouvir um pouco mais de inspiração nas composições, em relação às primeiras.

Um fato interessante é que a banda convidou um grupo de 200 fãs para fazer parte de um coral em algumas faixas. Isso deu uma incrementada no som da banda, já que o coral deu mais volume ao som da banda, e ampliou o alcance das faixas, que ficaram mais atmosféricas do que o normal. Talvez esse seja o único grande diferencial em “Dawn of the Brave”.


E ainda tem as tradicionais covers, que pra muitos são o principal atrativo da banda.
“The Final Countdown”, do Europe, pode até ser manjada, mas é um clássico que todos amamos e não pode ser ignorada só por isso. Na versão do Van Canto ela ficou excelente. Há também as versões de “Holding Out for A Hero”, de Bonnie Tyler, numa impressionante versão metaleira, e “Into the West”, de Annie Lennox, numa versão comandada por Inga e que, segundo alguns fãs, seria melhor que a original. Alem do encerramento com mais um grande clássico na versão Van Canto: “Paranoid”, do Black Sabbath, que ficou interessante e divertida.

Contudo, é possível dizer que “Dawn of the Brave” não é um disco inovador na carreira do Van Canto, nem mesmo um disco que mostre uma grande evolução da banda. Mas ele serve pra mostrar mais uma vez uma idéia interessante e bem sucedida desse grupo alemão. O metal a capella do Van Canto continua com seu espaço garantido na minha coleção e no meu CD player.

Nota: 6,5/10
Status: Divertido

Faixas:

01. Dawn of the Brave
02. Fight For Your Life
03. To the Mountains
04. Badaboom
05. The Final Countdown
06. Steel Breaker
07. The Awakening
08. The Other Ones
09. Holding Out For A Hero
10. Unholy
11. My Utopia
12. Into the West
13. Paranoid 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Kiss: Rock n Roll Hall of Fame



Por Davi Pascale

A participação do Kiss no Rock n Roll Hall of Fame já estava virando novela mexicana até que a banda decidiu dar um basta no assunto não se apresentando mais cerimônia, dando um tapa na cara de muitos que andavam dizendo bobagens por aí. Mas... O que de fato aconteceu?

Não é segredo para ninguém que os músicos do Kiss não morrem de amores pelo evento. Em recente entrevista à publicação inglesa Classic Rock, o vocalista Paul Stanley declarou: “Meus sentimentos divergentes sobre o Rock And Roll Hall Of Fame não mudaram nada. A sua atitude é elitista e não reflete o público”. É nítido que starchild não concorda com os critérios adotados pelos organizadores do evento. “O Rock Hall reflete um pequeno grupo que dita quem satisfaz os critérios que eles consideram que seja ‘rock and roll’. Eu sempre senti que o espírito do rock and roll significa não só ignorar seus críticos, mas ignorar seus pares e fazer o seu próprio caminho”.

Muitos devem estar se questionando: se não gosta do evento, por que aceitou? Os músicos sempre disseram que por eles seria indiferente serem ou não nomeados, mas que caso fossem, aceitariam pelos fãs. Se isso acontecesse com outro artista diria que estava sendo hipócrita, mas no caso do Kiss, não dá para afirmar isso. Os músicos ficaram conhecidos por entregar aos fãs aquilo que eles querem. Sempre defenderam essa tese, inclusive nos momentos de baixa popularidade. Portanto, nesse caso, se agissem diferente, jogaria contra a história da banda.

Muito bem. Finalmente, eles foram nomeados e toparam participar da cerimônia. E daí começa o problema. Inicialmente, os organizadores queriam que a banda se apresentasse com a formação original. Ace Frehley e Peter Criss, é claro, ficaram igual à uma criança quando ganha um brinquedo novo. Paul Stanley e Gene Simmons, é claro, lutaram contra.

Ao que tudo indica, Ace Frehley e Peter Criss não concordaram com proposta 

É nítido que Ace e Peter têm um valor enorme na historia do conjunto e possuem enorme respeito e admiração entre seus seguidores (inclusive, eu faço parte desses seguidores), mas eles saíram da banda há muito tempo. Peter Criss foi expulso da banda (segundo ele mesmo relatou em sua autobiografia) por conta da sua dependência com álcool e drogas em 1980. Ace Frehley abandonou o barco dois anos depois. Ou seja, quem segurou o nome da banda durante todos esses anos foram Paul Stanley e Gene Simmons. Isso é tão fato quanto a importância de Ace e Peter. É diferente também do Guns n´ Roses (caso alguém esteja pensando em compará-los) porque o Kiss nunca se separou. E os principais compositores sempre foram Stanley e Simmons. Frehley compôs bastante coisa, sim, mas em menor proporção. Não importa se a fase cultuada é a dos anos 70. Se o grupo não tivesse durado 40 anos, muito provavelmente sua popularidade não seria tão forte e talvez, não estivessem sendo nomeados para o evento.

Antes mesmo que a banda explicasse o que estavam planejando, vários seguidores e um guitarrista com um ego do tamanho de um bonde chamado Chris Impelliteri começaram a escrever bobagens na internet e ofender os músicos por conta dos posts de Ace e Peter que fizeram um desabafo na internet contando a história, ao que tudo indica, pela metade. Atitude típica da geração ‘ejaculação precoce’. Já esperava isso dos adolescentes que se masturbam para a Kesha (alguns deles para o Justin Bieber) no Youtube, mas não do Impelliteri.

Lendo o post do Ace, a declaração oficial da banda e os twitts que acompanhei de Stanley nos últimos meses, o que me dá a entender é que os músicos estavam planejando tocar com a formação atual e convidar os ex-integrantes para fazerem uma participação especial. Isso fica claro para mim quando Ace Frehley escreve “não subirei ao palco com Tommy usando minha maquiagem. Isso é absurdo”. E também quando a banda esclarece “contrariamente às informações feitas nas redes sociais, nós não nos recusamos a tocar com Ace e Peter”.   

Sinto dizer, mas acho a atitude digna. Eles dariam reconhecimento aos membros originais, não desqualificariam o trabalho dos integrantes atuais e não alimentariam uma falsa esperança de uma nova reunião da formação clássica. Outra coisa que somente aqueles que acompanham Stanley no twitter haviam se ligado é que Bruce Kulick também iria participar do evento. Portanto eles não estão sendo hipócritas quando dizem: “Nossa intenção é celebrar toda a história do Kiss e dar crédito a todos, incluindo os que estão conosco atualmente de longa data. Tommy Thayer, Eric Singer, Bruce Kulick, e ainda, Eric Carr. Todos os que fizeram esta banda ser o que é”. Como disse, atitude digna, ao contrario do que dizem nos foruns.

Para evitar maiores conflitos, banda deu as costas à apresentação e apenas receberá o prêmio

O fato é que por conta de toda essa baixaria (onde alguns desmiolados chegaram, inclusive, à ofender a Shannon Tweed na conta de Facebook dela, como se a esposa do Gene Simmons tivesse algo a ver com a história), os mascarados decidiram que não irão mais se apresentar. Vão receber o premio e vão embora.

Em relação ao Chris Impelliteri, o rapaz está precisando de um choque de realidade. É verdade, sim, que é um bom guitarrista. É verdade, sim, que sua banda fez bons discos. Agora... não dá nem para comparar o legado do Kiss com o legado do Impelliteri. O Impelliteri perto da banda é um verdadeiro nada. É o mesmo que compararem Rolling Stones com Axel Rudi Pell. Ou o Steven Tyler com o Jeff Scott Soto. Portanto, me dá pena quando ele provoca o the demon dizendo: “Gene, muitas vezes, você diz à imprensa que vai ensinar todas as novas bandas como os homens de verdade fazem no palco. Então, seja um homem de verdade, resolva seus problemas com os outros dois e mostre às novas bandas como é que um homem honrado se comporta”. Depois de uma aula de moral, ele solta a pérola “Ah... Por falar nisso, a qualquer momento que você deseje dividir o palco com o Impellitteri, minha banda vai ficar feliz em deixar você tentar nos ensinar como se faz, antes de enviá-los de volta para casa com os seus egos entre as pernas... ha ha!".

É isso aí Chris, ri junto com você. Torça para que Gene Simmons não acate sua provocação porque se fizer, é bem capaz que em várias noites você toque para uma platéia apática, dispersa e sem metade da lotação. E logo em seguida, veja o Kiss sendo devotado, tocando com casa cheia. E daí é você que vai ficar com o rabo entre as pernas. O Kiss conseguiu duas coisas que o Impelliteri não conseguiu: clássicos e história. Da próxima vez, pense mais antes de escrever asneiras. Nós, fãs de rock n roll que conhecem o seu trabalho, agradecemos. 

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Within Temptation – Hydra

Por Rafael Menegueti
Within Temptation - Hydra
Criatividade alem de qualquer expectativa. É assim que eu começo a definir o novo trabalho da banda de metal sinfônica holandesa Within Temptation, “Hydra”. Não seria difícil essa banda me agradar, uma vez que sou fã dos trabalhos da banda há tempos. Mas eu não imaginava que o novo disco fosse me agradar tanto. Ainda mais quando eu me lembrava do trabalho anterior da banda, “The Unforgiving”, que confesso, me deixou um pouco decepcionado.

O novo trabalho conta com uma musicalidade típica do metal sinfônico. Os riffs empolgantes, a melodia combinada com os vocais bem trabalhados de Sharon Den Adel. Sem falar nas orquestrações e arranjos, que dão um toque mais atmosférico às músicas. Alem das claras influencias de rock tradicional e alternativo em algumas faixas. Se eu já esperava isso antes de ouvir o disco, depois eu apenas comprovei que minhas expectativas foram mais do que superadas. Isso porque a proposta da banda nesse disco é misturar diversas inspirações e influencias musicais para dar ao ouvinte uma experiencia completa.

A atual formação do Within Temptation
“Hydra” ainda conta com participações especiais que certamente serviram para aumentar minha surpresa com esse novo trabalho. Não me senti surpreso com a participação de Tarja em “Paradise (What About Us?), pois pra mim já era certo que esse seria o ponto alto do disco. Mas estava bastante curioso quanto aos outros nomes envolvidos. Dave Pirner, do Soul Asylum, apareceu muito bem no dueto com Sharon em “Whole World Is Watching”. Howard Jones (ex-Killswitch Engage, Devil You Know), foi uma ótima adição à “Dangerous”. E a participação do rapper Xzibit (a que mais me deixou curioso) em "And We Run" não teve aquele ar de oportunismo que essas parcerias de músicos de rock e rap costumam ter, foi simples e bem elaborada.

Outro ponto forte do disco está na arte. A capa do disco é uma das mais bonitas que a banda já lançou. E a arte do encarte ainda conta com diversas fotos da banda e até das participações especiais. Somado ao fato de que o disco é um dos melhores já lançados pelos holandeses, “Hydra” é certeza de um bom investimento para qualquer fã de rock e metal sinfônico.

Nota: 9/10

Status: Surpreendente

Faixas:
1. "Let Us Burn"
2. "Dangerous" (Participação de Howard Jones)
3. "And We Run" (Participação de Xzibit)
4. "Paradise (What About Us?)" (Participação de Tarja Turunen)
5. "Edge of the World"
6. "Silver Moonlight"
7. "Covered by Roses"
8. "Dog Days"
9. "Tell Me Why"
10. "Whole World is Watching" (Participação de Dave Pirner)

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Gross: Use o Assento para Flutuar (2013)



Por Davi Pascale

Muita gente não gosta do Cachorro Grande. Eu sempre gostei. Desde o primeiro disco. Aquele som meio rock de garagem anos 60, meio Beatles/meio Stones, sempre chamou minha atenção. É exatamente isso que Marcelo Gross nos entrega em seu primeiro trabalho solo. Um rock influenciado pela cena sessentista, oras com uma sonoridade mais crua e direta, oras com uma cara mais psicodélica.

Assim como em sua banda principal, em vários momentos os arranjos nos remetem à cena britânica. Seja em nomes mais modernos como Oasis, seja em nomes que mudaram a historia do rock n´ roll como Beatles, Stones e Kinks. Se bem que o próprio Oasis bebia na fonte dessas bandas, então acaba dando no mesmo.

Quem é fã do grupo de Porto Alegre, certamente irá se deliciar com a estréia de Gross. A sonoridade de seu trabalho não se distancia muito da proposta do Cachorro. Há várias linhas melódicas similares, mas não sei se concordo muito com o texto que vem no OBI do meu vinil. Ali está escrito que ele resgata a sonoridade dos primeiros discos do grupo. Na verdade, ele me recordou mais a sonoridade de álbuns como “Todos os Tempos” e “Cinema” do que dos dois primeiros.

A principal diferença entre seu trabalho solo e o de seu grupo, acredito que seja o conteúdo das letras. Aqui elas contam com um tom mais pessoal. Mas o que mais me chamou a atenção mesmo foi reparar que todos esses arranjos, que estão muito bem executados, foram gravados por apenas 3 pessoas: o baterista Clayton Martin, o baixista Fernando Papassoni e o próprio Gross. E o que me deixou ainda mais impressionado foi descobrir que a base do disco (ou seja: bateria, baixo e guitarra) foi gravado ao vivo no estúdio. Os overdubs foram utilizados apenas para adicionar os demais instrumentos que costuram as faixas.

Músico mantém sua influência de Beatles e Stones em sua estreia solo

Marcelo Gross é conhecido por ser guitarrista e compositor do Cachorro Grande. Entretanto, no grupo seu trabalho vocal fica mais voltado aos backings. Aqui ele ficou responsável pelo trabalho vocal como um todo. Embora não tenha o mesmo domínio vocal que tem na sua guitarra, o rapaz se sai bem e atinge os objetivos.

Legal perceber que as mudanças entre os dois projetos não são drásticas, sinal de que sempre fizeram um trabalho honesto. Entretanto, me preocupa essa idéia de projeto solo em paralelo. No Brasil, 80 % dos artistas que começaram com essa brincadeira, depois de um tempo, acabaram deixando o grupo em segundo plano. Foi assim com Frejat, Nando Reis, Marcelo Camelo, Marcelo D2... Espero que o mesmo não aconteça com esse que é um dos poucos grupos decentes que surgiu nos últimos anos na cena rock brasileira.


O disco é muito bom e prende a atenção do ouvinte. Certamente, um diferencial nessa cena rasa que o rock brasileiro vem atravessando. Faixas de destaque ficam por conta de “Trilhos”, “O Buraco da Frestra”, “A Hora de Rolar”, “Hoje Não Vai Dar” e “Nessa Trip”. 

Nota: 08/10
Status: rock vintage  

Faixas:
01) Trilhos
02) Disfarça
03) Eu Aqui e Você Nem Aí 
04) A Hora de Levantar
05) O Buraco da Fresta
06) A Hora de Rolar
07) A Minha Paciência
08) Se Libertar
09) Hoje Não Vai Dar
10) Movimento Contínuo
11) Nessa Trip
12) Algo Real

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Grandes historias sobre capas de discos

Por Rafael Menegueti

Nirvana – Nevermind


Provavelmente uma das capas mais icônicas da historia da musica, essa obra de arte foi criada por Robert Fisher e Kirk Weddle. A foto foi tirada em uma piscina publica em Pasadena e o bebê da imagem, Spencer Eldren, virou fã da banda. A capa chegou a passar por uma censura, por conta da nudez do garoto, mas logo todo mundo viu que era bobagem. Segundo a banda, capa simboliza a inocência da banda, como a de uma criança, ao entrar no mundo corporativo das grandes gravadoras. E virou clássico.

Silverchair – Freak Show


Muita gente olha pra essa capa e não entende o porquê da imagem do garoto gordinho sorrindo. Pra quem conhece a banda é fácil saber. Trata-se de Grady Stiles, um garoto que excursionou com um espetáculo itinerante durante a primeira metade do século XX, sob a alcunha de “garoto lagosta”. Ele sofria de uma deformidade que afetava suas mãos e pernas, e seus dedos lembravam as garras de uma lagosta. Grady teve uma historia de vida conturbada. Ele abusava física e psicologicamente de sua família e chegou a matar seu genro. Foi assassinado em 92, a mando de outro genro. Como o disco do Silverchair tinha uma arte inspirada em figuras como a de Grady, ele acabou virando a capa.


The Clash – London Calling


A capa mostra uma cena que não era muito comum nos shows do Clash: um instrumento sendo destruído. Algo muito difundido entre alguns músicos mais rebeldes do rock, a quebradeira de instrumentos nunca foi uma característica da banda punk inglesa.Na única vez em que isso ocorreu, virou capa. E nem foi por rebeldia, foi porque Paul Simonon se irritou com o som ruim de seu baixo. Joe Strummer viu a foto e quis que fosse a capa. A tipografia em verde e rosa com o nome do disco são uma referencia a outra capa clássica, do álbum de estréia de Elvis Presley.

Led Zeppelin – Houses of the Holy
A capa foi uma ideia dos estudios Hipgnosis inspirada no livro “Childhood’s End”. Duas crianças foram levadas para uma montanha rochosa na Irlanda e fotografadas varias vezes por uma câmera parada, criando o efeito das crianças multiplicadas na imagem. Como as fotos foram em feitas em preto e branco, os artistas pintaram as imagens a mão. A coloração esbranquiçada das crianças aconteceu por conta de um erro dos artistas, dando esse efeito quase psicodélico à imagem.

Epica – The Divine Conspiracy



A arte dessa capa mistura inspirações tribais, com a temática do disco, que fala sobre a relação do homem com a religião e s inocência. A nudez simples da vocalista Simone Simons simboliza a pureza das pessoas quando elas chegam ao mundo, mas aos poucos elas são marcadas pelas coisas que as rodeiam (daí as tatuagens pintadas). A maçã faz uma alusão ao fruto de Eva, inserindo assim a referencia ao criacionismo e a religião tratadas em algumas músicas. Um ótimo exemplo de capa de um disco conceitual.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Sonata Arctica – Stones Grow Her Name (2012)

Por Rafael Menegueti
Sonata Arctica - Stones Grow Her Name
Esse é o álbum mais recente da banda de power metal finlandesa, lançado em 2012, e também um dos mais interessantes musicalmente. Isso porque a banda usa uma abordagem bem moderna em suas músicas. A proximidade com o rock mais tradicional nunca esteve tão forte como nesse álbum. E isso pessoalmente me agradou bastante.

Tenho o Sonata Arctica como uma das bandas musicalmente mais criativas desse cenário do power metal europeu. Eles lançam excelentes trabalhos e parecem melhorar a cada novo disco. “Stones Grow Her Name” é o sétimo disco da banda, que já tem um novo lançamento, “Pariah’s Child”, engatilhado para o fim de março.

Embora alguns fãs tenham criticado a sonoridade mais “popular” do disco, eu não vejo isso como um problema. O single “I Have A Right” é uma música cativante e pesada ao mesmo tempo, e sua letra é absolutamente tocante. “Losing My Insanity” é outra faixa que tem peso e prende a atenção do começo ao fim. Outra faixa interessante é “Cinderblox”, que conta com o som de um banjo junto dos outros instrumentos. A baladinha do disco fica por conta da ótima “Don’t Be Mean”. Já a faixa “Alone In Heaven” possui uma levada bem rock n’ roll e intensa, cheia de melodia.

Alias, melodia é o que não falta em “Stones Grow Her Name”, e as performances de Tony Kakko nos vocais são fortes e bem dosadas nas partes pesadas e nas mais leves, acentuado ainda mais essas características. Os teclados de Henrik Klingenberg também fazem um ótimo trabalho criando elementos mais modernos à sonoridade das músicas, ao usar mais sons sintetizados em alguns trechos. Esse disco também marca a ultima aparição do baixista e membro fundador Marko Paasikoski, que saiu no ano passado.
 
Os membros do Sonata Arctica
O disco ainda conta com a participação de Timo Kotipelto, do Stratovarius, fazendo backing vocals em varias faixas. Alem do violinista Peeka Kuusisto e do saxofonista Sakari Kukko.

O disco encerra com as ótimas (e longas) faixas “Wildfire Part II” e “Wildfire Part III”, dando o toque épico que um bom disco de power metal precisa ter. Se você é um fã desse tipo de som, a abordagem abrangente do Sonata Arctica é um prato cheio. E Ainda será possível para os fãs brasileiros conferir os caras ao vivo, pois a banda se apresenta no país em março, apenas alguns dias antes do lançamento do novo álbum. Ótima oportunidade de ver algumas dessas faixas ao vivo, e que sabe conhecer um pouco mais do novo trabalho, e dos antigos, da banda.

Nota: 9/10
Status: Inspirador

Faixas:
1. Only The Broken Hearts (Make You Beautiful)
2. Shitload Of Money
3. Losing My Insanity
4. Somewhere Close To You
5. I Have A Right
6. Alone In Heaven
7. The Day
8. Cinderblox
9. Don’t Be Mean
10. Wildfire, Part:II - One With The Mountain
11. Wildfire, Part:III - wildfire Town, Population: 0

12. Tonight I Dance Alone (Limited Edition Bonus Track)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Camisa de Vênus – Viva (1986):





Por Davi Pascale

Hoje resolvi escrever sobre um LP que ouvi bastante na época em que estava descobrindo o rock nacional. Ainda era criança (sim, meu pai me deixava ouvir, apesar dos palavrões) e lembro-me de ter ficado impressionado com a vibração do show. O Camisa de Vênus não era uma banda de excelentes músicos (eram até fraquinhos para dizer a verdade), mas era uma banda honesta em seu som e em sua atitude. Isso fazia com que os seguidores os idolatrassem, o que explica a platéia extasiada.


O Camisa sempre foi conhecido por andar na contramão e em seu primeiro disco ao vivo, não foi diferente. Enquanto vários artistas entram em estúdio para corrigirem os erros do show que pretendem lançar, o grupo de Marcelo Nova fez exatamente o oposto. Pegaram a gravação nua a crua e prensaram no LP. Está tudo aqui. Os berros dos fãs, as microfonias, os erros, os diálogos improvisados de marceleza.


O grupo sempre causou incômodo. Sempre sofreu nas mãos da censura. Nessa época ainda existia censura nas rádios. Artistas como RPM, Blitz, Leo Jaime e o próprio Camisa de Vênus tiveram musicas vetadas das estações de rádio. No final dos anos 80, algumas estações começaram a tocar algumas musicas com um som de buzina nas partes mais cabeludas. Lembro de ter escutado uma versão de “Filha da Puta’ do Ultraje a rigor nas rádios com a famosa buzina (quem tiver curiosidade em ouvir, essa versão foi incluída na coletânea E-Collection: Sucessos + Raridades), O Camisa realmente não me recordo de ter escutado algo do tipo. 


Cansado de sofrer nas mãos dos Censores, o grupo decidiu colocar o LP nas lojas sem passar pelo crivo da Censura. Não demorou muito e a Policia Federal recolheu todos os discos das lojas. Entretanto, a banda saiu no lucro. Quando recolheram os discos, o vinil havia vendido 40.000 cópias. Depois que retornou às lojas passou rapidamente para 180.000 cópias. Todo mundo queria saber o que havia de tão especial para causar tanto estardalhaço. O disco voltou às lojas, mas é claro que foi censurado. 8 das 10 faixas tiveram sua execução proibida nas rádios e televisão. E o aviso vinha estampado na capa do disco. Essa era a arma da censura. Os principais meios de divulgação eram radio e TV. Não existia internet nessa época. Acreditavam que com isso, matariam o produto, mas dessa vez o tiro saiu pela culatra. Ainda bem, sempre achei censura um atraso de vida...

Vinil foi recolhido das lojas pela Policia Federal e teve 8 faixas censuradas
 
O Camisa de Vênus era um grupo irreverente, mas não é aquela irreverência sutil (embora genial) do Mamonas Assassinas, eram muito mais ásperos. Falavam o que vinha na cabeça. Nas letras, não tinha aquele receio de ‘não vou escrever tal expressão porque pode desagradar’. Era o famoso ame ou odeie. Eles cantavam os palavrões mais inescrupulosos uma década antes do Raimundos e do Velhas Virgens. O mais engraçado de tudo é que mesmo hoje em uma época em que todo mundo se paga de liberal (embora eu acredite que, no fundo, poucos sejam), os caras ainda incomodam. Adquiri o CD desse álbum recentemente (já tinha o LP mas queria ter um compact disc para ouvir no carro) e fiquei embasbacado quando reparei que a gravadora cortou várias falas do Marcelo Nova. Inclusive a histórica ‘homenagem’ ao Dia Internacional das Mulheres antes de “Silvia”. Um dos momentos mais lembrados entre seus fãs. Sem contar que eles alteraram a ordem das faixas e deixaram "Rotina" de fora. Atitudes, no mínimo, embaraçosa. 


Sendo assim, recomendo que você que está lendo esse texto e que não conhece o registro que, por favor, vá atrás do LP. O registro é histórico. A adrenalina dos músicos estava a mil, assim como a da platéia. O Camisa trazia tudo aquilo que um bom grupo de rock deveria trazer: som alto, atitude, garra e personalidade. As versões de “My Way”, “Silvia”, “Hoje”, “Bete Morreu”, “Eu Não Matei Joana D´Arc” e “O Adventista” são insuperáveis. Gravado no Caiçara Music Hall de Santos, em 8 de Março de 1986, é o trabalho definitivo do grupo baiano. Sem duvidas, um disco que merece ser redescoberto pela nova geração. Quem sabe não inspira alguns garotos a pegarem uma guitarra e criarem grupos de rock com um pouquinho mais de atitude do que vem sendo hoje?


Faixas:

01) Eu Não Matei Joana D´Arc
02) Hoje
03) Homem Forte
04) Solução Final
05) Rotina
06) My Way
07) Bete Morreu
08) Silvia
09) Metastase
10) O Adventista