domingo, 24 de julho de 2016

Lobão – Teatro Paulo Machado (22/07/2016):



Por Davi Pascale
Fotos: Davi Pascale

Lobão esteve na ultima sexta em São Caetano para um espetáculo intimista. Apesar do publico abaixo do esperado, artista não deixou por menos e entregou uma apresentação forte e memorável.

Muitos têm torcido o nariz para o cantor Lobão por conta de suas posições políticas. Realmente, uma pena! Além de ser um ótimo músico, o rapaz é um compositor de mão cheia e tem uma atitude rock n´ roll que falta em mais de 90% dos artistas brasileiros. Mesmo nesse show voz/violão, mantêm sua irreverência.

O artista subiu ao palco com aproximadamente 10 minutos de atraso. Andou para seu canto, montado com um banquinho, um laptop, 3 violões e uma taça de vinho. Nem sequer cumprimentou a plateia e já teve início os inúmeros pedidos de músicas. Inquieto como sempre, não deixou barato. “Por favor, sem ejaculação precoce”, brincou, arrancando risadas da plateia. “Tenho certeza que não irei decepcioná-los”.

A noite começou sob o som de “Os Vulneráveis”, canção de seu novo álbum, O Rigor e a Misericórdia. Uma das faixas mais fortes do disco. Nela, já fica comprovada que o rapaz não perdeu o dom da composição. Se bem que isso não é nenhuma novidade para quem o acompanha de perto.

O início do show foi focado mais em seus trabalhos mais recentes. Vieram canções como “O Mistério”, “A vida É Doce”, “Vou Te Levar” e “A Esperança é a Praia de Um Outro Mar”. A apresentação teve um tom intimista. Entre uma musica e outra, o cantor contava histórias curiosas sobre as musicas que estavam sendo apresentadas. Explicando sobre o momento em que a criou, o que quis dizer nas letras, quem foram seus parceiros de composição.

Os depoimentos cobriam diversos períodos de sua vida. O publico gargalhava com as declarações sobre o período ao lado do saudoso Julio Barroso. Sobre, por exemplo, como nasceu o hit “Noite e Dia”. Não vou contar aqui para não estragar a surpresa de ninguém, mas a situação é simplesmente hilária.

Diversas vezes, o cantor já declarou que não morre de amores pelos discos que fez nos anos 80. Mesmo assim, nunca deixou de interpretar as canções desse período em seus shows. Aqui, não foi diferente. Trouxe vários clássicos da sua fase hitmaker: “Chorando No Campo”, “Decadence Avec Elegance”, “Essa Noite, Não”, “Por Tudo Que For”, “Me Chama”...

Sem medo de dar sua cara à tapa, comentou sutilmente sobre as polêmicas em torno do programa A Liga e da canção “Vida Louca Vida”, outro de seus grandes hits. “Essa música foi gravada pelo Cazuza, mas foi escrita por mim. Mas já apanhei tanto por conta disso que resolvi, simplesmente, doá-la ao Cazuza”. Ironizou, antes de interpretar o clássico. Durante o show, fez questão de comentar sobre o carinho que tem por pessoas como Julio Barroso, Ezequiel Neves, Cazuza, Lulu Santos, Marina Lima e Ritchie.

Apesar de seu combate político, foram poucos os momentos onde comentou sobre o governo. Para ser mais direto. Teve um pequeno improviso dentro de “Rádio Blá” e a execução de seu grande sucesso “Vida Bandida”, onde alterou o refrão trocando a palavra ‘vida’ pela palavra “Dilma”. Ataque mesmo, somente um, por conta de uma provocação da plateia.

A noite, que trouxe algumas surpresas, como uma versão de “Help” (Beatles), se encerrou com o clássico “Corações Psicodélicos”, após pouco mais de 90 minutos. O velho lobo demonstrou ser um bom violonista, demonstrou estar com a voz em dia e demonstrou não ter perdido a atitude. Antes de ir embora, o artista recebeu, pacientemente, seus fãs para fotos e autógrafos. Noite memorável!

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