segunda-feira, 14 de março de 2016

Discografia Comentada: Trivium

Por Rafael Menegueti

Formação atual do Trivium
Uma das bandas com a trajetória mais interessante dentre os novos grandes nomes do metal americano é o Trivium. O quarteto de Orlando, Flórida, cresceu e se desenvolveu ao longo dos anos produzindo discos incrivelmente empolgantes e mostrando uma enorme evolução entre um trabalho e outro. A cada novo lançamento, crio mais admiração pelo trabalho de Matt Heafy (vocal e guitarra), Corey Beaulieu (guitarra e vocal de apoio) e Paolo Gregoletto (Baixo e backing vocals), que amadureceram em meio a cena e seus fãs.

A banda passou por algumas mudanças de formação, principalmente na bateria, mas basicamente, os três integrantes citados são os grandes responsáveis pela direção que a banda toma em sua sonoridade. Matt Heafy entrou pra banda ainda adolescente, após surpreender os outros integrantes durante seu teste. Curiosamente, Matt é o único da formação original que segue na banda, tendo virado rapidamente seu líder e principal compositor.

Ember To Inferno (2003)


Ainda muito jovens e sem muita experiência, os rapazes gravaram uma demo de sete músicas que chamou a atenção de uma gravadora alemã, a Lifeforce. Com isso, eles gravaram seu primeiro disco, que contava com Matt nos vocais e guitarra, além de Brent Young, no baixo (único disco dele com a banda), e Travis Smith na bateria. O guitarrista Corey Beaulieu entraria na banda apenas após a gravação. O resultado das gravações foi um disco sólido e agressivo. Uma banda com um metalcore cru e cheio de melodia. Ember To Inferno é simples, mas agradável. Tem o peso necessário e mostra uma banda incrivelmente promissora. Destaques: Requiem, Ember to Inferno, When All Light Dies.


Ascendancy (2005)


No seu segundo trabalho, a banda traz uma sonoridade ainda mais solta. Os gritos de Matt Heafy estão ainda mais agressivos, os solos de guitarra mais bem trabalhados e os riffs continuam bem pesados. Agora, o grupo debutava na gravadora Roadrunner, e com isso esse trabalho acabou ficando bem mais elaborado, o que garantiu a ascensão da banda (talvez até por isso o nome Ascendancy). Com uma forte influência thrash, a banda seguiria a partir dessa pegada nos trabalhos seguintes. Nesse disco estreiam em estúdio Paolo e Corey, marcando o inicio da formação mais popular da banda e da melhor química entre os integrantes. Destaques: Rain, Like Light to the Flies e A Gunshot to the Head of Trepidation.


The Crusade (2006)



A banda não perdeu tempo e um ano e meio depois lançou seu terceiro álbum. The Crusade mostra uma banda ainda mais entrosada e com um domínio maior de técnica. A maturidade das composições é bem mais perceptível e cada vez mais o grupo usa influências que variam do heavy metal clássico e thrash. Possivelmente esse seja um dos álbuns favoritos de muitos fãs da banda, e que garantiu um respeito ainda maior dentro da cena. Destaques: Anthem (We Are The Fire), Becoming The Dragon, The Rising, To The Rats.


Shogun (2009)



Chegamos a um momento de ápice na popularidade da banda. Shogun, o quarto álbum de estúdio é considerado pela maioria dos fãs o melhor trabalho do Trivium. As composições estão bem mais complexas e bem trabalhadas, com a banda investindo em uma sonoridade mais atmosférica e pesada. Era a combinação perfeita das influencias clássicas com um estilo novo e único que a banda possui. Apesar do sucesso, as coisas seguiriam mudando. Uma das primeiras coisas a mudar foi a formação da banda, com o baterista Travis Smith deixando o grupo. Destaques: Kirisute Gomen, Down From the Sky, Throes of Perdition e Shogun.


In Waves (2011)


Da complexidade de Shogun, a banda partiu pra algo mais direto e simplificado em In Waves. Com uma agressividade mais latente e apostando em riffs mais curtos, a banda seguiu tendo um som bem atual e empolgante. Mesmo assim, o disco acabou dividindo um pouco os fãs, que demoraram a entender a opção por simplificar nesse trabalho. O álbum, apesar disso, possui algumas das faixas mais cativantes da banda. Foi o primeiro disco a contar com o ex-técnico de bateria, Nick Augusto, na banda, substituindo Travis. Destaques: In Waves, Black, Built to Fall.


Vengeance Falls (2013)


Muito marcado por ter sido o álbum produzido por David Draiman, líder do Disturbed, Vengeance Falls acaba sofrendo com as comparações com a banda de David. De fato, a sonoridade que o produtor trouxe para o trabalho é bem perceptível, mas eu encaro esse álbum como uma das melhores apostas da banda. Dessa vez a banda trouxe mais equilíbrio entre o peso e a melodia, entre a sonoridade antiga e a nova proposta. O álbum é bem cativante, especialmente pelos bons refrães, e mostra um Trivium ainda mais moderno e elaborado. Vengeance Falls também é o ultimo álbum com Nick Augusto na banda. Destaques: Strife, Brave This Storm, No Way to Heal.


Silence In the Snow (2015)



O álbum mais recente da banda é também o que trouxe mais novidades. Algumas os fãs sentiram bastante, como a completa falta de vocais gritados no disco. E isso foi intencional. Matt Heafy deixou claro que estava disposto a fazer um trabalho vocal totalmente limpo dessa vez, e investiu em um estilo que unia mais o metal clássico com a proposta moderna da banda. Apesar das mudanças, toda a criatividade da banda para criar riffs, a boa sincronia das guitarras de Matt e Corey, a ótima pegada rítmica, fazem de Silence In The Snow o mais ambicioso e bem elaborado disco da banda. Um passo enorme na direção de se tornar uma das grandes referencias do metal de nossa geração. Unico álbum com Mat Madiro na bateria, que pouco após seu lançamento, foi substituido por Paul Wandtke. Destaques: Silence In The Snow, Blind Leading the Blind, Dead and Gone, Until the World Goes Cold.

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