Por Davi Pascale
Rodrigo Esteban chega ao seu
segundo álbum solo. Criado com apoio de seus fieis seguidores, álbum mantém
suas características e apresenta um punhado de belas canções.
É capaz que ele tome na cabeça por um tempo ainda.
Muitos sempre torceram o nariz para as bandas de rock brasileiras que invadiram
as FM´s no inicio dos anos 2000. A real é que houve muita confusão naquele
período. A crítica colocava no mesmo balaio grupos como Cine e Restart – que nada
mais eram do que uma versão moderna do Polegar – com grupos que faziam um rock
com apelo popular. Universos distintos, na real. Esteban fez parte de um desses
grupos que sofreram preconceito de público e crítica, os gaúchos do Fresno.
Nessa época, tocava com o nome de
Rodrigo Tavares. Em seu trabalho solo, assumiu o pseudônimo de Esteban.
Exatamente, é a mesma pessoa. Aos pouquinhos, vem consolidando sua trajetória,
ganhando respeito enquanto músico. Tornou-se um dos braços direito de Humberto
Gessinger (Engenheiros do Hawaii) e vem amadurecendo bastante enquanto
compositor.
Quem o acompanha desde os tempos
que se apresentava ao lado de Lucas Silveira, irá notar algumas referências de
seu ex-grupo. Nem tanto nos arranjos, mas em algumas linhas vocais. A faixa “Janeiro”,
por exemplo, se enfiar uma guitarra com uma distorção fica a cara de seu
ex-grupo. Também é fácil perceber suas influencias gauchas. São varias as canções
em que mistura o som do acordeon no meio do poprock praticado. Brincadeira
comum entre as bandas do sul – Nenhum de Nós, por exemplo, ama isso – e que
funcionou muito bem em seu trabalho.
Criado através do sistema do crowfunding, o disco apresenta uma pegada limpa, low-fi, melancólica, que nos leva direto à cena internacional. É possível notarmos
influencia direta de um de seus ídolos, a banda indie Copeland. Para quem não é
tão acostumado com a cena, é bem provável a comparação com grupos como Coldplay
já que as faixas são mais calmas e o piano é bem presente. Na estrutura de
letras, em alguns momentos me remete à outro competente artista da cena gaucha,
o cantor/compositor Duca Leindecker (Cidadão Quem).
Há alguns momentos de ousadia
como quando flerta o rock com o tango (“Tango Novo – Nada Impede da Onda Passar”),
quando busca inspiração no hard rock (“Me Sinto Humano”) ou quando resolve expressar seus sentimentos em espanhol (“Martes”).
Rodrigo foi responsável pela
gravação de todos os instrumentos e é responsável por todas as composições do
álbum. Alguns podem achar que é mais fácil fazer um álbum sozinho, mas
definitivamente, não é. Aliás, é comum a maioria dos artistas quebrarem a cara
quando tentam algo do tipo. O que, definitivamente, não é o caso aqui. Faixas
de destaque: “Pra Ser”, “Cigarros e Capitais”, “Martes”, “Me Sinto Humano” e “Maria”.
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Melancólico
Faixas:
01)
Janeiro
02)
Pra Ser
03)
Chacarera da Saudade
04)
Cigarros e Capitais
05)
Tango Novo (Nada Impede a Onda de Passar)
06)
As Terças Podem Se Inverter
07)
Martes
08)
O Que Não Vem
09)
Me Sinto Humano
10)
Se
11)
Carta aos Desinteressados
12)
Maria
13)
Chacarera 2
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