por Rafael Menegueti
Na última
semana, o empresário de Daniel Johns anunciou oficialmente que o vocalista do
Silverchair está trabalhando em um disco solo. Isso pouco antes de ser lançada
uma faixa em colaboração ao rapper australiano 360, chamada “Impossible”. Na
verdade a ansiedade dos fãs da banda australiana é longa e justificável. Desde que
anunciaram a pausa por tempo indeterminado nos trabalhos da banda, pouca coisa
se soube sobre seus integrantes.
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Chris, Daniel e Ben, do Silverchair |
O baterista
Ben Gillies lançou um projeto solo, Bento, em um disco chamado “Diamond Days”,
que une influencias indies e folk em um rock bem diferente do feito pelo
Silverchair. O baixista Chris Joannou vem trabalhando como produtor e se
dedicando a projetos fora da música. Mas a grande duvida dos fãs fica por conta
de Johns. Muitos anseiam pelo retorno do vocalista a ativa, mas ele só havia se
dedicado a projetos menores, como trilhas sonoras e participações especiais. Nem
mesmo o bem sucedido projeto paralelo The Dissociatives, lançado em 2004, teve continuação.
Para compensar
a falta de novo material e de novidades sobre a banda, iremos analisar aqui os
trabalhos consagrados do trio de Newcastle, desde o longínquo “Frogstomp”, de
1995, até o tão inusitado “Young Modern” de 2007.
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O trio na época de Frogstomp |
Tomorrow
(EP) – 1994
O primeiro
lançamento da banda é um tanto quanto obscuro. Após vencerem um concurso de
bandas de uma radio local, os garotos da banda ganharam o direito de gravar um
EP. “Tomorrow” foi gravado em 94 e tinha quatro faixas. As versões iniciais de
Tomorrow, Acid Rain, Blind e Stoned eram simples e um tanto pesadas. Todas viriam
a ser regravadas mais tarde, mas apenas Tomorrow entraria no primeiro
full-lenght.
Frogstomp –
1995
O debut da
banda veio após meses de um crescente sucesso na cena australiana, a ponto de a
banda ganhar um contrato. O disco foi gravado em apenas nove dias, e mostra uma
banda que mais parecia querer tocar como seus ídolos do que inovar. Nada mais natural
em se tratando de três garotos de apenas 15 anos. Mas “Frogstomp” não é um
simples álbum de três garotos. Apesar das letras rasas e da tentativa de soar
como o Pearl Jam e o Nirvana, a banda conseguiu criar boas músicas e explodiu
com o sucesso de Tomorrow, o excelente riff de Israel’s Son e a porrada agitada
Pure Massacre.
Freak Show –
1997
Passado o
primeiro impacto do sucesso com “Frogstomp”, a banda lançou seu segundo disco. “Freak
Show” seguiu um caminho parecido de seu antecessor, mas tinha algumas diferenças.
As letras eram mais pessoais, haviam faixas mais elaboradas, com arranjos de
cordas e até uma citara em uma das canções. O carro chefe do álbum, Freak, era
uma música com um riff poderoso e letra pegajosa. Não chegou a repetir o
sucesso do primeiro álbum, mas serviu pra mostrar que eles não estavam ali para
brincadeiras. Ainda repetem muito o grunge, principalmente o Nirvana, mas já
começavam a mostrar uma identidade própria.
Neon
Ballroom – 1999
Após “Freak
Show” a banda começou a provar o outro lado do sucesso, mais especificamente o
vocalista e guitarrista Daniel Johns. A depressão e os problemas com
transtornos alimentares refletiram diretamente no novo trabalho do grupo, “Neon
Ballroom”. A banda definitivamente havia crescido. Já nos seus 20 anos, o grupo
começou a ganhar cara própria nesse disco. As canções compostas por Johns
refletiam os problemas que a jovem estrela australiana enfrentara. Mais bem
trabalhado e com influencias mais amplas, o disco tem arranjos de piano,
orquestrais, pitadas de punk, metal e rock alternativo. E fez muito sucesso com
as baladas Miss You Love e Ana’s Song (Open Fire).
Diorama –
2002
Após os
momentos conturbados, que resultaram no ótimo “Neon Ballroom”, veio uma
calmaria, que resultou em “Diorama”. Nesse disco eles investiram forte na
experimentação, e acabaram por lançar seu melhor trabalho. “Diorama” tem músicas
fortes, baladas envolventes, influencias entre o metal e o rock clássico. Jonhs
compôs letras inteligentes e canções extremamente competentes e radiofônicas. Nesse
disco ele também demonstra seu melhor desempenho como vocalista. Pode não ter
sido o sucesso comercial que mereceria ser, mas valeu pelo excelente registro
de uma banda bem mais madura como músicos e compositores.
Young
Modern – 2007
Após longos
cinco anos desde seu último lançamento, o Silverchair voltou à ativa. Naquele
meio tempo, Johns havia lançado um projeto unindo rock e música eletrônica, o
The Dissociatives, enquanto Ben Gillies havia tocado bateria no grupo
Tambalane, uma banda mais voltada ao folk/pop rock. “Young Modern” pode ser
considerado o trabalho mais ousado e diferenciado da banda. O disco investe
mais na sonoridade com influencias mais recentes, como o indie rock, e em
arranjos orquestrais e com sintetizadores e teclados. Muitos fãs estranharam,
mas o disco não chega a ser ruim. Pode ser um tanto insosso em alguns momentos,
como na fraca Reflections of A Sound, mas tinha boas faixas também, casos de Those
Thieving Birds, Mind Reader e Young Modern Station. E foi o único álbum que
superou as vendas de “Frogstomp”, inesquecivel e eterno “disco do sapinho”.