Por Davi Pascale
Vocalista lança seu primeiro
álbum solo. Disco traz pegada calma e próxima da country music. Trabalho
interessante, mas que deve dividir os fãs do Aerosmith.
Steven Tyler já havia lançado
alguns singles solo. O mais famoso, “It Feels So Good”, trazia o artista se
aventurando em uma linguagem mais pop, longe do hard rock que o tornou famoso. Essa
lógica se mantém aqui. Não temos aqui baixo pulsante, nem guitarras repletas de
distorção. Pelo contrário, é um trabalho mais calmo.
As guitarras distorcidas deram
espaço à arranjos semi-acústicos repleto de violões, guitarras havaianas e
bandolins. Para que conseguisse a sonoridade que tinha em mente, resolveu ir
direto à fonte. Gravou o material em Nashville, terra do country. Foi esperto
ao buscar ajuda de gente que tinha ligação nos dois universos: country e rock n
roll. T Bone Burnett já havia trabalhado na parceria de Robet Plant com Alisson
Krauss. Dann Huff já havia trabalhado com Whitesnake e Doro Pesch, mas também
com Kenny Rogers e Faith Hill. Isso colaborou para que não fizesse um álbum
caricato.
Quem é fã do grupo que o tornou famoso irá se identificar no
counry-rock “The Good, The Bad, The Ugly & Me”, em “Hold On (Won´t Let Go)”
– a única a trazer uma certa aproximação com o blues – e com a releitura de “Janie´s
Got a Gun” (Pump) onde o novo
arranjo deixou em maior evidência a pegada sombria em torno da letra da canção.
Gosto de quando o artista se
arrisca em um novo universo, ainda mais nesses trabalhos paralelos. O estilo
vocal de Tyler casa incrivelmente bem em faixas como “My Own Worst Enemy” e “Love
Is Your Name”. Aliás, vale dizer que seu trabalho vocal está ótimo. É claro,
precisamos levar em conta que se trata de um cantor de 68 anos de idade. Sendo
assim, não espere um cara com o alcance de “What It Takes” ou dando os agudos
de “Dream On”. Mesmo assim, sua performance transborda energia e emoção.
Vocalista do Aerosmith se aventura na country music |
O tracklist é longo. São 15 faixas no total. Há
erros e acertos. Entre os grandes momentos vale destacar “We´re All Somebody
From Somewhere”, “It Ain´t Easy”, “Only Heaven”, além das já citadas “Love Is
Your Name” e “The Good, The Bad, The Ugly & Me”. Outro momento muito bacana
é “Red, White & You”. Uma ótima faixa que poderia ter sido gravada
pelo Bon Jovi em algum de seus discos country. Calma, não precisa me xingar, gosto
da banda de New Jersey.
Há, contudo, alguns momentos
dispensáveis como “I Make My Own Sunshine” e “Sweet Lousiana”, com fortes influências
de pop nos arranjos, e a fraca balada “Gypsy Girl”. O álbum se encerra
com uma versão de “Piece of My Heart” que, honestamente, também deixaria de
fora. Ok, trabalho vocal está fantástico, mas o arranjo está longe de ter a força que tem a versão imortalizada na voz
de Janis Joplin.
We´re All Somebody From Somewhere é um trabalho muito bem feito que
se destaca por demonstrar um musico veterano se arriscando em um novo território,
mas como disse, é um trabalho longe do hard rock de arena que estamos acostumados.
É um álbum recomendado aos fãs de Steven Tyler e não aos fãs de Aerosmith. Por mais louca que essa conclusão
possa parecer...
Nota:
7,5/10,0
Status:
Ousado
Faixas:
01) My Own Worst Enemy
02) We´re All Somebody From Somewhere
03) Hold On (Won´t Let Go) ()
04) It Ain´t Easy
05) Love Is Your Name
06) I Make My Own Sunshine
07) Gypsy Girl
08) Somebody New
09) Only Heaven
10) The Good, The Bad, The Ugly & Me
11) Red, White & You
12) Sweet Louisiana
13) What Am I Doin´ Right?
14) Janie´s Got a Gun
15) Piece Of My Heart – The Loving Mary
Band