Por
Rafael Menegueti
In This Moment - Black Widow |
Eu levei bastante tempo pra decidir se iria resenhar esse
disco do In This Moment. Isso porque eu demorei pra digerir o que a banda
lançou no final do ano passado. Pra ser sincero nem sei se ainda consegui, mas
vou transmitir aqui minhas impressões sobre o que eu captei desse novo trabalho
da banda de Los Angeles.
Quando eu comecei a acompanhar a banda, o que me chamou a
atenção foi a singularidade dela. Em seus três primeiros discos, o grupo
apresentava um metal alternativo pesado e empolgante, mas cru, sincero e
direto. Os vocais de Maria Brink iam de sussurros à gritos e tinham personalidade
própria. Mas de algum modo isso mudou.
Em “Blood”, seu quarto álbum de estúdio, a banda começou
a mudar um pouco a sua fórmula. As músicas faziam mais uso de sintetizadores,
melodias e letras mais sensualizadas e os shows começaram a ganhar adereços e
figurinos que se aproximavam de um shock rock mais sexualizado. Até foi
interessante no começo, mas depois ficou parecendo que Maria Brink e seus
companheiros eram a versão dark da Lady Gaga no metal. E, na minha opinião, se
a cantora pop já deixou de ser novidade e diferenciada pra se tornar algo
forçado e presunçoso, a banda californiana parece tomar o mesmo rumo no que diz
respeito a primeira característica citada (o In This Moment não se acha a
estrela mais brilhante do céu, pelo menos).
Os membros do In This Moment |
Ouvindo “Black Widow”, podemos perceber que o disco tem
potencial. Alguns riffs são muito bem elaborados. O problema é que eles ficam
rodeados por arranjos e trechos muito sintéticos. A temática das letras é interessante,
continuando com aquela linha mais pessoal, com ênfase em assuntos como
sexualidade e momentos conturbados vividos pela vocalista e compositora. Nesse sentido o
disco é excelente em conteúdo. Mas me incomoda ver uma banda boa abusar tanto
de efeitos e melodias que parecem forçadas e dramáticas. Nesse caso acho que
“menos é mais”, como dizem.
Algumas faixas começam interessantes, com introduções que
parecem que vão nos levar a algum lugar legal, mas logo elas se perdem. Casos
de “Sex Metal Barbie” e “Black Widow”, por exemplo. Outras tomam caminho
inverso, melhorando conforme vão se desenvolvendo, como “Dirty Pretty” e
“Natural Born Sinner”. Tem também as que parecem toda erradas, casos de “Bloody
Picture Poster Girl" e “Bones”. Mas também tem os acertos, como “Sexual Hallucination”,
“Sick Like Me”, "Big Bad Wolf", “Out of Hell” e a faixa bônus “Turn You”.
Esse é o tipo de disco que não recomendo a qualquer um.
Tem que entender primeiro a proposta da banda, depois o estilo e direção aonde
eles querem chegar (o estilo de vocal de Maria Brink, por exemplo, pode ser cansativo pra alguns). E muita gente não tem estomago. No meu caso, o disco,
apesar das falhas citadas, não chega a ser ruim. Não é bem o que eu esperava
da banda, mas não é um caso perdido. Quando eles perceberem que não precisam de
tanta enrolação e que tem capacidade pra fazer discos focando principalmente
nas suas melodias e riffs em lugar dessas parafernalhas e efeitos todos, o In
This Moment certamente voltará a ser uma das melhores bandas alternativas
dentro do metal. Mas se continuar forçando assim, logo vão perder a graça, o
que seria uma pena.
Nota: 6/10
Status: Confuso, mas interessante
Faixas:
01. The
Infection
02. Sex
Metal Barbie
03. Big
Bad Wolf
04.
Dirty Pretty
05.
Black Widow
06.
Sexual Hallucination
07. Sick
Like Me
08.
Bloody Creature Poster Girl
09. The
Fighter
10.
Bones
11.
Natural Born Sinner
12. Into
The Darkness
13. Out
Of Hell
14. Turn You (Bonus Track)
15. Rib Cage (Bonus Track)
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