Por Davi Pascale
Finalmente parei para assistir o
documentário sobre o camaleão do rock. E, infelizmente, tenho que constatar:
esperava muito mais. Sem músicas, poucos entrevistados, poucos depoimentos
realmente interessantes. Para os velhos fãs de Bowie, um verdadeiro banho de
água fria.
O filme não é muito longo. Pouco
mais de 90 minutos. Então, não cansa assisti-lo, mas peca em diversos momentos.
O áudio não é muito bem editado. O volume da narração está muito mais baixo do
que o volume das entrevistas. Do jeito que o cantor era perfeccionista, se
assistisse algo desse tipo, teria uma parada cardíaca nos primeiros 10 minutos.
O roteiro também não ajuda muito.
E a desculpa de ser curto, não cola. O RockHistória da MTV durava pouco mais de
20 minutos e teve episódios onde aprendi muito mais sobre os artistas do que
essa película aqui. Bowie é um artista que tem muita historia para se contar.
Poderia se comentar sobre o fato dele sempre estar antenado com o novo universo
musical, poderia se explicar com riqueza a criação do Spiders From Mars, falar
sobre como ele ajudou a revolucionar o mercado de videoclipes, a influencia que
sua obra teve em cima de artistas e movimentos musicais...
O que temos aqui é aquele típico documentário
unauthorized sem musicas do artista, inúmeras fofocas e bastante comentário
sobre seus dias pré-fama. Ok, aqui temos alguns momentos interessantes como sua
admiração por Anthony Newley, suas aventuras na folk music e seus anos de David
Jones.
O grande pecado é que o filme
tenta vender a ideia do artista que revolucionou o mundo (daí o titulo
brincando com o nome do clássico “The Man Who Sold The World”), o que não é nenhuma
mentira, mas não explica como isso aconteceu. A parte musical é muito mal
contada. Não me recordo nem de terem citado o nome de Brian Eno por aqui.
Quando vão citar a trilogia de Berlim, comentam por cima sobre o Iggy Pop, mas
não comentam sobre a influencia de krautrock, de Kraftwerk, etc. Se você que
conhecer mais curiosidades sobre a música de Bowie, esquece.
O filme foca muito na questão
visual. No lance de usar roupas e utensílios não usual para os padrões da
época, o que realmente ocorreu, sobre o fato de acreditar em vida
extra-terrestres e jurar, por mais de uma vez, ter visto discos voadores. Uma
fofoca interessante foi o depoimento de seu amigo de escola que lhe deu um
murro no rosto dilatando sua pupila para sempre. Ele explica que foi por uma
garota, mas até isso está mal explicado. Quem era essa garota?
Onde a briga aconteceu? Algum deles chegou, de fato, a namorar a garota?
O que deixa o longa um pouco mais
interessante são os depoimentos do próprio David Bowie, extraído de arquivos,
que conseguia responder com simpatia e inteligência perguntas nem sempre
inteligentes. Há momentos interessantes quando ele diz que a música é o mais
importante de tudo (escolha de depoimento um tanto estranha para um
documentário com esse viés), o fato de que ele nunca quis ter um ‘som Bowie’ e
o fato dele não gostar de alguns de seus discos mais famosos.
The Man Who Changed The World serve para passar o tempo, serve como
uma distração, mas se você pretende compreender melhor suas transformações,
descobrir como ele criou tal musica ou criou tal personagem, entender sua
relação com músicos/produtores, sua visão de empreendedor, não será aqui que
você terá essas respostas. Por sua conta e risco.
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