Por Davi Pascale
Novo álbum dos Stones traz os
músicos de volta ao blues. O material agrada, mas não tem a mesma força dos
discos que fizeram no passado.
Não sou de ficar comparando, em
termos de qualidade, o que os músicos fazem hoje com o que fizeram no passado. Claro
que quando se trata de um ícone, minha expectativa é maior, por razões óbvias.
Mas procuro não ficar comparando aos trabalhos clássicos. Por uma simples
razão, todo mundo tem seu auge criativo. E também, tem alguns poucos artistas
onde os músicos já fizeram tanto pela cena, que não devem mais nada à ninguém.
O Rolling Stones certamente se enquadra nessa lógica, mas quando se trata de um
disco volta à raiz, é muito difícil nos desligarmos do que fizeram antes. A
comparação acaba sendo inevitável.
Para quem começou a ouvir musica
nos anos 80, talvez a lembrança mais antiga do grupo britânico seja a de Mick Jagger
fazendo suas dancinhas no clipe de “Start Me Up”. Entretanto, quem conhece a
carreira deles um pouco mais à fundo, sabe que começaram tocando canções de blues. Entre eles; Willie Dixon e Jimmy
Reed. Com o tempo, foram inserindo novos elementos no seu som, compondo mais,
até que se tornaram a eletrizante e inconfundível banda que conhecemos.
Blue & Lonesome é um resgate dos primeiros anos da trupe de
Jagger/Richards. Ou seja, é um álbum de blues. Contudo, o material não tem a
mesma força de seus primeiros LP´s. Várias gravações de seus primeiros discos
tornaram-se clássicos – como “I Just Want To Make Love To You” ou “Little Red Rooster” – e,
honestamente, não vejo nenhuma música desse trabalho tornando-se um clássico no
futuro. Obviamente, está muito bem gravado e muito bem executado, mas falta a
famosa faixa de destaque.
Para compor o repertório, mais
uma vez, recorreram aos seus heróis de infância. A maior parte vem de Little
Walter, Howlin´ Wolf e Willie Dixon. O álbum foi produzido por Don Was
(renomado produtor que já trabalhou com grandes nomes como Iggy Pop, Roy
Orbison e Ringo Starr), além da dupla Jagger/Richards. Para quem não sabe,
Glimmer Twins é um pseudônimo da dupla. Don já havia trabalhado com o grupo no
(ótimo) Voodoo Lounge. A sonoridade
é bem resolvida, mas apostaram em uma mixagem moderna. Os arranjos são old
school, a timbragem e produção, não.
Mick Jagger está cantando
incrivelmente bem. Charlie Watts entrega sua bateria típica. Simples, porém
rapidamente reconhecível. A dupla Keith Richards e Ron Wood continua funcionando
que é uma maravilha. O baixo ficou, mais uma vez, nas mãos do ultra-competente Darryl
Jones. Qualidade é o que não falta.
O que me frustrou um pouquinho
foi realmente o repertório escolhido. A escolha de canções não me empolgou. As minhas preferidas ficam por conta
de “Everybody Knows About My Good Thing”, “Ride´Em On Down” e “Just Like I
Treat You”. Essas são as que trouxeram um pouquinho da velha magia de
volta, mas ainda assim não me fazem querer ligar o aparelho no último volume,
saca? Em resumo, trabalho agradável, mas
esperava mais. Mesmo!
Nota: 7,5 /
10,0
Status: Bom
Faixas:
01) Just Your Fool
02) Commit a Crime
03) Blue And Lonesome
04) All Of Your Love
05) I Gotta Go
06) Everybody Knows About My Good Thing
07) Ride ´Em On Down
08) Hate To See You Go
09) Hoo Doo Blues
10) Little Rain
11) Just Like I Treat You
12) I Can´t Quit You Baby
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