Por Davi Pascale
Texto publicado originalmente no site Consultoria do Rock
Esse é um dos artistas mais injustiçados que existe. Em 1990, Matthew e Gunnar Nelson, lançaram seu debut. Muito superior a muitos álbuns lançados nessa mesma época, os irmãos sofreram – e ainda sofrem – com preconceito por parte de público e crítica. Muito se fala a respeito deles e, ao mesmo tempo, nada se fala. As críticas e piadas são sempre em cima de seu visual. Os poucos que comentam sobre seu som, usam sempre a mesma expressão: farofa. Só que no decorrer da carreira, nunca repetiram a fórmula. E, por vezes, saíram da sonoridade hard rock. Isso deixa claro, ao menos para mim, que essas caras nunca ouviram um disco deles do início ao fim com a devida atenção.
Texto publicado originalmente no site Consultoria do Rock
Esse é um dos artistas mais injustiçados que existe. Em 1990, Matthew e Gunnar Nelson, lançaram seu debut. Muito superior a muitos álbuns lançados nessa mesma época, os irmãos sofreram – e ainda sofrem – com preconceito por parte de público e crítica. Muito se fala a respeito deles e, ao mesmo tempo, nada se fala. As críticas e piadas são sempre em cima de seu visual. Os poucos que comentam sobre seu som, usam sempre a mesma expressão: farofa. Só que no decorrer da carreira, nunca repetiram a fórmula. E, por vezes, saíram da sonoridade hard rock. Isso deixa claro, ao menos para mim, que essas caras nunca ouviram um disco deles do início ao fim com a devida atenção.
Nunca
dei muita bola para críticas, principalmente para críticos e
publicações que tendem a ser preconceituosas. Depois de um bom tempo
acompanhando a cena como leitor fica muito fácil distinguir quem são os jornalistas que fazem um trabalho sério. Depois que comecei a
trabalhar nessa área, firmei ainda mais minha opinião.
Aqui
no Brasil muitas pessoas começaram a ridicularizar o trabalho da dupla
sem ao menos terem escutado o disco. Aquela velha história: a imprensa
tem o poder de colocar alguém para cima ou destruir esse alguém. Uma
pena! Os rapazes trouxeram para seu trabalho tudo aquilo que aprenderam
com seu pai: arranjos de alta qualidade, preocupação com melodias e
ótima harmonia vocal. Para os desavisados, os garotos são filhos de
Ricky Nelson, figura lendária do rock.
O
disco que foi, e ainda é, desprezado no Brasil foi um marco no
exterior. O grupo foi capa de todas as principais revistas da época (de
People à Rolling Stone), emplacou 5 videoclipes na MTV (na época em que a
emissora possuía relevância), foi atração de programas como Saturday
Night Live e David Letterman, além de terem vendido mais de 6 milhões de
cópias. Ou seja, longe de ser uma mera piada.
Foto da banda completa |
Aqui
nesse disco, Nelson ainda era uma banda. Embora na capa aparecessem
apenas os irmãos, na contracapa aparecia todo o grupo. Assim como na
capa do VHS e no merchandising. Completavam o time:
Brett Garsed, Joey Cathcart, Paul Mirkovich (Whitesnake, Peter Gabriel) e
Bobby Rock (Vinnie Vincent Invasion, Hardline).
A
tônica do álbum não é o peso. E sim, melodia e harmonia vocal. Logo de
cara já percebemos isso em “(I Can´t Live Without Your) Love &
Affection”, faixa que abre o disco. As vozes dobradas mostram um cuidado
especial nas vocalizações. Marca registrada do disco e de bons artistas
pop. Ou alguém vai querer me convencer que Beatles, Beach Boys e Everly
Brothers não devem ser levados a sério?
“I Can´t Hardly Wait” vem na sequência e mantém o espírito alegre do disco com refrão marcante. Impossível ouvir a canção e não sair cantarolando por aí. A faixa-título diminui o andamento, mas não a alegria, e abre espaço para o megahit “Only Time Will Tell’. Único sucesso da dupla no Brasil!
“I Can´t Hardly Wait” vem na sequência e mantém o espírito alegre do disco com refrão marcante. Impossível ouvir a canção e não sair cantarolando por aí. A faixa-título diminui o andamento, mas não a alegria, e abre espaço para o megahit “Only Time Will Tell’. Único sucesso da dupla no Brasil!
“More
Than Ever”, “Desire” e “Fill You Up” são as que mais se encaixam ao
padrão hair metal, mesmo com as presenças marcantes de violões em duas
das canções citadas. “Everywhere I Go” é mais uma bonita balada que
poderia ter sido utilizada em qualquer trilha sonora da época. Não fica
nada a dever para as baladas de grupos como Firehouse e Winger. Aliás,
supera muitas escritas por esses conjuntos. “Bits And Pieces” e “Will
You Love Me” trazem de volta a sonoridade pop/rock com influencia de
hard apresentada no início do disco.
Os famosos irmãos Matthew e Gunnar Nelson |
Comprei
esse álbum quando foi lançado. Na ocasião, era apenas uma criança de 8
anos de idade começando a descobrir as bandas que estavam na mídia até
então. Já conhecia os grupos clássicos pela influência de meu pai e meu
irmão mais velho. Hoje, com 34 anos de idade, reescuto o disco e sinto a
mesma magia que senti na minha infância. Como dizem… O que é bom nunca
envelhece. Uma boa canção nunca perde a graça. Não sou uma pessoa
nostálgica e acompanho a cena atual, mas sinto falta da alegria e,
principalmente, de melodias vocais bem trabalhadas. Tenho escutado
discos fantásticos, mas não com essas características!
Para
quem tiver interesse em conhecer esse trabalho um pouco mais a fundo,
recomendo correr atrás de dois CD´s lançados pela dupla no final de
2010. Justamente para celebrar os 20 anos de seu lançamento. Intitulados
“Before The Rain” e “Perfect Storm”. O primeiro, como o nome indica,
traz o início de tudo. Ou seja, as demos que levaram à sua contratação
com a Warner e ao álbum homenageado. O segundo, traz o resultado que
isso trouxe aos rapazes. Ou seja, um concerto gravado no auge do sucesso
que ajuda a trazer um pouco de nostalgia para aqueles que curtiram o
movimento. Nelson chegava a levar até 60.000 espectadores em uma única
noite. Entre os números de abertura estavam alguns grandes nomes da
época: Tyketto, Cinderella, House of Lords e Lynch Mob.
Capa de Before The Rain e Perfect Storm |
No
encarte do CD ao vivo, a dupla diz que se arrepende de nunca terem filmado um
show daquela turnê e que aquele era o único registro que havia
sobrevivido desse período. Ou seja, para aqueles que são fãs, um
documento essencial. Ainda que a qualidade de gravação não seja
fantástica.
Resumindo.
É um disco pesado? Não! É um disco comercial? Sim! É um disco bobo?
Jamais! Nesse álbum de estreia, já demonstravam que tinham herdado o
talento de sua família e que possuíam grandes habilidades como
compositores pop (no melhor sentido da expressão), além de serem
cantores extremamente afinados. Vale a pena deixar o preconceito de lado
e reviver um pouco desse momento inocente e mágico!
Track list:
01. (Can´t Live Without Your) Love and Affection
02. I Can´t Hardly Wait
03. After The Rain
04. Tracy´s Song / Only Time Will Tell
05. More Than Ever
06. Desire
07. Fill You Up
08. Interlude / Everywhere I Go
09. Bits And Pieces
10. Will You Love Me
11. Too Many Dreams (Bonus Track – Edição Japão)
12. Keep One Heart (Bonus Track – Edição Japão)
01. (Can´t Live Without Your) Love and Affection
02. I Can´t Hardly Wait
03. After The Rain
04. Tracy´s Song / Only Time Will Tell
05. More Than Ever
06. Desire
07. Fill You Up
08. Interlude / Everywhere I Go
09. Bits And Pieces
10. Will You Love Me
11. Too Many Dreams (Bonus Track – Edição Japão)
12. Keep One Heart (Bonus Track – Edição Japão)
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