Por Davi Pascale
O titulo dava a entender que estava
retornando à ativa. Já o repertório demonstrava que estava retornando ao passado.
A ideia de retomar algo não é tão novidade. Os novos artistas fazem isso à todo
momento. Para criarem a tal sonoridade vintage, se utilizam de artifícios que
seus heróis utilizaram. Efeitos, afinações, vocalizações, batidas. Voltam ao
passado para criar o presente. Phil Collins foi mais longe. Levou os ouvintes
do presente para tempos passados.
Goin´ Back é uma viagem no tempo. O repertório é calcado em
clássicos da soul music e da Motown. Relembra grupos vocais como Four Tops, The
Temptations e Martha And The Vandellas. Recorda de compositores do nível de Carole
King e Stevie Wonder. Época predominada por melodias, vocalizações. Tempo onde
ser pop não era um crime e nem se referia à uma tonelada de sintetizadores para
construir os arranjos. As canções eram, em sua maioria, curtas, alegres e
pulsantes.
Nesse álbum lançado em 2010 –
sim, já se passaram 7 anos!!!! – recriava a sonoridade do início dos anos 60.
Backings com coros femininos, pandeiros dobrando a bateria, guitarra swingadas,
instrumentos de metal. Para registrar as batidas, deixou para trás seu passado
de músico progressivo e manteve a simplicidade e a precisão que as canções
pedem. Não é a primeira vez que um artista tenta recriar a sonoridade, mas deve
ser a primeira onde chegam tão próximo.
Mesmo tendo sido registrado em
uma era predominada pela tecnologia, Phil manteve a tentação. Não existe uma
tentativa de modernizar as canções para chegar às rádios e atingir um publico
jovem. A ideia é exatamente o oposto. Se guiar pelos hits das décadas de 60 e
fazer com que seu publico se recorde ou tenha uma breve noção do que foi aquele
momento, que data quando Collins se apaixonou pela música.
O formato também nos leva de
volta à era dos LPS´s, mídia que estão tentando retomar à alguns anos, diga-se
de passagem. Mesmo que tenha sido lançado em um período já marcado pela queda
da mídia física, o musico pautou-se no velho pensamento na hora da criação. Na
contracapa do CD temos os dizeres “Side One” e “Side Two”. Ou no velho e bom
português, Lado A e Lado B. Phil Collins dividiu as faixas pensando no formato
do velho vinil. Há uma única diferença. Os LP´s dessa geração continham entre
12 e 14 faixas. Aqui,
registrou 18. Bom... Melhor para nós ouvintes. Mais sons para curtirmos.
Desde o início com as alegres – e
clássicas – “Girl (Why You Wanna Make Me Blue”, “(Love Is Like a Heatwave)” e “Uptight
(Everything´s Alright)” até o encerramento com a balada “Goin´ Back”, Phil
Collins demonstra que musica, quando feita com verdade, não tem prazo de
validade. Uma boa canção sobrevive ao tempo. Quando temos aquela sensação de ‘adorava
essa musica na época, mas hoje não me diz muita coisa’ é porque a música não
era tão boa assim... E, nitidamente, essas músicas não envelheceram.
Nota: 10,0
/ 10,0
Status: Alegre
Faixas:
01) Girl ( Why You Wanna Make Me Blue)
02) (Love Is Like a) Heatwave
03)
Uptight
(Everything´s Alright)
04) Some Of Your Lovin´
05) In My Lonely Room
06) Take Me In Your Arms (Rock Me For a
Little While)
07) Blame It On The Sun
08) Papa Was a Rolling Stone
09) Never Dreamed You´d Leave In Summer
10) Standing In The Shadows of Love
11) Do I Love You
12) Jimmy Mack
13) Something About You
14) Love Is Here And Now You´re Gone
15) Loving You Is Sweeter Than Ever
16) Going To a Go-Go
17) Talkin´ About My Baby
18) Going Back
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