Por Davi Pascale
Os gaúchos da Fresno lançam novo
álbum com participação especial de medalhão da MPB. Banda segue a trilha
independente com som mais melancólico...
Tudo que faz sucesso no Brasil
incomoda e vira motivo de ataques. Com a galera da Fresno não foi diferente. Se
bem que nesse caso, até que dá para entender os ataques, já que foram
associados à uma cena emo forjada e, graças à Deus, já afundada. O problema é
que os músicos mesmos não se identificavam com aquilo – lembro de uma vez que
entrevistei o Rodrigo Tavares e ouvi da boca do mesmo ‘cara, nunca usei calça
rosa’ – e apresentavam um trabalho bem mais maduro do que as bandas às quais
eram associadas.
Tudo bem que não precisa ser
nenhum grande gênio, nem nenhum poeta para superar as canções de artistas fraquérrimos
como ForFun e Strike, mas a trupe liderada pelo Lucas Silveira sempre
apresentou um trabalho bem resolvido. E desde que resolveram retornar à cena
independente – isso já deve estar em torno de uns 5 ou 6 anos – que os músicos vêm
realizando trabalhos mais elaborados e menos comerciais. Se você ainda tem na
sua cabeça, aquela imagem de banda teenager feita para tocar na MTV, sugiro dar
uma escutada nos álbuns lançados de 2011 para cá. De boa, é outra banda. Claro
que ninguém é obrigado a gostar de nada, mas a jogada é realmente outra. Vale
dar uma conferida para entender do que se trata.
Em A Sinfonia de Tudo Que Há, os garotos trazem de volta a orquestração
que haviam apresentado em Infinito
(para mim, seu melhor álbum). O único senão é que as musicas diminuíram um
pouco as guitarras e focaram um pouco mais nos teclados. Ok, é um diferencial,
mas perde um pouco de volume.
As influências de Muse e Queens
Of The Stone Age seguem firmes e fortes (não disse que a banda mudou?)
e podem ser conferidas de perto em faixas “Astênia” e “A Maldição”. A mais
pesada do álbum é, sem dúvidas “Axis Mundi”. Com guitarras distorcidas, o
Guerra sentando a mão e orquestrações cinematográficas, deve crescer bem nos
shows.
Esse álbum tem sido muito
comentado porque os rapazes conseguiram um dueto com o ícone da MPB, Caetano
Veloso, na faixa “Hoje Sou Trovão”. Antes que perguntem, Caetano não colaborou
na construção da letra. A faixa é uma parceria entre Lucas Silveira e Thiago
Guerra. Ou seja, o cantor e o baterista. Caetano apenas emprestou sua voz à
canção. O que, de boa, já é um grande feito. Goste ou não de seu trabalho,
trata-se de um ícone da musica brasileira e que está longe de ser um arroz de
festa. Portanto, aplausos para os rapazes. Agora, de boa, o trabalho vocal dele poderia ter sido melhor explorado. Achei que sua participação poderia ter sido um pouco maior.
“Deixa Queimar” destaca-se por
trazer uma introdução esperta que foge da lógica de começar lentamente e
explodir depois, fórmula bastante utilizada no disco. “Abrace Sua Sombra” traz
uma atmosfera meio Coldplay em sua introdução. A influencia MPB pode ser
percebida nos arranjos de violão dessa canção e também de “O Ar”.
A Sinfonia de Tudo Que Há, ainda que não seja seu melhor trabalho, é
um álbum bem resolvido, maduro, com letras bem elaboradas. Se para você, rock n
roll não se resume à guitarras sujas e vocais berrados, vale uma checada..
Nota: 7,5 / 10,0
Status: Bem elaborado
Faixas:
01)
Sexto Andar
02)
Deixa Queimar
03)
Hoje Sou Trovão
04)
Poeira Estelar
05)
O Ar
06)
Abrace Sua Sombra
07)
Astenia
08)
A Sinfonia De Tudo Que Há
09)
Axis Mundi
10)
A Maldição
11)
Canção Desastrada
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