Por Davi Pascale
Cantora do Kid Abelha demonstrava
versatilidade em seu debut solo. Em trabalho curto, a artista convence ao
transitar com eficiência entre o pop, o samba e o romântico.
Quando Paula lançou seu primeiro
álbum solo, sua ideia era de que o material fosse nada mais, nada menos, do que
um projeto paralelo. Na época, não tinha a intenção de construir uma carreira-solo.
Queria apenas registrar algumas canções que não cabiam nos discos do Kid. Era
uma curtição, uma satisfação pessoal. Tanto que não caiu na estrada para
promover o CD. A única promoção do álbum foi o videoclipe de “Derretendo
Satélites”, uma das duas faixas autorais do disco.
Em entrevista ao jornal carioca International Magazine, a artista
explicou na época que havia optado por não fazer um trabalho autoral. Topou
incluir duas musicas suas por insistência do produtor Guto Graça Mello, mas o
que queria mesmo era registrar canções que ouvia na sua infância, antes de
descobrir o rock. Na entrevista, Paulinha reconhecia seus limites vocais. “Às vezes,
você adora a música, mas a música não adora você. Não adianta eu cantar Janis
Joplin. Não tenho uma voz assim e não vou fazer bem”.
Embora seja muito atacada pelos
críticos musicais, sempre gostei dela enquanto cantora. Nunca foi além do seu
limite, nunca fez um trabalho esganiçado. E sempre gostei de sua voz. Singela,
delicada, gostosa de ouvir.
Encarte assinado |
Musicalmente, o disco transita por
diferentes direções. “Derretendo Satélites” e “Oito Anos”, as duas que compôs
para o CD são as mais pop, mas ainda assim bem distantes do trabalho de seu
grupo principal. Os arranjos não são tão animados, as letras são mais
introspectivas. Em “Derretendo Satélites” trazia um ar de erotismo, enquanto “Oito
Anos” era exatamente o oposto. Uma letra extremamente inocente que escreveu em
homenagem ao seu filho Gabriel.
Duas músicas do repertório
norte-americano pousam aqui. “Patience”, balada do grupo Guns n Roses, ganhou
uma pegada mais moderna, mais soturna, mas o grande momento mesmo é sua bela
interpretação de “Fly Me To The Moon”. Standard que ficou conhecido na voz de
Frank Sinatra e que ganhou uma linda interpretação de Paula Toller.
A bela abelha rainha voltava à
sua infância ao registrar canções de Dominguinhos, Assis Valente e Dona Ivonne
Lara. A loirinha brilha na alegre versão de “E O Mundo Não Se Acabou” e no
arranjo romântico de “1.800 Colinas”. Duas versões inspiradíssimas!!!
Paula Toller foi realizado de maneira descompromissada, descontraída
e, por isso mesmo, acabava funcionando incrivelmente bem. Era um trabalho
despretensioso, sutil, mas muito bem acabado. Vale uma checada...
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Eclético
Faixas:
01)
Derretendo Satélites
02)
Fly Me To The Moon
03)
Eu Só Quero Um Xodó
04)
Oito Anos
05)
Alguém Me Avisou
06)
1.800 Colinas
07)
E O Mundo Não Se Acabou
08)
Onde Está A Honestidade
09)
Patience
10)
Cantar
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